Aquele em que Shuhua vai a um bar pela primeira vez.

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No meu aniversário de seis anos, pedi uma bicicleta porquê queria ser que nem as outras crianças da minha idade.

Ao invés disso, meu pai me comprou meu primeiro livro. Ele disse que eu era diferente das outras crianças, que era especial e que eu deveria sempre expor isso porquê é algo bom o bastante para me deferir dos demais. Minha mãe achou terrível, ela só queria que eu fosse uma criança normal... Então ela me comprou a bicicleta.

Bom, papai estava certo nessa questão, eu era mesmo diferente

Aprendi desde muito cedo que conhecimento e poder não são sinônimos, mas podem vir a se tornar, porquê se você sabe fazer, então você pode fazer.

É verdade que existem pessoas que nascem com um dom inato ou com recursos naturais para alguma coisa, mas qualquer habilidade exige esforço, dedicação e muita prática. Em geral, podemos conseguir quase tudo quando nossa vida depende disso, porque quando nossa vida está em jogo, não se pergunta se pode ou não, você simplesmente faz o que tem que fazer.

O poder depende, em grande parte, de querer o poder, ter o desejo de poder alcançá-lo.

E eu sei de todas essas coisas por conta de meu pai, acho. Quero dizer, não apenas por ele, mas uma parte, sim. Foi meu pai quem me estimulou desde sempre a ler mais, procurar mais e estudar mais. É claro que eu sempre gostei muito de estudar, então nunca foi realmente um problema, mas acho que, a partir das cobranças que recebia - mesmo implicitamente - todo o êxtase que eu sentia a cada vez que abria um livro, ia se esvaindo com o tempo.

Eu passei de ler um livro porquê o assunto realmente me deixava intrigada para preciso fazer isso para deixar meu pai orgulhoso.

Depois que minha mãe foi embora isso não mudou. Meu pai já não tinha vontade alguma de estar perto de mim, mas eu não deixei de querer agradá-lo de certa forma. E de querer compensá-lo pela falta de minha mãe porquê eu pensava que era culpa minha ela ter ido.

Tenho um QI realmente maior do que grande parte da população normalmente teria, o que, para algumas pessoas pode significar prodígio, para mim passa a se tornar sinônimo de exaustão. Quando meu pai percebeu que eu era inteligente demais para estar com as outras crianças, comecei a ser ensinada em casa, com professores particulares e tudo.

Eu tenho um QI considerado relativamente surpreendente, mas levei um tempo para entender que o fato de minha mãe ter ido embora não tinha nada a ver comigo. Ou com meu pai.

E, por ter um QI acima da média, eu sei sobre muitas informações que são até mesmo desnecessárias. Como fantasmas. Eu sei muito sobre fantasmas, já que era o que a imagens de meus pais havia se tornado para mim à medida em que eu crescia. Então, é, pode-se dizer que sou um especialista em fantasmas. 

Um fantasma é um ser que ninguém pode ver. Ser invisível é a vantagem dele e, por causa disso, ele é terrível. O que perturba um fantasma é sua intenção. Ninguém acredita em fantasmas, mas eles existem. E as pessoas temem fantasmas porque eles estão à espreita. 

A negligência e o abandono meio que faz isso com as pessoas, sabe?! Faz você querer agradar o outro até os mínimos detalhes. Faz você querer dar tudo de si, mesmo quando está muito exausto para tentar, porquê até o simples pensamento de outra pessoa importante se cansando de você, dói.

E você tenta se convencer de que está tudo bem, que aquilo não te afeta tanto quanto antes, mas é tudo uma grande mentira porquê ninguém supera muito bem ser abandonado por alguém importante. Muito menos se estamos falando das pessoas que te deram a vida.

CODINOME BEIJA-FLOR Onde histórias criam vida. Descubra agora