Li em algum lugar que o amor, às vezes, é tão forte e intenso, que tem a capacidade de alimentar uma força ou fraqueza em você.
Acho que concordo, em partes. Eu quero dizer, aquele ditado de que as pessoas ficam cegas quando estão apaixonadas não é meio que verdade mesmo? Quando você está apaixonado por alguém, você tenta de tudo para encobrir as falhas, as partes feias e finge não enxergar o óbvio. Ou você enxerga e apenas não quer dar o braço a torcer mesmo.
Com o amor não é muito diferente.
Quando você ama alguém, entretanto, você sabe das falhas da outra pessoa. Você enxerga as partes feias e é consciencioso sobre todo tipo de coisa. Mas, diferente de quando você está apaixonado, você não tenta cobrir tudo aquilo, entende?
Quando você ama alguém, você não se importa com as partes feias. E tudo o que você mais quer, é amá-lo de qualquer jeito. Mas o que será que acontece quando o amor não é o suficiente? Nesses casos, não há uma opção.
O amor te torna forte, porquê faz você querer ultrapassar barreiras, quebrar obstáculos e fazer das coisas que nunca imaginou em fazer, tudo em nome daquele alguém. E o amor te torna fraco, porquê você simplesmente deixa de pensar como um indivíduo, e passa a sentir como o outro.
Não é muito saudável deixar sua vida para viver a do outro, mas algumas pessoas não sabem sobre isso ainda. Ou sim, elas sabem, só não querem se libertar.
As vezes eu me pergunto se minha mãe, em algum momento da vida dela, amou mesmo meu pai. Eles se casaram e me tiveram, o que, na teoria, deveria ter sido fruto de um amor. Mas, puxa, eu não acredito nessas coisas. Pelo menos não mais.
Eu sempre soube que meu pai era apaixonado por minha mãe, que eventualmente se transformou numa espécie de amor obsessivo. Ele não queria que ela tivesse o mundo. Ele queria ser o mundo da minha mãe. Já ela, não queria ficar presa a alguém que somente trazia dor de cabeça e dificuldades para respirar.
Minha mãe nunca amou meu pai, porque ela nem mesmo olhou para trás quando fugiu. Ela não deu explicações para ele, embora devesse. Ao invés disso, ela foi até mim.
Eu não entendia muito bem na época, porque era uma criança ainda. Mas, na noite em que minha mãe fugiu com o melhor amigo do meu pai, ela passou em meu quarto, queria se despedir e deu azar de me encontrar acordada. Quando perguntei o que estava acontecendo, ela sorriu, beijou a minha testa e pediu desculpas. Eu estava tão confusa e assustada por vê-la chorar, que não reagi. Daí, quando tive a coragem de perguntar porque ela estava se desculpando, minha mãe disse algo que eu nunca vou esquecer.
Me desculpa por ir atrás da minha felicidade.
Então ela se foi. Sem olhar para trás. É, ela não olhou para trás. E, embora eu devesse guardar ressentimentos, eu não o faço. Acho que entendo ela agora. Meu pai nunca foi a felicidade de mamãe. Tão pouco eu, por mais que isso machuque. Então foi melhor assim, de qualquer jeito.
Meu pai nunca foi capaz de me amar, e sei que algumas pessoas diziam que era tudo culpa da minha mãe, mas essa não é a verdade. Papai nunca me amou porquê ele não quis. Você não escolhe por quem se apaixona, mas escolhe amar. E ele nunca me amou. Portanto, não, eu não culpo e nunca culpei minha mãe. Eu não sei se em algum momento ela me amou também, mas acho que tinha carinho por mim.
No final de tudo, eu fui só uma espécie de contra tempo para os dois.
Yuqi não voltou para nosso quarto porque ela soube que eu cuidaria de Minju e ela não gosta muito da minha amiga. Por isso, eu pensei que seríamos só Minju e eu, mas quando acabei de colocá-la na cama após um banho gelado, alguém bateu na porta.
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CODINOME BEIJA-FLOR
Teen FictionShuhua é a filha renegada do magnata francês Pierre Bastien e seu sobrenome é tão importante quanto os negócios da família, que consiste na empresa de tabacos mais famosa de toda França. Financeiramente, ela não precisa de nada. Mas isso não parece...