Capítulo 49

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Sáskia parou de brincar com o anel entre os dedos, observando ao longe a silhueta que se aproximava, tomada pelas sombras da floresta.

Andis e Asta continuavam discutindo enquanto o príncipe fazia a barba com uma adaga nada afiada. Eles foram os primeiros a correrem para a pequena elevação e se juntarem à Sáskia quando ela deu o sinal.

Manjá já berrava, ainda colocando as roupas:

— EI! Cadê ela?!

— Abaixa essa voz, sua idiota! Não sabemos se é tia Sag-

O grito de retorno da tia a deixou parecendo uma boba. Saga chegou de mãos vazias, sem informante ou qualquer outra pessoa ao seu lado, balançando a cabeça em negação.

— Ela não veio?! Cadê ela?! — protestou um cansado Aris aos bocejos. — Tô cansado de dormir no mato...

— Notícia boa pela manhã é melhor que comida, menino. — comentou — Diga, Senhora Saga.

Tia Saga pouco desenvolveu sobre a história mirabolante do barão, dos guardas infestando as ruas ou da estranha exigência do suposto amigo da informante.

— Ele foi claro. O barão foi disse que só devem ir um por um. Aqui não é casa da mãe Joana!

— Barão? — Andis apontou, tirando a lâmina do queixo molhado. — Tá brincando? É uma mulher mági  e uma menina. Não tem essa de bar-

— Longa história, rapaz. Longa história. Agora...

Saga acenou para Sáskia.

— Vamos, ele quer te ver com os próprio olhos.

— Pera aí, e a gente? — Killian protestou. — A gente não...

— Quem vai ter mais trabalho aqui vou ser eu indo buscar um por um, e você reclama?! Pelo amor do Supremo!

Sáskia soltou um sorriso amarelo para ele e seguiu com sua tia, mas um grito às suas costas a fez parar.

— Ei! Meu anel!

— Foi mal!

Sáskia o tirou do dedo passando os olhos pelo vermelho já pálido. Engoliu em seco e o arremessou na direção de Manjá que o pegou em um movimento.

Suando frio, deu as costas para ela e continuou na caminhada ao lado de tia Saga rezando para estar longe o bastante para não ter que lidar com aquilo.

Seguiram pelos campos e pela estrada de terra batida, passando por camponeses sorridentes e amigáveis que acenaram para as duas. Talvez por não verem os cabelos brancos por trás do capuz de Sáskia, talvez pela inconveniente tentação de tia Saga de saudar todo mundo como um prefeito em época de eleição.

As ruas de pedra branca eram cobertas por carroças e pessoas passando para lá e para cá. Entravam e saiam de casas da mesma pedra onde mulheres penduravam roupas nas varandas e acenavam para vendedores pararem às suas portas. Sáskia passou os olhos por cada rosto, vendo apenas cabelos vermelhos e orelhas pontudas.

Trocou um olhar rápido com um homem de cota de malha e espada à mostra quando passaram por um mercado, mas para sua sorte ele estava ocupado demais trocando flertes com a vendedora para ligar pra uma sem raça perdida.

— Onde é esse lugar, tia? — perguntou ela. — A gente tem que sair da rua logo.

Ela acenou com a cabeça para uma grande casa de dois andares ao lado de um templo. Uma moça elfa ordenava algo para duas outras meninas. A de olhos de harpia segurava um balde tremendo, enquanto a outra humana de pele morena discutia com a mulher.

Sáskia e os Caçadores de Deuses Onde histórias criam vida. Descubra agora