Estou encarando o teto do que era para ser o meu quarto há algumas horas.
O silêncio toma conta do ambiente e eu me sinto sufocada, não sei se entendo o porquê. Puxo a coberta até o queixo quando fecho os olhos, deixando uma respiração profunda escapar de minha boca.
Escuto batidas lá fora, na porta, mas não faço menção alguma em me levantar. Esse é um desses dias... Aqueles dias em que tudo o que você deseja se resume a ficar debaixo das cobertas, deitada enquanto tenta se manter sã o bastante pra não fazer alguma merda.
Muito se fala sobre os males da vida adulta, mas pouco se comenta sobre como é torturante ser um adolescente.
Entender conflitos com seu corpo, hormônios à flor da pele, tantos sentimentos confusos e impossíveis de serem decifrados... Quando se é adolescente, sentimos muito. Tudo é mais intenso, portanto, doloroso.
- Meu amor, você está acordada? - a voz de minha mãe preenche o silêncio do quarto. Tiro a coberta do rosto, virando a tempo de vê-la colocar a cabeça para dentro do cômodo. - Tudo bem? Você não desceu para tomar café.
- Sem fome. - suspiro. - O que foi?
- Está tudo bem? - pergunta de novo.
Paro para pensar um pouco e... Caralho, nada está bem! Por quê ela acha que as coisas vão se resolver assim? Fugindo? Por quê? Por quê os adultos são covardes a esse ponto? Por quê?
- Você não está com febre. - observa quando leva a palma em minha testa para sentir minha temperatura. Minha mãe se senta ao meu lado na cama, acariciando minha mão por baixo do edredom. - O que está acontecendo, meu amor?
- Nada. - respondo. - Só quero ficar um pouco sozinha. - aperto os olhos.
Minha mãe aperta os lábios.
- Posso fazer algo para melhorar sua situação? - ela passa a mão em meus cabelos.
Voltar para a nossa casa.
- Estou bem, mãe.
Ela assente.
- Eu sei que você quer ficar sozinha, mas Will me pediu para chamá-la. - a mera menção no nome desse homem me faz fechar a cara instantaneamente. Minha mãe percebe, mas ignora. - Ele quer conversar com você sobre algo.
- Não vai dar, não. - puxo o edredom até o rosto. - Estou dormindo.
Minha mãe solta uma risadinha baixa, retirando o tecido que me escondia.
- Filha, é importante. - ela insiste, me fazendo bufar.
- Mãe, como você não consegue ver que esse cara é um pé no saco? Se quer brincar de família feliz, faça isso com Damian e Spencer. Eu já deixei bem claro que esse banana-
- Mais respeito, Soojin! Por quê está agindo dessa maneira? Sinceramente, você já foi mais compreensiva. Não percebe as coisas que Will tenta fazer para agradá-la?
- Eu nunca pedi nada disso.
- Eu sei, amor. Mas ele realmente gosta de fazer e quer que esse sentimento seja recíproco.
- Uma peninha pra ele. - forço um sorriso pra ela, que nega com a cabeça.
- Will está tentando, Soojin. Todos nós estamos. Não é facil para ninguém aqui. Por quê você não faz uma força para colaborar? Eu te peço, meu amor. Faça isso. Não por mim ou por Will, mas por você.
- Mãe, pelo amor de-
- Família é o lugar onde as mentes entram em contato entre si. Se essas mentes amam umas as outras, o lar será tão bonito quanto um jardim florido. Mas se essas mentes entrarem em desarmonia umas com as outras, será como uma tempestade que destrói o jardim.
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CODINOME BEIJA-FLOR
Teen FictionShuhua é a filha renegada do magnata francês Pierre Bastien e seu sobrenome é tão importante quanto os negócios da família, que consiste na empresa de tabacos mais famosa de toda França. Financeiramente, ela não precisa de nada. Mas isso não parece...