64. Encantados

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Paola Kendrick
Mansão Kendrick, Manhattan
24 de dezembro de 2009, 10:17

 É um grande alívio finalmente ter as respostas do porquê de eu estar tão inconstante, irritadiça, emocional e com as emoções à flor da pele. O que mais me impressiona nisso tudo nem é a minha idade porque já vi muitos casos parecidos com o meu no hospital. O que me surpreendeu foi que a minha laqueadura tinha 10 anos, fiz assim que Stephan nasceu. Foi um luxo que dei a mim mesma porque na época você só podia fazer se tivesse mais de um filho ou se tivesse dinheiro, eu tenho dinheiro.

 Em meus hospitais as mulheres têm a opção de fazer a operação gratuitamente sem a necessidade de já ter tido filho. Um pouco antes de eu descobrir estar grávida de Thommy eu até pensei em operar. Thommy não merecia ser pai e se um bebê surgisse naquela loucura toda seria para tentar salvar nosso casamento fracassado. O que claro, não funcionou, sinto até que meu casamento afundou bem mais.

 Quando fiz a cirurgia, Thommy ficou louco. Ele sem dúvida descobriu por Nona e foi brigar comigo. Ficamos discutindo por horas enquanto eu estava tentando fazer Stephan dormir. Eu e nosso pequeno tínhamos apenas um dia em casa, Stephan estava chorando muito e eu estava me recuperando do parto e da cirurgia.

 Foi horrível porque eu estava em puerpério e aquela discussão com xingamentos e gritos sobre eu ter feito a cirurgia sem perguntar a ele me levou a um estresse extremo. Sai do quarto e corri com Stephan no colo completamente fora de mim. Eu poderia? Não. Não mesmo. Após essa crise fui levada ao hospital com uma hemorragia. Thommy se sentiu culpado e até tentou ser o marido que ele um dia foi, mas, não durou mais que um mês.

 Thommy estava muito chateado por não poder ter mais filhos comigo. Bem, ele não merecia nem Stephan, imagina mais bebês no futuro. Quando nos casamos, eu jurava que ele era o homem perfeito para ser o pai dos meus filhos. Eu imaginava até como seria quando eu desse à luz. Por algum tempo acreditei que durante minha recuperação eu seria tratada como uma rainha, como no início do nosso relacionamento.

 Esse tipo de homem é o pior. Ele te trata feito uma deusa nos primeiros três meses, após esses três meses eles começam a mostrar quem realmente são. Como eu não notei que no namoro Thommy já não parecia ser legal? Após nossos três meses de namoro comecei a estranhar o tom que ele usava comigo, mas, por alguma razão bem idiota, comecei a pensar que no casamento isso mudaria.

 Esse pensamento inútil e imbecil se pendurou até a morte dele. Por anos fiquei "não, mas, se eu fizer tal coisa, ele melhora e volta a me tratar bem" Deus. Ainda bem que acabou. Me admira muito eu ter vivido isso tudo. Eu não sou do tipo burra, sou inteligente pra caralho. Eu ter caído nisso me ofende profundamente.

 Graças a Deus, o único problema que tive com Michael até hoje foi naquele dia ele meio que ter se esquecido da minha existência, mas, isso não vai mais voltar a acontecer porque ainda mantenho de pé minha promessa de não ir a canto algum com ele.

 Por falar em ir com ele em lugares, amanhã dia 25 jantaremos na casa dos meus pais. Estarão lá Monique com seu marido e seus três filhos, John com sua esposa que logo virará ex e sua filha Melissa Kendrick que é uma arquiteta maravilhosa. Meus pais ainda não sabem que John e Angeline vão se divorciar. Daniel também vai pra lá com suas filhas, Patri e uma convidada. Estou torcendo que seja Petra porque sempre quis que ela namorasse John.

— Nely! — Patri fala em um tom bem alto. Nos levantamos do sofá onde estávamos sentados assistindo a um filme na TV da sala. Andamos em direção ao hall de entrada para receber Anely que acaba de chegar com seu marido multimilionário que é o queridinho da família por ser um doce. Anely tem uma queda por homens extremamente carinhosos e românticos, bem, todas temos.

— Que saudade de você! — fala baixinho para Patri. O marido de Anely entra com a mala dela e a dele em suas mãos. Ele é alto e muito bonito, Adam é dono de uma rede de fast food e até tem algumas com o nome de Anely.

— Você está tão linda! — digo ao me aproximar. Patrice se afasta me deixando ter uma boa vista dessa deusa maravilhosa — Olha essa mulher! — Nely abre um enorme sorriso. Ela com seus cabelos platinados naturalmente me abraça forte. Está usando um batom vermelho e uma maquiagem clara. Um vestido de crochê branco que vai até acima do joelho e uma bota branca de cano longo.

 Qualquer coisa que Anely James Hichello usa fica maravilhoso nela. E esse perfume de limão dela? É uma delícia. É suave e, ao mesmo tempo, forte e marcante.

— Pietra me contou sobre a gravidez, não sei se fico feliz ou puta! — fala baixinho ao meu ouvido — A pica de ouro conseguiu romper a sua laqueadura, puta merda! — ela fala de uma maneira tão engraçada que me faz rir muito alto.

— QUE SAUDADE! — grito enquanto a abraço forte. Nely estava terminando seu curso de culinária na Itália, no mesmo lugar que seu pai fez. Ela é juíza, mas, antes de começar na profissão, decidiu fazer o curso de culinária porque sempre foi apaixonada pelo meio.

— Você tem muita coisa pra me contar e eu quero saber tudo! — beija minha bochecha com carinho. Me afasto e a libero para cumprimentar o pessoal.

 Me viro e vou até Michael que está encostado na parede a encarando muito encantado. Me posiciono ao lado dele e olho na mesma direção. Meus filhos já estão ao redor dela, Paris está a encarando agora com uma carinha tão fofa. As crianças sempre ficam encantadas com Anely.

— Ela é linda né? — cochicho para ele que leva um sustinho e olha para mim. Michael cena positivamente e engole em seco morrendo de medo de eu o repreender — Para de ser bobo, eu não sou tão insegura! — sussurro em um tom divertido para ele — Ela realmente é muito bonita e é uma das melhores pessoas que conheço! — pego sua mão — Vou apresentar vocês! — o guio até Anely que está perto das escadas.

— Aqui ela tem um quarto só dela e do marido aqui na casa, esse quarto é dela desde que ela era criança e ela sempre vem pra cá porque ela sempre gostou especialmente dessa casa, apesar de ter uma bela mansão perto daqui! — digo baixinho para Michael enquanto andamos até ela.

— Nely! — chamo por ela que se vira para me encarar, olha para Michael e suspira meio que inconscientemente. Ela está com cara de boba e ele também está da mesma forma. Um pensamento engraçado passa por minha mente, já pensou se esse é um encontro de almas e eles foram muito apaixonados um pelo outro em outra vida? O pensamento me faz rir. Eles realmente dariam um belo casal.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora