7. Borboletas

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Paola Kendrick
Staples Center, Los Angeles
24 de junho de 2009, 03:19

— Não vai atender? — pergunto bem séria e ríspida para Michael que segura um sorrisinho. Ele volta sua atenção para o celular e aperta um dos botõezinhos do lado desligando totalmente o aparelho.

— É só a minha ex mulher, não nos falamos desde 2005 quando precisei da amizade dela e ela disse que era indiferente a mim — ele tira seus óculos — Não temos nada desde antes de ela me pedir o divórcio, que, aliás, foi um pouco depois de eu infartar. Eu precisava dela e ela, bem, não estava lá por mim. Na semana anterior eu pedi o divórcio, ela implorou para que eu não fizesse isso, para que não a deixasse. Não a deixei. Fui compreensivo e nos dei mais uma chance, na semana seguinte eu soube praticamente pelos jornais que ela estava me pedindo o divórcio. Sou grato pelo que ela fez por mim no início da nossa relação, mas, não passou daquilo — ele fala bem baixinho ainda olhando para o celular. Ele levanta seu olhar para me encarar

— Ela é só uma pessoa que foi importante na minha vida Paola, mas, que prefiro manter distância. Já sofri demais por depositar muita esperança e amor nas pessoas, aprendi a lição! — se nota em seu rosto que ele realmente sofreu muito nessa vida. Sua expressão sempre é tão dura, mas, quando ele sorri, é lindo.

— Entendo — sussurro um pouco sem graça por ter me comportado como se o conhecesse há anos e tivesse direitos — Me desculpe pelo modo que falei — balbucio — Fico feliz de saber que você é dos que preferem que os ex's fiquem longe — brinco com ele que ri.

— Eu tentei ser amigo dela, mas, ela queria outras coisas — ele arregala os olhos e faz uma cara engraçada — Virou amiga da minha mãe porque sabia que era meu ponto fraco, viajava com ela pra todo canto e ainda usava os filhos dela pra se aproximar de mim! Ela gosta de falar por aí que "tentamos" por anos, não, eu não tentei nada desse jeito. Eu tentei ser amigo dela!

— Nossa, agora me lembrei porque ela é familiar! — como eu não me lembrei dela? — Foi uma pena que não deu certo, vocês ficavam lindos juntos!

— E eu fui feliz com ela a respeito e quero que ela seja feliz com seu marido e filhos. Acabou há muitos anos, tive outros amores após ela, só não me casei com nenhuma das outras por quem me apaixonei. Essa foi a diferença, mas, me apaixonei  e amei por diversas vezes após e é importante que você saiba disso para não pensar que só porque me casei com ela que amarei pra sempre. Isso não existe. Amores vem e vão, eu estava em um momento difícil e o casamento foi impulsivo! — caramba, okay. Aceno positivamente para ele que com um tom bem adocicado me fez um ótimo resumo de tudo. Gostei disso — Vamos? Quero chegar lá antes do amanhecer! — ele coloca seus óculos e pega minha mão, entrelaça nossos dedos. Sinto os olhares de todos em nós.

03:37

— Eu descobri a primeira traição em um coquetel na minha casa! — Michael olha para mim por alguns segundos desviando seu olhar da direção. Ele está dirigindo e não estamos levando nenhum segurança conosco. Ele tem uma mochila térmica no banco de trás e eu suponho que seja comida.

— E aí? — ele pergunta todo curioso — Eu nem sei o que faria em uma situação de traição! Sem dúvida deve ser algo muito doloroso!

— É muito doloroso porque uma ferida se abre dentro de você, e nada fecha a ferida da desconfiança! Sei que se algum dia eu tiver alguém, eu não conseguirei confiar nessa pessoa totalmente! — coloco os dois pés em cima do banco e abraço minhas pernas.

— Voltando à descoberta do primeiro chifre. Ele estava com ela no nosso quarto, a porta estava trancada, mas, eu ouvi o gemido dele e o de outra mulher. Ele não respeitou a minha casa. A casa do nosso filho. A minha cama! — Michael completamente chocado encara a pista com uma expressão engraçada — Desci porque eu não podia deixar o coquetel, depois de meia hora ele voltou e se posicionou ao meu lado. Como sempre, segurou a minha mão e ficou se fazendo de marido apaixonado pra mostrar aos outros o quão apaixonado ele era!

