Capítulo 12

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Sáskia colocou a mochila em cima da cama ainda encarando a adaga nas suas mãos. Voltou alguns passos até a porta chegando a fechadura, quando ela abriu de súbito.

— Filha, já está...

Os olhos de sua mãe foram direto para a arma.

— Onde conseguiu isso?!

A tomou de suas mãos em um movimento.

— Foi sua tia?

— Se estamos indo pra um encontro entre Deuses, melhor não contar com a sorte.

— Sáskia...

Ela a tocou no ombro gentilmente e se sentou na cama a puxando para perto. Sáskia a seguiu e, cabisbaixa, ouviu o discurso pausado de sermão que tantas vezes já se acostumou.

— Não vamos matar eles. Vamos conversar com eles.

— Em Manaus, numa casinha cercada por floresta e com ninguém por perto! _ apontou. — A gente tem que ter uma precaução se tudo der errado!

— Sáskia, tudo que eles querem é ele. Prometeu vai estar lá, eu já falei com ele, ele acha que vamos... — Ela parou por um instante apertando os olhos. — Ele acha que vamos te atravessar pela Ygdrassil no plano dele maluco de recuperar as Armas Divinas. Ele não desconfia de nada.

— Tia Saga disse que as armas podem causar guerra entre os descendentes dos Caçadores. Entre os reinos. — Sáskia tomou a mão dela. — Você não pensa nisso nem um pouco, mãe? É o seu mundo.

— Mesmo que causasse, não podem ser usadas por ninguém, filha. A quantidade de Chama mataria qualquer um que tentasse. A essa hora, só devem ser objetos jogados ao lixo como inúteis. — Suspirou. — Não se preocupe com isso, tudo bem? Etéria não importa.

— Mas se a fenda tá se abrindo, os Deuses vão voltar e tudo que você fizeram ser em vão! A senhora não pensa nenhum pouco nis-

Helena cerrou os punhos, desviando o olhar.

— Sáskia, por favor. Agora não.

Ela se levantou, inspirando e expirando. Encarou por um segundo a adaga em mãos antes de voltar os olhos para Sáskia.

— Caso seja necessário. — disse ela, lhe entregando a pequena adaga. — E apenas se for necessário.

Sáskia sempre amou o pequeno sítio de tia Saga, como gostava de chamar aquele pedacinho de terra que mais parecia uma roça mal cuidada. Ainda assim, ao chegar lá não pôde evitar de saltar no rio Amazonas se banhando entre o pequenos cais.

Se secou e chamou tia e a mãe para irem até a gigante mangueira catar mangas, habilidade a qual Helena era proficiente.

— Toma!

Ela atirou duas bem maduras do topo, que caíram ao chão atraindo a atenção do velho Beto. O vira-lata caramelo latiu e abocanhou uma saindo correndo para a tristeza de Sáskia que já botava atrás dele.

— Volta aqui, seu cachorro ladrão!

A pequena adaga escondida na cintura atrapalhava a corrida, a deixando lenta. Que Beto fique com a manga então.

A noite chegou e com ela o bom peixe assado direto do rio que tia Saga, e só ela, sabia fazer. As três se juntaram ao lado da fogueira improvisada próxima a pequena casinha enquanto tia temperava as piranhas com várias plantas.

— O tempero secreto da sua tia... — disse Helena dando uma abocanhada no peixe no espeto. — Não passa de uma receita super comum dos Falco de Poleiro da Harpia. E fui eu que ensinei pra ela, porque a bichinha mal consegue se lembrar!

Sáskia e os Caçadores de Deuses Onde histórias criam vida. Descubra agora