— “Quando homens e elfos no campo de batalha lutarem, quando nações e povos se desesperarem”.
Sáskia ouvia cada palavra atentamente, agradecida por ter onde sentar, não tirando os olhos da menina de cabelos azuis à sua frente.
— “A Guardiã retornará, a nenhuma das sete raças pertencerá — continuou. — No centro do mundo estará, ao lado do par de imortais a encontrará”
Saga estalou a língua, rindo. Sáskia já quase seguia ela em um sorriso torto, tentando conter uma perna que teimava em tremer. Ela o chão por um curto momento, absorvendo o silêncio da sala, mergulhando no próprio turbilhão de pensamentos.
— Minha mãe escreveu isso? A minha mãe? — perguntou, erguendo os olhos para Solasta.
Ela gaguejou, e quando já tinha as palavras nos lábios, Prometeu a cortou:
— Isso é impossível.
— Como você não sabia? — Sáskia se ergueu. — Dos Guardiões, dessa ordem, dessa profecia?! Por que não me contou nada?
— Porque não tinha profecia! — exclamou. — Os Guardiões da Chama eram só aspirantes a Caçadores, uma divisão do nosso exército que após a guerra decidiu servir a grande e nobre Olímpia. Não havia indícios de que em dois séculos fossem se transformar num culto à Chama.
Solasta soltou um suspiro inquietador.
— Espera, você estava lá — disse ela. — Você, é o Prometeu, não é?
Ele levou as mãos à cabeça, dando as costas a Sáskia e encarando Solasta.
— Não tenho as respostas que você quer, criança.
— Quem quer respostas sou eu! — berrou Sáskia, apontando para o livro. — Você sabe de algo sobre isso! Sobre essa profecia!
— Juro pela alma da sua mãe que não faço ideia de que esse livro existia até agora, garota.
Solasta começou a respirar mais rápido, mais alto. Já suava quando o seu irmão foi até ela, abraçando a sua cintura.
— São vocês! São realmente vocês...
Solaris a tomou pela mão, arrastando a irmã pela sala. Ela já tinha a outra mão no peito, sentindo ele subir e descer conforme a respiração acelerava. Sáskia observou calada, mas já não podia deixar ela ir embora. Devia as respostas que ela tanto queria.
— Ei, espera aí.
Saga a tomou pelo ombro quando já avançava sobre os irmãos.
— Deixa ela ir, Sasá.
Esperaram mais tempo do que era o razoável. Sáskia tentou se entreter com a comida, a ler algum livro, até a passear pelo grande mansão. Meia-hora depois o pivete elfo voltou pelas escadas, cabisbaixo.
— Ela tá dormindo.
— Ela não pode dormir agora! Ela tem que falar com a gen-
Solaris afiou o olhar. Ele caminhou até ela e deu um empurrão, não tão forte, mas que fez Sáskia se chocar contra a parede.
— Você não entende. Você é burra! — gritou. — A Asta viveu a vida inteira atrás de você, deixou a vida boa dela no palácio pra morar nessas vielas e tudo que ela pede é um pouco de paciência!
— Paciência?! Acabo de descobrir que meu nome tá numa profecia de duzentos anos atrás escrita pela minha mãe morta e você me pede paciência?!
Outro empurrão, esse mais fraco, quase como um “já basta”.
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Sáskia e os Caçadores de Deuses
FantasíaSáskia seria uma garota de dezesseis anos comum se não fosse pelos seus olhos de águia, dentes de tubarão e orelhas pontudas. Helena, sua mãe e uma fanática por mitologia, dizia usar a aparência da filha como inspiração para as raças do seu mais nov...