Capítulo 53 - O amor é cumprimento da lei

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NOTAS DA AUTORA:
Esse capítulo contém um conteúdo extremamente sensível e delicado, então leia com responsabilidade e cuidado.
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"Eu ainda estou no olho furacão. Pelo menos agora eu consegui aprender a resignificar e compreender quem sou, mas ainda não fui capaz de apagar as dores, desculpe-me". - capítulo dedicado a V.C.

11/10/2022 - 414 dias antes do assalto a Florence Joalheria

Dacre Montgomery

Eu havia ignorado as recomendações de Natalia, mesmo que ela tenha dito cerca de três ou quatro vezes que eu não deveria misturar álcool com analgésico. Whisky não era álcool para mim, era conforto, quase uma água termal.

Como todos os meus planos tinham ido à merda graças ao Hanhen na noite de sábado, eu tentava me confortar como podia. Inclusive, eu havia enviado uma mensagem a Ryan na noite passada, perguntando sobre como as coisas estavam a respeito do cretino, mas ainda aguardava resposta, o que obviamente me deixava inquieto.

Até pensei que ligar para a casa de Scott fosse uma boa opção para amenizar a espera e compensar o fato de que eu não poderia ir até lá ver Emilly,

Não era mais que dez da manhã quando cedi a mim mesmo e liguei, torcendo fervoroso para que Lily estivesse em casa; que tivesse tido um resfriado bobo ou dormido demais e faltado a aula, e assim, pudesse atender.

Pronto. — com certeza não era Lilly, já que a voz feminina do outro lado da linha parecia ser de alguém mais velha que uma garotinha de oito anos. — Alô. — a mulher insistiu, já que permaneci em silêncio.

Limpei a garganta; acho que valia a pena forjar alguma desculpa para saber sobre minha própria irmã.

— Bom dia. — falei, estranhando minha própria cordialidade. — Scott Montgomery se encontra? — minha voz falhou um pouco; nunca achei que perguntaria isso em toda minha vida.

Não, o Sr. Montgomery... — ela pausou. — Drace? — questionou, errando meu nome e inevitavelmente, reconheci quem era.

— Oi, Louise. — suspirei derrotado, agora já não tinha porquê continuar a conversa.

Quase não reconheci sua voz. — a mulher respondeu de prontidão. — C-como está? — gaguejou.

— Bem, vivo. — por enquanto; pensei.

Por onde esteve? Sabia que estávamos preocupados?! Seu pai precisava de você aqui. Sua mãe_ — cortei-a antes que continuasse com as palavras absurdas.

— Eu estive sempre aí. — ri nasalado. — A Emilly está? — ousei perguntar.

Não, ela foi à escola. Eu estou aqui só para_ — interrompi-a novamente.

— E ela está bem pelo menos? — respirei fundo, ansioso por sua resposta.

Está, ela está sim. Mas Drace, me escuta_

— Era só isso que eu queria saber, Louise. — eu intervi. Eu já sabia o mínimo, bastava. — Só diga a ela que estou com saudades e que... — pausei. — E que espero que ela fique bem. — não era bem isso que eu queria que dissesse a ela.

Recostei-me no sofá e encarei o teto, piscando algumas vezes para controlar a respiração.

Eu digo, mas você não está me escutado. — ela disse depressa. — Some como fumaça por anos e do nada, liga para cá, como se nada estivesse acontecendo. Achamos que tinha acontecido alguma coisa grave. — aconteceu; respondi mentalmente. — Você não veio no enterro da sua mãe e nem nos últimos três aniversários da sua irmã, desapareceu como um fugitivo.

Crime Culposo | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora