29. Anjos

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Paola Kendrick
Recanto Kendrick-Jackson, Londres
3 de julho de 2009, 02:31

 Aqui na garagem ainda no carro eu o consolo. Agora ele está apenas entre soluços, mas, há alguns minutos, ele estava chorando muito. Tenho certeza que nesse choro, tudo o que estava engasgado foi jogado para fora. Isso que aconteceu com relação aos seus fãs foi a gota que precisava para fazer o balde transbordar.

— Paola! — Fiona bate levemente no vidro do carro. Desço o vidro e olho para ela. Michael está em posição fetal deitado no banco com a cabeça em meu colo — As crianças estão dormindo no estúdio de gravação por causa do barulho. Fizemos uma cabaninha e enchemos de travesseiros! 

— E a senhora deve ter ouvido barulhos altos não é? São os helicópteros da sua família, eles aterrissaram no quintal, mas, foi muito difícil porque tem muitos helicópteros da imprensa sobrevoando a casa. Seus pais, suas irmãs e seu cunhado estão esperando por você!

— Ah! E eu já expliquei a sua família que foi uma notícia falsa! E a imprensa sabe do namoro de vocês, por isso estão em peso em frente a casa e sobrevoando aqui! — pelo menos ainda vamos ter o prazer de anunciar o noivado.

— Obrigada Nona! — digo entre sussurros. Passo a mão direita pelos cabelos de Michael — Quer ficar mais um pouco querido?

— Sim, por favor — ele soluça e a cobre seu rostinho com suas duas mãos.

— Obrigada Nona! — digo a ela que se retira. Fecho a janela novamente e volto minha atenção completa a ele, que está colocando frustrações e tristezas de anos para fora — Imagino que esteja colocando pra fora tudo o que passou durante todos esses anos exibindo um sorriso.

— Dói muito — ele chora — É como se eu tivesse realmente morrido — passa as duas mãos pelo rosto — Isso hoje tornou um dos meus pesadelos reais. Em todos os pesadelos eu passava por milhares de pessoas e elas estavam chorando e me pedindo para voltar — Michael puxa o ar pela boca e solta pelo nariz — Só mais alguns minutos e nós entramos, tudo bem? — pergunta enquanto seca suas lágrimas com as costas de suas mãos.

— Tudo bem, meu amor, leve o tempo que precisar, eu estou aqui com você. Não está mais lutando sozinho, pode chorar, jogar tudo para fora, eu seguro seu mundo! — sussurro para Michael. Ele fecha os olhos e respira profundamente algumas vezes. Quando esse homem terá o mínimo de paz?

04:22

— Daniel, seu frango está passando do ponto! — escutamos a minha irmã Mariangel daqui do corredor. Michael aperta minha mão tão forte.

 Michael está melhor, ele chorou tudo o que tinha para chorar. Conversou comigo sobre seus pesadelos e tudo. Agora, ele está com fome e com sono, o que é um belo sinal de que só foi um momento de tristeza e nada muito perigoso para sua saúde.

— Gente, pelo amor de Deus! — Pietra, minha irmã mais velha, reclama ao tropeçar em um dos brinquedos do filho de Sophia. Adentramos no hall de entrada e seguimos até Pietra, que é a única que está aqui. Sem dúvida, as outras estão na cozinha que eu nem sei onde é ainda.

— Pita! — chamo por ela que olha para mim. Seu sorriso surge em questão de segundos. Ela anda em minha direção e me dá um abraço forte.

— Como você está se sentindo com todo esse caos? — ela cochicha para mim e se afasta devagar — Você está bem, minha pequena? — aceno positivamente para ela. Pietra com seus belos cabelos castanhos olha para mim e acena com a cabeça para Michael e em seguida o abraça rapidamente — Tudo vai ficar bem, a equipe de Paola já está resolvendo tudo!

— Deus a abençoe — ele diz com sua voz calma e suave. Pietra acena com a cabeça para ele, que respira profundamente. Ela não tem uma boa relação com Deus, mas, acredita em Deus.

— Tios, graças a Deus, eu pensei que fossem dormir na garagem! — Sophia fala bem humorada enquanto se aproxima com seu filho no colo. Ela é muito parecida com a mãe, Daniel costuma dizer que Patrice a fez com o dedo. Aliás, ela já está chamando Michael de tio? Que fofa!

