Capítulo 58

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Talvez fossem apenas os primeiros raios da manhã, ou o local privilegiado do topo da colina, mas a Fenda parecia brilhar mais. Sáskia afivelou o cinto, sentindo ele se fechar ao redor da sua cintura junto a leve cota de malha. Voltou os olhos para Ícaro que calmamente repousava a cabeça na grama, talvez tão curioso quanto ela ao observar Gaela usar o feitiço.

Lyra foi a primeira, seguida de Manjá e Andis. Todos de cabelos vermelhos e orelhas pontudas, elfos à primeira vista. Sáskia se aproximou e se abaixou em frente a menina sentindo os cabelos esquentarem. Quando tomou eles em mãos estavam vermelhos como os de tia Saga.

— Como estão os olhos? — perguntou.

— Nenhum resquício do sangue animália. — respondeu Gaela.

Se levantou. Gaela se juntou aos três ao lado da caixa. Asta cruzava os braços tentando conter um já empolgado Aris de tentar tingir os cabelos também. Kaerhoen acariciava a Harpia gigante calmamente, antes de dizer:

— Tem certeza que pode voar nele, mocinha?

— Não deve ser tão difícil, não é? —Asta estalou a língua. — Sáskia faz o tempo todo.

Ele cerrou o cenho.

— Acho que a menina Sáskia devia trocar de lugar com você então.

— Sáskia não pode. — Gaela se precipitou caminhando até a caixa. — Ela precisa estar lá pra pegar a lança de Miguel.

De dentro da caixa a menina tomou um grande lençol vermelho, arrancando uma inquietação de Kaerhoen. Caminhou até Ícaro e o jogou com os bracinhos por cima das costas dele, cobrindo a sela e as rédeas.

— Isso é apenas para emergências, Gaela. — disse o anão.

— Posso acalmar ele com minha magia. Além disso, mãe já passou mais de anos em Poleiro.

— Você já voou em uma Harpia gigante antes? — perguntou Lyra.

— Era um filhote de poucos meses, mas sim.

Andis xingou baixinho, levando as mãos à cabeça.

— Que droga de plano.

— Ela consegue — disse Sáskia se abaixando na altura dos olhos de Gaela. — Não consegue?

A face pálida dela já mostrava vestígios de uma leve cura, já não tão marcada pela palma.

— Consigo, sim.

— É assim que se fala.

Sáskia passou os dedos pela cintura, se certificando de que o sinalizador não tinha dado uma volta por aí. Abraçou cada um deles, um por um, chegando até Kaerhoen e tomando as quatro insígnias de suas mãos.

À luz da manhã, as pequenas espadinhas de ouro refletiam como espelhos. Entregou a Andis, Manjá e Lyra que as pregaram embaixo da cota de malha, entre ela e a armadura.

— É agora, pessoal. — disse. — Se algo der errado...

— Não vai dar. — Manjá proferiu, mostrando o anel que crescia num vermelho vivo. — Não vai.

Sáskia caminhou até ela e pôs a mão sobre seu ombro direito, a puxando para mais perto, encarando seus olhos aquáticos.

— Tirem tia Saga de lá. Apenas isso, nada mais.

— Eu sei. Eu sei...

— Bom, bom. — Sáskia um longo suspiro. Tinha que segurar o nervosismo na frente deles. — Vamos, então.

Já desciam pela colina quando Aris se abraçou a Andis.

— Que que foi, amigão?

— Cuidado lá!

Sáskia e os Caçadores de Deuses Onde histórias criam vida. Descubra agora