62. Bloqueio

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Michael Jackson
Manhattan, Nova York
17 de dezembro de 2009, 21:41

 A chuva fina faz com que tudo fique mais melancólico do que já está. Estamos na pista de pouso esperando pela avó paterna de Stephan. Seu nome é Tessa e ela se parece muito com a minha mãe. Tem um turbante e seu olhar é severo. Ela está andando em nossa direção. Lola conversou com Stephan sobre tudo isso e ele está um pouco desapontado.

 Pelo que Lola me contou, esse processo estava na justiça há anos. A avó alegou que Lola sempre foi ausente e como prova usou o próprio trabalho de Lola. Mesmo que na época ela não fizesse mais parte da equipe do hospital onde trabalhava, Tessa usou isso contra ela.

 Existem tantas perguntas em minha mente agora. Que juiz faria isso e daria uma sentença tão tardia? Não faz sentido algum para mim. Anos após a audiência sair isso agora?

— Boa noite, Tessa! — Lola diz em um tom firme quando Tessa se posiciona bem em frente a ela. Estou usando um terno preto e segurando o guarda-chuva. Stephan está entre nós dois e a carinha dele está me dando muita pena.

 Stephan é muito obediente, então, sem dúvida alguma, ele vai aceitar tudo isso porque foi o que Lola disse a ele.

— Paola! — Tessa fala firmemente para ela, que continua a encarar com um semblante sério.

— Vá Stephan! — Lola fala com uma dureza em sua voz. Stephan não se move.

— Não vamos nem conversar, Paola? — Tessa pergunta. Seu olhar está mais brando, ela gosta de Lola, mas, tem alguma coisa aí.

— Não temos nada para conversar! — Lola fala em um tom firme. Então, é Lola que não a suporta, interessante.

— Temos sim Paola, você vem me ignorando todos esses anos. Costumávamos ser amigas! — isso só está ficando melhor.

— Amigas não passam pano para traição do marido da outra amiga, mesmo que esse marido seja o filho dessa amiga! — então, Tessa defendia o filho e fez Lola se passar por maluca.

— Meu filho não era assim, isso é paranoia da sua cabeça, minha filha! — seu olhar tem compaixão e muita inocência. Se ela soubesse.

— Você devia procurar o advogado dele, ele tem coisas que você sem dúvida ficaria agradecida em saber! — respira profundamente. Se afasta dela e agacha, delicadamente puxa Stephan para se virar para ela.

— Mamãe — sua voz embarga. Esse menino está tentando ser forte desde que pegamos o avião para cá.

— Ei! Está tudo bem! Lembra do que te falei? A vovó é legal, ela vai cuidar muito bem de você. Te vejo em breve, não se preocupe com nada, vamos voltar a ficar juntos, isso é temporário! — ele olha para cima e suspira — Ei, tudo que a mamãe quer ela consegue, lembra?

— Sim — uma lágrima desce por suas bochechas. Stephan olha para mim e faz um bico — Você é o melhor pai do mundo — ele me abraça repentinamente. Meus olhos se enchem e meu coração está até errando as batidas. Ele me chamou de pai.

 Solto o guarda-chuva e o abraço forte. Diferente de Lola, que está exibindo uma face forte e não derramou uma lágrima até agora, eu caio em choro.

— Vamos lutar pela sua vontade, Stephan, você vai voltar para nós! — digo baixinho para ele que começa um choro ruidoso.

Mansão Kendrick, 22:38

— Vamos lá meus amores, vocês sabem o caminho! — Lola fala assim que cruzamos a porta. Paris, Prince e Bigi com suas caras de velório andam lentamente até as escadas.

— Isso acabou com eles — sussurro enquanto ajudo Lola a tirar seu sobretudo preto.

— Eu sei, vou conversar com eles sobre Tessa novamente! — ela fala entre suspiros.

— E você está bem? Não esboçou tristeza ou preocupação! — Lola se vira para mim, se aproxima e me dá um beijinho na bochecha.

— Estou tranquila porque ela não é nenhuma megera! — abre um sorriso doce — Tessa é maravilhosa, embora tenha fracassado na criação de Thommy ela é uma boa pessoa! Stephan está seguro!

— Você vai recorrer, não é? — ela assente positivamente. Anda em direção ao corredor, a sigo e entramos em uma das portas que dá na sala de estar. Essa casa é tão grandiosa, eu me perdi várias vezes na primeira vez que pisei aqui.

— John já está cuidando disso com Patrice, Petra e Daniel! — por isso ela está tão tranquila, até eu estou tranquilo agora.

— Podia ter me contado! — me jogo no sofá e me permito respirar tranquilamente agora. Coloco os dois pés em cima do sofá me deitando. Esse sofá é maravilhoso, tenho vontade de fazer isso desde que vim aqui pela primeira vez.

— Me esqueci querido — ela vai até o bar e enche um copo de whisky. Ela vai mesmo tomar Whisky sem gelo? Esse whisky da Joana Barkoff é 90% álcool.

— Ei! — me levanto e vou até ela após a bonita virar o copo cheio de whisky. É uma bebida forte demais para ser tomada assim. Ela pega a garrafa e coloca outra dose — Já chega! — tiro a garrafa da mão dela e a coloco de volta no balcão — Isso não vai ajudar!

— O que não vai ajudar é eu ficar sóbria! — ela pega a garrafa novamente.

— Você disse que iria conversar com nossos filhos sobre Tessa, lembra? — pergunto a ela que suspira e concorda com um aceno de cabeça.

— Tem razão! Antes que o whisky bata, eu vou lá! — me dá um beijinho na bochecha, deixa a garrafa no balcão e anda para fora da sala. Ela não está bem como tenta demonstrar.

23:57

— Estou tranquila porque minha família está cuidando disso, mas sinto algo estranho por dentro, é um sentimento sufocante. É como se eu não devesse ficar tão tranquila! — e quem disse que essa mulher está tranquila? Faz vinte minutos que nos deitamos na cama e ela não consegue ficar quieta por nenhum segundo.

— Você precisa conversar com a sua psicóloga! — urgente!

— Tem razão, preciso mesmo. Estou sentindo como se eu estivesse sendo sufocada pouco a pouco — balbucia.

— Melhor tratar agora do que ter uma crise mais tarde — balbucio para minha pequena, que acena positivamente. Se senta na cama e pega seu celular que está na mesinha lateral.

 Ela liga para Kate e conversa com ela por umas duas horas. Ela finalmente chora e Kate a faz rir algumas vezes. Era disso que ela precisava, colocar para fora.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora