2031, Coimbra
A conversa com o amigo das ruas foi importante para a Joyce, para não dizer esclarecedora. Por todos esses longos anos, Joyce guardava um rancor enorme pelo primogénito de Randal. A cada pesadelo sinistro e enigmático Joyce, sem perceber, alimentava esse sentimento tóxico. No seu singular jardim repleto das flores mais lindas e perfumadas, Joyce não reparava que ervas daninhas se desenvolviam com o passar do tempo.
Seguindo o conselho do amigo das ruas, Joyce buscava fortalecer a sua comunhão com Deus, seu primeiro amor. Durante as suas orações e dos seus devocionais extras, a nossa crioula cristã sentia algo diferente, um certo alívio por estar especialmente a trabalhar sobre esta questão.
Com todos os percalços enigmáticos que estão a decorrer na vida dela, ela estava cada vez mais certa de que precisava acabar com os seus problemas, pouco a pouco, encontrando pequenas soluções que a ajudassem a ter uma vida normal e sem fatídicos tormentos. Com o apoio de Deus, do seu marido e amigos, Joyce estava convicta de que era possível cumprir esse objetivo.
Os dias seguintes eram sempre uma incógnita – pensava Joyce – por não saber o que a reservava. Em certos momentos, uma desconfortável aflição tomava conta do espírito de Joyce, dilacerando assim a sua tranquilidade esforçada e muito trabalhada. Essa aflição surgia sempre que a Joyce recordava de que ela era alvo de ataques hediondos e o pior de tudo era que haviam grandes chances dela colocar as pessoas que ela mais amava em perigo, tal como aconteceu com a Delilah que tivera um final trágico.
Lágrimas caíam dos seus olhos castanhos com estes pensamentos que deixavam sempre a mente desta em conflito. Enquanto esta pessoa ou este grupo de maliciosas intenções continuasse à solta, Joyce continuaria a sofrer ao longo deste processo de paciência. Paciência de que seria feito justiça. Se não fosse através das leis humanas seria pelas leis divinas e que nunca falhavam. Podia demorar, mas era algo certo.
Entretanto, esses dilemas internos e conflituosos da Joyce dissipavam pelo ar sempre que Augusto fazia-se presente para mostrar o seu total apoio e carinho para a sua esposa. Se há algo de que Joyce não tinha falta era o forte companheirismo que Augusto fortificava entre eles tal como devia ser. Quando eles se tornaram numa só carne – tal como a Bíblia fala – era disto que Deus tinha em mente, que o homem e a mulher se ajudassem e se apoiassem mutuamente, para que assim eles ultrapassassem todos os obstáculos que a vida aqui neste mundo os incutia.
Quando eles se apoiavam, era nítido nos seus olhos de diferentes tonalidades de cor que o amor entre eles estava aceso, era quente e os consumia. Era vivo e iria gerar seus frutos. Uma cumplicidade como a deles pouco se via atualmente, pois neste mundo cada vez mais o certo e o errado tinham os papéis invertidos, e esta tendência gritava sinais de que as coisas só iriam piorar.
O casal Almada não estava apenas fortalecido no seu amor, mas também no carinho e na jovialidade que eles teceram com os seus amigos. Estes mostravam-se sempre preocupados e dispunham o seu tempo para ajudar este casal. Um exemplo disso era a Rhana – sempre atenciosa e determinada a fazer o que era certo – juntamente com a Beatrice – que também podia ser chamada carinhosamente de Trix – e com o Christopher, um amigo impulsivo, mas sempre disposto a ajudar quem precisasse.
Os três juntos trabalhavam para resolver mais este problema na vida do casal Almada, no entanto, tudo se alinhava como era o estipulado e agora bastava deixar o tempo fazer a sua parte e eles, por sua vez, estariam vigilantes para não caírem na imprevisibilidade do tempo, o que exigiria muita concentração da parte deles.
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Uma Difícil Decisão ▪︎ Livro 2
Espiritual⚠️ATENÇÃO⚠️ Antes de ler este livro, leia o "Nada Além Da Esperança"! ⚠️Contém cenas de violência, citação de suicídio e cenas de homicídios 🇵🇹Status: Concluída 🇵🇹2°livro da trilogia "Origens" ☆SINOPSE☆ Vários anos se passaram, mais precisament...