Era como ver um ciborgue dando de beber, mas Sáskia esperava que fosse menos sutil, mais robótico. Solandis levou a poção aos lábios de Asta, acariciando os cabelos azuis dela com a mão não biônica.
A garota abriu os olhos lentamente e se recostou na parede, ofegante.
— Andis?
— Calma, não levanta. Você ficou sem Eternano.
Ele levou as mãos ao bolso pegando uma bolinha azul e levando a boca, engolindo-a. O braço metálico tremeu um pouco quando ele se levantou, se voltando para uma Sáskia de braços cruzados que o fitou de volta.
— Você deve ser a...
— Ela é a Guardiã — começou Asta. — Foi ela que-
— Ela tava com eles e tudo o mais, Andis! — exclamou Aris. — Os dois deuses e a marca!
— Não é bem o encontro com você que eu esperava, Solandis. Tava envolvido com essa mági, aí?
— Eu tenho nome!
— Podíamos ter morrido por sua causa. — Sáskia mostrou o rosto vermelho. — Tomei um soco no seu lugar, não tá vendo?
Zillah levantou os braços em desdém.
— Queria que eu apanhasse por me defender, era isso?
— Amor, por favor...
Um silêncio constrangedor caiu entre os cinco até ser quebrado por uma risada abafada de Sáskia.
— “Amor”.
— Você tem namorada?! — berrou Asta.
— Andis, você não tava com aquela ferreira?
— Ferreira?! — disse Zillah, se voltando para o feérico. — Que história é essa Solandis?!
Sáskia só pôde rir da cara de pastel do príncipe tentando conter a discussão como um cordeiro jogado aos leões. Sua diversão acabou assim que ele se desvencilhou do agarre nada amoroso de Zillah e veio na sua direção, mais sério do que esperava.
— Você é mesmo ela? Sáskia?
Um baque veio de cima deles, e um rosto velho de uma senhora surgiu de uma das janelas.
— Seus moleques! Que barulheira é essa?! — gritou, bradando uma bengala. — Príncipe Solandis?
Solandis cobriu-se com o capuz e o sobretudo, saindo do beco, murmurando:
— Vamos, aqui não é lugar pra conversar.
— O palco do Casos de Família é mais adequado mesmo.
Talvez por medo de caguetar a identidade do príncipe ou apenas por já estar sem garganta para discutir, mas Zillah permaneceu calada durante todo trajeto até o Templo dos Oito. O ombro de Sáskia já estava bem agradecido por Asta estar de pé, e a curiosidade da sem raça também.
Parou diante da grande estátua que se erguia do templo. Uma mulher de longos cabelos negros e semblante confiante permanecia no centro dos oito, de mãos na cintura, erguendo uma espada ao céu. Era linda, majestosa, quase...
— Sáskia. — O chamado de Asta às suas costas a despertou do transe. — Ah, ela...é a senhora Olímpia.
Ao lado dela, Atalanta mirava com seu arco, do outro, um rapaz de cabelos loiro e face fina erguia uma espada em formato de relâmpago. Eram oito ao todo. Rostos tão familiares, mas tão esquecidos na névoa que eram as memórias de Atalanta.
— Uma louvadora da falsa Divindade? — Perguntou Zillah, chegando ao seu lado. — Nem é humana e tá pagando pau pra essa aí?
— Você não devia tá mais preocupada com a sua própria pele? Ou com sua barraca ferrada?
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Sáskia e os Caçadores de Deuses
Viễn tưởngSáskia seria uma garota de dezesseis anos comum se não fosse pelos seus olhos de águia, dentes de tubarão e orelhas pontudas. Helena, sua mãe e uma fanática por mitologia, dizia usar a aparência da filha como inspiração para as raças do seu mais nov...