— Que canalha — seu tom é agudo — Nossa, e eu pensei que Thomy Pollart fosse assim o tempo todo com você. E até estranhava o fato de você socialmente usar o sobrenome de solteira em vez de usar o sobrenome de casada porque, nos jornais, eram tão apaixonados!

— Então você já me viu nos jornais? — pergunto impressionada a ele que concorda com um aceno de cabeça — Eu era a doutora Kendrick, não dava pra me tornar a doutora Pollart do nada e ele nem me questionou, acredita? Nunca se importou. Não que isso seja ruim, ao contrário. Era até melhor!

— Pois se fosse minha garota, ia ter que usar os dois sobrenomes! — ele fala bem convencido — Quero que todos saibam! Que fique claro para o universo que você é minha mulher! — ele diz bem decidido — Quando me casei pela primeira vez, Lisa usava Presley-Jackson, fiz questão! — gosto do quanto ele fala tranquilamente sobre ela. Isso é bom. Ruim seria se ele falasse mal dela. Isso, sim, seria algo para se preocupar.

— Então, eu usarei Kendrick-Jackson? — olho para a janela do meu lado um pouco em choque pela pergunta que acabo de fazer impulsivamente. Paola pelo amor de Deus, ciúmes de um cara que você conheceu a pouco? Terapia te espera após esse passeio viu mocinha?

— Com certeza! — fala com um certo humor em sua voz, que vergonha meu Deus. Essa é a hora que se finge um desmaio, não é?

— Vamos colocar uma música! — tento espantar meus pensamentos e essa vergonha que estou passando. Abro o porta-luvas e tiro de lá alguns CDs — Black Eyed Peas, é esse! — tiro de sua capa e o coloco no aparelho de som.

— UAU! — Michael morde fortemente o lábio assim que a música "Boom Boom Pow" se inicia. Ele leva a mão até o volume e aumenta tudo. O som desse carro é muito potente, isso é legal na Califórnia? — BOA GAROTA! — fala empolgado e estende sua mão direita para um high five. Bato a palma da minha mão na dele, mas, nem se escuta porque o som está no máximo, acho que casas ao longe conseguem nos ouvir passando na pista.

04:22

 Another Weekend está tocando a todo volume. Eu já não consigo me manter quieta no banco. Estou me remexendo o quanto dá. Eu nunca consigo ficar parada quando uma música toca, eu até consegui ficar quieta por bastante tempo, mas, já que estou aqui vou aproveitar cada segundo.

— ESSA É BOA! — ele berra quando Don't Phunk Around se inicia. Rapidamente ele começa a girar o volante para a direita. Ele guia o carro para o acostamento da estrada deserta. Nem sei em que parte da Califórnia nós estamos. Michael para o carro. Liga os faróis assim que para. Abre a porta. Ele corre para frente do carro deixando a porta do seu lado aberta e começa a dançar como se estivesse em uma discoteca dos anos 70.

 Seus quadris impressionantes se movem no ritmo certo. Me atrevo a dizer que aqui, agora, ele está mais enérgico do que em cima do palco. Seu sorriso enquanto ele abre os braços e gira enquanto olha para o céu. Deus, essa cena ficará eternizada em meu coração e mente.

— VEM! — ele me chama com às duas mãos. Ele vem até o meu lado e abre a porta. Me estende sua mão. Estou sentindo algo estranho... Como se esse momento tivesse o poder de mudar minha vida para sempre. Como se, escolher segurar sua mão pode mudar algo... Seguro sua mão e sinto um arrepio percorrer por todo o meu corpo. Michael me puxa para ele e me abraça. E ele começa a dançar comigo a música que é super agitada como se fosse uma música para se dançar a dois — WOW! — ele berra e então se afasta. Me puxa para frente do carro e dança em minha frente, danço com ele de peito aberto, pronta para qualquer coisa.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora