Capítulo 05 - Ideia de merda

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13/03/2022 - 23 dias antes do assalto a Conceptum Corporation

Dacre Montgomery

Graças a minha quietude, Megan permaneceu em silêncio no carro, sendo audível apenas o som baixo do rádio; o que não pareceu ser de tudo ruim, uma vez que a morena batia a mão no ritmo da música em sua coxa descoberta. Talking in your sleep; era essa música.

Eu pude sentir seus olhos pretos as vezes grudados em mim, mas não tive interesse em retribuir isso, pelo menos não naquele momento.

— Vamos no lugar de sempre? — perguntou, quebrando o silêncio. Apenas assenti, acelerando um pouco mais na rodovia quase deserta. — Eu gosto de lá. — sorriu levemente. — Me traz lembranças boas. — completou ao colocar sua mão sobre a minha perna. — Não te traz também? — olhou para mim novamente, subindo um pouco as mãos, no intuito de me provocar.

Essa foi a primeira vez que nossos olhares se cruzaram desde que entrou no carro. A garota fez questão de subir mais a mão esquerda e apertar minha virilha, fazendo-me respirar fundo e tampar meu leve sorriso malicioso com a mão livre, ainda com o braço apoiado na janela aberta. Obviamente, ela percebeu e seu sorriso só aumentou.

Megan não moveu a mão de mim durante o restante do percurso, fazendo-me querer chegar o quanto antes para não perder a vontade. Logo, quando ela viu as luzes do motel da beira de estrada, ajeitou-se no banco, pegando seus poucos pertences.

Estacionei e ela, literalmente, saltou de dentro do carro, indo em direção da pequena recepção. Minha atitude fora apenas descer e aguardá-la, escorado na porta do carro, como sempre e, consequentemente, acender mais um cigarro; que hábito desgraçado, mas era isso ou perder a cabeça.

Não tinham muitos quartos ocupados aparentemente, já que não havia um número considerável de carros estacionados ali. Ainda eram oito horas e por mais que fosse primavera, um vento um pouco gelado era o que predominava. Eu confesso que até tentei acalmar meus pensamentos, focando na garota ao longe, mas era impossível não voltar aos problemas.

Felizmente, ela não demorou mais que cinco minutos e voltou balançando as chaves com um sorriso largo nos lábios, o que me fez segui-la em direção ao quarto, apagando o cigarro ao pisar sobre ele. Ela acendeu as luzes dos abajures assim que entramos e se desfez da jaqueta, jogando-a sobre a cama de casal.

Ainda permanecemos em silêncio, enquanto eu tentei, fortemente, imaginar algo sexual com ela ao pregar meus olhos em seu corpo, mas parecia uma coisa difícil. Acabei por deixar minha carteira, celular e as chaves do carro sobre uma das mesinhas ao lado cama e sentei-me, como se magicamente tudo pudesse melhorar. Esfreguei as mãos pelo rosto e respirei fundo, eu precisava esvaziar minha mente urgentemente.

Senti o colchão afundar atrás de mim e essa foi a deixa para que eu, de fato, me desligasse de tudo. Megan ajoelhou-se na cama e passou seus braços envolta de meus ombros, começando a desabotoar alguns botões de minha camisa, que já estava um pouco aberta desde o bar.

— Você está tenso demais. — ela disse em um tom baixo, fazendo uma leve massagem em meus ombros. — Relaxe, Dacre. Deixa eu cuidar de você. — completou com a boca mais próxima ao meu ouvido dessa vez. Fechei meus olhos, mantendo minha atenção apenas nisso.

Ela deu alguns beijos em meu pescoço e isso fazia eu me lembrar um pouco da nossa última vez ali, o que consequentemente fez minha vontade de transar surgir novamente. Segurei firme em seu pulso, fazendo-a dar a volta na cama e ficar de frente a mim. Seus olhos estavam mais escuros que o normal, como se dissessem o quanto desejava aquilo, ainda mais com seu sorriso malicioso aparente; retribui-a com um olhar não muito diferente, mas não sincero.

Crime Culposo | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora