Confissão

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O Padre finalmente estava perto de terminar sua pregação, porém ainda restava algo a ser feito.

Frei Augusto - Como manda o regulamento dos financiadores dessa igreja eu devo pregar a filosofia da Nova Esperança ao final de cada celebração, porém, hoje eu decidi que primeiro iria ouvir as confissões dos fiéis que estão me esperando a 2 semanas!

Lília finalmente para de olhar seu celular e encarava o padre, ela sabia que logo seria chamada para o confessionário, ansiedade era inevitável, ela só queria fazer a vontade da sua mãe e ir embora o mais rápido que pudesse daquele lugar, ela fita todo o ambiente se perguntando quantas pessoas estariam na sua frente pra se confessar, por um instante seus olhos encontram os de Rick mas ele não mantém contato visual por muito tempo, parece estar procurando algo ou alguém. O tempo vai passando e um número grande de pessoas entra e sai de dentro do confessionário, algumas saem chorando emocionadas, outras retornam sorridentes e animadas Frei Augusto parecia ter o talento natural para se comunicar de forma assertiva com as pessoas daquela cidade, porém hoje em especial ele parecia estar ainda mais hábil. Frei Augusto consulta seu caderninho e então diz:

Frei Augusto - A próxima é Lília Beatriz!

A garota dava um salto se levantando, alguns cochichos podem ser ouvidos dentro as pessoas

Homem - Ela não é a filha da Alice Valverde?

Homem 2 - Sim, acho que é ela, e por que ela tá na igreja? Pelo jeito que se veste, pensei que ela era satanista

Mulher - Pois é, a "bruxa" continua estranha como sempre! é assim desde que estudamos juntas

os cochichos só aumentam e Lília pode ouvi-los perfeitamente enquanto caminha em direção ao confessionário, não importava em que parte da cidade Lília estivesse, ela sempre era alvo de julgamentos alheios que apertavam o seu coração, por um momento ela pensou que talvez Rick estivesse certo, "Caipiras sem noção". Uma voz ecoava na mente de Lília por um momento, não era a sua voz, era a de outra pessoa, um dos poucos amigos verdadeiros que Lília tinha, o fantasma de uma garotinha que morreu naquela cidade.

Isis - Líla, não dê ouvidos a eles ok? você é demais de verdade mesmo mesmo!

Lília queria responder a pequena fantasma, porém ela estava em público cercada por aquelas pessoas que a julgavam por todo e qualquer motivo, com um  forte aperto no coração ela ignorou sua amiga de outro mundo e entrou no confessionário. Frei Augusto parava por momento antes de entrar,ele encarava Rick por alguns segundos e em seguida entrava ao confessionário antes que formasse algum contato visual com o mesmo.

Frei Augusto - bem vinda Lília...

Lília - Olha...me desculpa mas,por que não acabamos logo com isso? me diz o quantas vezes eu vou ter que rezar pra Deus perdoar meus pecados e eu saio...

Frei Augusto franze a testa e dá uma leve risada que pode ser vista pela moça através da grelha, para ele Lília estava agindo como uma criança assustada

Frei Augusto - Sei que o povo dessa cidade lhe julga pelo modo como você se veste e pela forma como você se mantém distante, mas eu não estou aqui pra julgar ninguém, eu só quero entender como você se sente então não tenha medo de abrir seu coração pra Deus...

Lília se comove de certa forma, ela havia se irritado com os comentários que ouviu antes de entrar e acabou descontando isso no padre, talvez fosse bom para ela desabafar com alguém sobre o que estava sentindo, alguém que não estivesse morto.

Lília - Tudo bem...o que eu tenho que dizer?

Frei Augusto - Coloque pra fora tudo aquilo que te aflige..todo o acontecimento que lhe faz sentir culpa ou raiva.

Rick Jhoonys: Detetive ParanormalOnde histórias criam vida. Descubra agora