— Estamos bem, não se preocupe querida! — Michael fala a Sophia que olha para mim com um orgulho bem aparente. Se aproxima mais e abraça Michael que está com uma cara de quem não esperava.

— Bem-vindo a família tio Mike, tome que o presente é seu! — fala ao entregar o pequeno James para Michael, que ri pela primeira vez desde que chegamos.

— Oi, pequeno! — seu sorriso é fraco, mas, é um sorriso — Qual é o seu nome? — Michael pergunta a James que dá um sorriso sem dentes para ele.

— O nome dele é James, mas, nós chamamos ele de catarrento! — Marjorie, prima de Daniel e amiga da família, fala assim que aparece na porta do outro lado da sala fazendo Michael rir bem alto só pela entonação que ela usou.

— James, seu apelido é muito carinhoso, não acha? — pergunto enquanto passo a ponta do dedo da mão direita na bochecha vermelhinha dele. Michael me entrega James e anda em direção a Marjorie — Eu te conheço! — fala bem decidido e ela arqueia uma das sobrancelhas — Você faz aquele show de comédia maravilhoso falando sobre mim! — ele ri — Fui assistir escondido uma vez, você é boa!

— Muito obrigada! — ela diz entre risadinhas sem graça. Marjorie é alta, seu corpo é de tirar o fôlego de qualquer ser humano e ela é extremamente engraçada. Quebrando completamente o estereótipo de que só se pode fazer comédia se tiver beleza mediana.

— Querido finalmente está aqui! — Patrice surge atrás de Marjorie. Patrice é muito pequenininha, ela literalmente bate abaixo do peito de Michael — Venha querido, eu e Daniel fizemos o jantar! Deve estar faminto, coitadinho — ela o puxa delicadamente pela mão, o levando certamente para a cozinha.

— Ele sabe da minha existência e de bônus ainda está vivo! — Marjorie fala toda alegre — Agora posso ir dormir em paz, tchau mundo! — ela corre para as escadas e sobe dramaticamente, deixando a mim, Sophia e Pietra rindo das bobagens dela.

— Ela tem um jeitinho único né? — Sophia pega James e o enche de beijinhos — Como foi lá no carro?

— Foi dolorido demais, ele não merece isso — suspiro — Ele chorou e desabafou tudo o que precisava. Daqui a pouco vou fazer ele conversar com Kate nem que seja por telefone! — escuto barulho de pratos caindo na cozinha seguido de risadas altas.

— Kate já está aqui, Paola — Pietra fala calmamente. Anda até o final das escadas e se senta no último degrau.

— O que foi minha vida? — pergunto a ela. Pita olha para mim de baixo e suspira dolorosamente — Meu amor, fala comigo — me aproximo e me sento ao lado da minha irmãzinha.

— Não quero te encher com mais problemas, você já tem tantas coisas para se preocupar — Pietra fala em um tom disfarçado para tentar me passar a confiança de que ela realmente está bem.

— Você não pode ficar guardando todos os seus problemas desse jeito, se não quer conversar comigo pelo menos marque uma consulta com Kate! — Pietra tem a péssima mania de guardar tudo para si. Ela não conversa com ninguém e sempre quer resolver tudo sozinha. Morro de medo de ela acabar se afundando de vez.

— Vou falar com ela, prometo! — fala entre suspiros — Mas, só para te deixar tranquila — olha para cima — Estou namorando e é o medo de me entregar totalmente nisso que está me apavorando!

— Com quem? — pergunto alarmada e muito animada — Não diz que é o Harry, eu sempre torci tanto por vocês! — ela acena positivamente com a cabeça. A abraço forte — Isso é maravilhoso, vocês sempre se amaram tanto — ela e Harry tem uma filha. Eles ficaram em um rolo nos anos 80, mas, nunca saiu disso e hoje ela decide namorar ele? É um ótimo passo, apesar de que o maior passo foi a filha deles, é bom ver que ela está dando uma chance a ele.

— Você está ouvindo? — Sophia pergunta com uma carinha engraçada — Ele está gargalhando! Que fofa a risada dele — fala entre risos. Realmente, Michael está entre gargalhadas na cozinha. Isso tem nome e sobrenome; Daniel Hichello.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora