3. Enigma

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Paola Kendrick
22 de junho de 2009, 02:19
Mansão Kendrick, Upper West Side (NY)

 Passamos no hotel, pegamos as malas de Michael e dos filhos. Michael queria que o médico dele nos acompanhasse mas, eu o lembrei de que eu era médica e se acontecesse alguma coisa eu saberia como resolver. O médico não ficou nada feliz e isso me deixou um pouco incomodada, não gostei dele.

 Agora estamos aqui no quintal em frente a minha casa. Estou no banco do motorista e ele no banco do passageiro. As crianças estão no banco de trás do carro e eles começaram a dormir assim que saímos da frente do hotel. Eles estavam tão cansados.

— Droga — Michael cochicha olhando para seu celular — Não param de me ligar! — reclama e então atende — Sim! — diz em um tom um pouco mais alto olhando o tempo todo para o espelho do carro. As crianças ainda estão dormindo — Não irei! — fala firmemente — ensaiei durante muitas noites toda essa semana, preciso ficar um pouco com meus filhos!

— Vou acordar as crianças e as levar para dentro! — sussurro e saio do carro para o deixar mais a vontade — Oi! — digo aos seus dois seguranças — Pode por favor chamar os meus chefes da segurança? Um se chama Warren e o outro Wayne, eles vão me ajudar a levar as malas para dentro! Quando os chamarem fale para Dayse que vocês também são meus convidados! — os seguranças assentem com um aceno e os dois seguem rumo a casa.

— Eu só preciso de um tempo! — ele sai do carro batendo a porta com força e anda pelo jardim até uma das arvores.

 Fecho a porta do lado do motorista e vou até a porta de trás. Abro. As crianças abrem seus olhos lentamente graças ao vento frio que invade o carro. Aqui fora está ventando muito e está bastante iluminado graças as luzes do jardim.

— Vamos entrar meus amores — sussurros para eles que aos poucos saem do carro. Michael está tentando manter seu tom calmo mas, da para o ouvir daqui.

— Nos chamou? — Wayne me pergunta — Vamos ter alguma festa? — ele faz gracinha para Stephan que abre um sorriso fraco e cansado para ele — Parece é que a festa já acabou! — ele ri.

— Wayne, guie essas criaturinhas para os quartos e Warren! — chamo por Warren que acaba de chegar — Leve as malas, por favor? — faço uma carinha fofa para ele que abre um sorriso e balança a cabeça de um lado a outro. Vai até o porta-malas e pega algumas malas.

— Precisa de ajuda? — Michael pergunta assim que se aproxima. Ele está bem tenso. Será que tem algo acontecendo de errado? Tem a ver com aquela turnê que ele anunciou no inicio do ano? Não se fala de outra coisa nos jornais!

— Vamos entrar, tomar um suco. Warren é forte, ele cuida disso sozinho! — falo em um tom divertido. Michael assente e me segue até a casa.

04:59

 Sentada no sofá de quatro lugares que tem aqui na sala eu observo Michael que está sentado na poltrona logo a minha frente. Entre nós tem uma mesinha de centro que eu particularmente amo, ela é em madeira escura e está na família há gerações. Michael está tomando um suco de limão e comendo alguns biscoitinhos.

— Eu me sinto exausto e impotente, não sou mais o mesmo mas, ainda sou muito bom no que faço! Me falta um pouco de pratica mas, eu sei exatamente como chegar ao nível de perfeição que já atingi, só preciso de tempo! — ele leva seu copo de suco até a boca — O problema é que não estão me dando tempo algum!

— Tudo isso até parece loucura! Eles estão colocando um mundo em cima de você! — franzo o cenho para ele que suaviza seu semblante.

— Você deve ser a única pessoa com quem reclamei sobre algo e conversa comigo como se eu estivesse falando de algo muito comum — ele ri.

— Mas, é um trabalho como qualquer outro, não é? Causa estresse e insônia igual! — levo minha xicara de café até a boca e dou um gole.

— A sua insônia é graças ao seu trabalho? A minha é porque eu sinto que tem alguém querendo me matar! — ele ri ironicamente.

— Jura? — pergunto um pouco assustada — Michael, você tem ideia de quem seja? — ele acena positivamente — Então sai do caminho deles! Quanto mais distancia melhor!

— É tão bom não ser visto como louco por falar disso — ele fala e logo após fecha os olhos. Ele suspira.

— Essas pessoas que te contrataram tem algo com isso? — pergunto — Se eles tiverem, Michael, não é seguro fazer esses shows!

— Os shows não são o problema, na verdade, não sei de onde pode surgir um ataque no momento. Uma das únicas pessoas que confio é no meu médico! Ele conquistou minha confiança ao longo do tempo! — pois a mim a cara dele não agradou nada.

— Eu não gostei dele não. Ele ficou com cara de poucos amigos quando eu falei que você não precisava o trazer! — faço uma careta.

— Ele só fica preocupado porque ficarei longe — ele ri — Ele é uma boa pessoa, falo sério! — eu duvido.

— Não gostei dele viu, toma cuidado com ele! — olho para o outro lado — São as pessoas da nossa inteira confiança que nos apunhala!

— Agora você colocou mais uma paranoia na minha cabeça — ele passa as duas mãos pelo rosto — Já parou pra pensar que você também não é de confiança? Quem convida um cara aleatório pra casa? — faz uma carinha engraçada.

— Quem vai para a casa de uma mulher aleatória assim? — pergunto com um tom de humor para ele que ri — Algo me disse que eu podia confiar em você! — olho para baixo.

— É como se eu já te conhecesse — Michael diz entre risos — Não é louco? Você nunca viu a pessoa na sua vida, mas, se sente parte da vida dela após algumas poucas horas de conversa! 

— Já ouviu falar em destino? — faço um biquinho para ele — Eu agradeço por você ter aparecido no parque com seus filhos — sussurro para ele que se levanta de seu lugar e aproxima de onde estou. Se senta ao meu lado e me encara por longos minutos como se estivesse tentando me decifrar.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora