Capítulo 37

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— “Quando homens e elfos no campo de batalha lutarem, quando nações e povos se desesperarem”.

Sáskia ouvia cada palavra atentamente, agradecida por ter onde sentar, não tirando os olhos da menina de cabelos azuis à sua frente.

— “A Guardiã retornará, a nenhuma das sete raças pertencerá — continuou. — No centro do mundo estará, ao lado do par de imortais a encontrará”

Saga estalou a língua, rindo. Sáskia já quase seguia ela em um sorriso torto, tentando conter uma perna que teimava em tremer. Ela o chão por um curto momento, absorvendo o silêncio da sala, mergulhando no próprio turbilhão de pensamentos.

— Minha mãe escreveu isso? A minha mãe? — perguntou, erguendo os olhos para Solasta.

Ela gaguejou, e quando já tinha as palavras nos lábios, Prometeu a cortou:

— Isso é impossível.

— Como você não sabia? — Sáskia se ergueu. — Dos Guardiões, dessa ordem, dessa profecia?! Por que não me contou nada?

— Porque não tinha profecia! — exclamou. — Os Guardiões da Chama eram só aspirantes a Caçadores, uma divisão do nosso exército que após a guerra decidiu servir a grande e nobre Olímpia. Não havia indícios de que em dois séculos fossem se transformar num culto à Chama.

Solasta soltou um suspiro inquietador.

— Espera, você estava lá — disse ela. — Você, é o Prometeu, não é?

Ele levou as mãos à cabeça, dando as costas a Sáskia e encarando Solasta.

— Não tenho as respostas que você quer, criança.

— Quem quer respostas sou eu! — berrou Sáskia, apontando para o livro. — Você sabe de algo sobre isso!  Sobre essa profecia!

— Juro pela alma da sua mãe que não faço ideia de que esse livro existia até agora, garota.

Solasta começou a respirar mais rápido, mais alto. Já suava quando o seu irmão foi até ela, abraçando a sua cintura.

— São vocês! São realmente vocês...

Solaris a tomou pela mão, arrastando a irmã pela sala. Ela já tinha a outra mão no peito, sentindo ele subir e descer conforme a respiração acelerava. Sáskia observou calada, mas já não podia deixar ela ir embora. Devia as respostas que ela tanto queria.

— Ei, espera aí.

Saga a tomou pelo ombro quando já avançava sobre os irmãos.

— Deixa ela ir, Sasá.

Esperaram mais tempo do que era o razoável. Sáskia tentou se entreter com a comida, a ler algum livro, até a passear pelo grande mansão. Meia-hora depois o pivete elfo voltou pelas escadas, cabisbaixo.

— Ela tá dormindo.

— Ela não pode dormir agora! Ela tem que falar com a gen-

Solaris afiou o olhar. Ele caminhou até ela e deu um empurrão, não tão forte, mas que fez Sáskia se chocar contra a parede.

— Você não entende. Você é burra! — gritou. — A Asta viveu a vida inteira atrás de você, deixou a vida boa dela no palácio pra morar nessas vielas e tudo que ela pede é um pouco de paciência!

— Paciência?! Acabo de descobrir que meu nome tá numa profecia de duzentos anos atrás escrita pela minha mãe morta e você me pede paciência?!

Outro empurrão, esse mais fraco, quase como um “já basta”.

Sáskia e os Caçadores de Deuses Onde histórias criam vida. Descubra agora