Aquele do segredo de Damian.

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Sou uma garota de toques físicos. Gosto de abraçar, beijar e ficar agarrada com as pessoas que amo. E mesmo tendo isso mente, nunca fui muito fã de dormir abraçada com alguém.

Isso porque, querendo ou não, sou uma pessoa espaçosa na cama. Então é meio que impossível pra mim dormir toda encolhida com outro alguém. Meu pai sempre disse que eu parecia um gatinho preguiçoso, porque tomo conta de todo o espaço do colchão.

Talvez seja por conta disso que fiquei meio perplexa quando acordei na manhã seguinte e a primeira coisa que encontrei foi meu braço enroscado na cintura da neném, como se ela pudesse me deixar a qualquer momento.

A coitada estava toda encolhida no outro canto, virada de costas para mim e tentando se equilibrar no espaço que havia sobrado pra ela, já que eu deixei meu canto de lado e fui pro dela também.

Soltei uma risada incrédula, levantando um pouco o pescoço, apenas pra ter certeza que Shuhua continuava dormindo. Como o esperado, a neném ressonava tranquilamente, a boquinha estufada para frente em um biquinho sério e as sobrancelhas cruzadas.

Inalei os cheiros de seus cabelos antes de me afastar, encarando o teto com os olhos bem abertos. Porra! O que foi a noite anterior? Se fecho os olhos, ainda consigo ouvir os gemidos tímidos dela, sua respiração arfada e os toques desajeitados.

Não consegui impedir meu sorriso idiota quando girei o rosto, descendo o olhar por seu corpo encolhido com minhas roupas.

Caralho, como é que isso foi acontecer? Como paramos aqui?

Eu realmente... Nós realmente entramos em um consenso estranho de namoro?

É um pouco difícil de acreditar, mas não pela falta de sentimentos. Eu não sou idiota e nem tenho essa merda de negar meus sentimentos, nunca tive. Se me interesso por uma garota, então é bem fácil deixar ela fazer o que quiser comigo. Com Shuhua não foi diferente. O que me deixa meio confusa, é a forma que tudo aconteceu.

Eu quero dizer, será que ela não esperava um pedido melhor? Estava tudo bem a forma como tudo aconteceu? Me preocupo com essas coisas porque é bastante óbvio que sou sua primeira experiência e, merda, não quero ser algo traumático pra ela.

- Você está pensando tanto... Parece até que vai sair fumaça da sua cabeça, como nos desenhos animados.

A voz baixinha e sonolenta da neném me tira dos devaneios inseguros da minha cabeça que está tentando me sabotar. Eu me viro, deitando de lado como ela, então enfio a mão por debaixo do travesseiro e apoio o rosto para encará-la. Quase consigo presenciar as bochechas branquinhas se tornando vermelhas e isso me faz sorrir.

- Bom dia. - eu digo, soltando uma lufada de ar.

Shuhua pisca algumas vezes, parece pensativa. Depois levanta o rosto, voltando a se deitar em seguida.

- Boa tarde. - ela diz, os olhinhos quase triplicando o tamanho. - Quase duas horas.

A neném aponta pro relógio em cima da minha mesinha e eu o olho meio desinteressada. Ela tem razão. 13:45, dormimos muito. Quem é que se importa?

- Eu deveria ir? - pergunta, respirando pesado.

- Não. - faço manha. - É domingo, fica aqui.

Shuhua rapidamente se senta na cama e eu, mesmo contra minha vontade, repito a ação. Ela aponta para a mesinha, onde seu óculos está, e eu o pego, entregando a ela.

- Melhor. - disse, empurrando a armação que desliza por seu nariz. - Posso usar seu banheiro? Quero escovar os dentes.

Solto uma risada baixa, levantando da cama e indicando o banheiro com a cabeça. Não sei como, mas conseguimos caber no banheiro minúsculo que existe no corredor, entre o quarto de Damian e o meu. Parece que estamos em um relacionamento de anos e isso me faz sorrir. Não sei se neném nota, mas ela está bem irritada em ter que dividir o pequeno espaço comigo.

CODINOME BEIJA-FLOR Onde histórias criam vida. Descubra agora