69. Dor

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Paola Kendrick
Mansão Kendrick, Beverly Hills
25 de dezembro de 2009, 23:22 

 — Finalmente! — Michael fala assim que se deita na cama. Tomamos um banho juntos e agora, finalmente vamos dormir. Estou exausta e ele então nem se fala — O dia foi incrível, sua família é maravilhosa! — fala com os olhos fechados e um sorriso nos lábios — É muito bom fazer parte disso — diz enquanto boceja, é tão fofo — Obrigado por me dar isso — suspira e então, ele relaxa. Ele vai dormir rapidinho pelo jeito.

 Olho pela janela, lá está ela. Sentada na grama olhando para o lago. Será que eu vou lá? Algo me diz que devo ir lá.

 — Michael — chamo por Michael que não me responde, ele sempre me responde. Então ele dormiu. Olho para trás. Ele de fato está dormindo. Vou até ele e o cubro com o cobertor. Ele se vira e abre lentamente seus olhos — Vou ali no jardim, já volto!

 — Tudo bem, não demora — balbucia e em seguida fecha seus olhinhos de novo.

23:29

 Cabelos ao vento e usando meu robe branco que vai até meus joelhos, caminho descalça pela grama gelada. Me aproximo de Lisa, que está sentada em posição fetal, abraçando suas pernas dobradas e com o queixo em cima dos joelhos. Me sento ao lado dela que não demora a notar minha presença. Ela tem cheiro de cigarro.

 — Falou a ele sobre os girassóis e o cartão! — murmuro uma confirmação. Ela suspira profundamente — "Quem você pensa que é para mandar aquele tipo de cartão para a minha garota?" — ela imita a voz dele — Quando precisei ser defendida pelos malditos que o cercavam, fui colocada em uma situação que tive que ir embora ou ele mesmo me mandava!

 — Sinto muito — sussurro para ela sem olhar diretamente — Assim que cheguei despedi algumas pessoas do pessoal dele. Peguei literalmente as rédeas da vida dele, agora Michael está bem, está ótimo. Pelo menos parou de dizer que querem matar ele — olho para cima. O céu está cheio de nuvens cinzentas.

 — Chegou com o pé na porta — ela ri — Assim que se faz — ela enfia a mão no decote e tira de lá uma cigarreira e um isqueiro.

 — Tenho mania de querer controlar tudo a minha volta, ele também tem, mas, estava em uma situação ruim, então eu tomar as rédeas foi como tirar um enorme peso de suas costas! — ela acende seu cigarro e coloca a cigarreira com seu isqueiro dentro em cima da grama.

 — Quando cheguei em sua vida era disso que ele precisava, mas, eu era tão imatura e não governava nem a minha vida — ela ri e dá um trago em seu cigarro. Pela primeira vez sinto meu bebê se mexer. Nem essa criaturinha gosta disso.

 — Cuidar da vida de outra pessoa e colocar tudo no eixo não é fácil, está tudo bem, o importante é que você estava lá para ele! — ela abre ainda mais seu sorriso.

 — Que pena que não foi o suficiente. Antes mesmo de chegarmos a um ano de casamento, ele começou a ficar frio e distante. Ele viajava e não me ligava, eu ficava louca porque eu o queria só pra mim e ele sumia! Era como se ele corresse da minha possessividade — fala de um jeito engraçado — E foi em meio a essa frieza que decidi ir embora, não aguentava mais.

 — Normalmente, o homem não tem culhões para se separar, então, vão ficando frios, se distanciando emocionalmente e fisicamente até você tomar a decisão de ir embora! — suspiro profundamente. Lisa olha para mim com seus olhos lacrimejados e acena positivamente com um sorriso triste.

 — Você é boa! — ela olha para cima e tenta respirar fundo, mas, não vai muito longe e se entrega às lágrimas — Pensei que tinha superado, que podíamos ser amigos como ele queria quando nos separamos, mas, eu falhei em todas às vezes que cheguei perto dele. Eu até conseguia no início, mas, depois, eu sempre tentava alguma coisa além e ele se afastava! Agora ele desistiu de mim!

 — Da última vez quem se afastou foi você, não é? — pergunto retoricamente a ela que ri e olha para mim.

 — Quando ele me ligou pela última vez eu estava lançando meu segundo álbum, pela primeira vez escolhi pensar em mim! — ela fez a escolha dela, não devia se arrepender — Da última vez larguei meu ex marido, homem que é meu tudo até hoje. Danny nunca me abandonou apesar de tudo que fiz. Ele sempre esteve comigo, eu troquei o que eu tinha com Danny pela estrela brilhante que me levou para Neverland e lá eu não conseguia crescer. Não conseguia! Eu estava sufocada! E quando digo Neverland, não me refiro ao Rancho dele, porque nunca moramos lá. Me refiro a ele!

 — Entendo, passei por um momento onde tive que decidir entre o que eu queria e o que meu falecido marido queria. Estávamos com um ano de casados e então, ele simplesmente disse "ou você sai da profissão que não te deixa ter tempo pra mim, ou eu te deixo" — olho para seus olhos que são naturalmente tristes — Escolhi a mim mesma e não me arrependo. Ele também não foi embora, só queria saber se iria me manipular. Se eu tivesse cedido, minha vida seria um inferno!

 — Não fazia ideia que Thommy Kendrick era desse tipo, uau — ninguém nunca imagina isso de famosos.

 — Pois é, pensam que famosos são seres de outro planeta e que na maioria são pessoas boas, mas, não são. Pelo menos Thommy não era — passo minhas mãos por minha barriga.

 — Aquela cara — ela fala enquanto olha para o lado esquerdo em direção a casa. Olho na mesma direção que ela. Michael está de pé na varanda do meu quarto que agora é nosso, com as duas mãos na cintura e uma carinha de "onde você enfiou o já volto?".

 — Aproveita esse grude porque ele não é assim com todo mundo. Não é assim com ninguém além de seus filhos — realmente, ele é carinhoso com todos, mas, grudento, é apenas comigo e com as crianças.

 — Então, ele também é um baita privilegiado porque só sou apegada a ele e nossos filhos! — digo entre risos enquanto me coloco de pé com um pouquinho de dificuldade.

 — É difícil né? — lá vem. Olho para ela e a espero — Engravidar nessa idade. Engravidei no final dos meus trinta e foi muito difícil e complicado!

 — Estou em pânico, estou morrendo de medo de não ir até o fim! — ela acena positivamente — E minha obstetra só me liberou para viajar de avião porque tive problemas com a avô do meu filho. Estou achando que não iremos embora nem entrarei em outro avião de novo, já arrisquei muito!

 — Você vai conseguir, será muito difícil, mas, você vai conseguir! — um sorriso espontâneo surge em meus lábios. Aceno positivamente para ela e me distancio. Ando em direção a casa — Paola! — me viro para olhar para ela — Gostei muito de conhecer você!

 — Posso dizer o mesmo! — sorrio para ela e volto a andar em direção a casa. É maravilhoso finalmente finalizar isso de uma vez por todas.

Michael Jackson
23:59

 — Olha a hora, dona Lola! — digo assim que ela entra no quarto — Já volto mais longo do mundo!

 — Eu precisava conversar com ela. Agora estou me sentindo até leve! — ela tira o robe e vai em direção a cama — Ah! Nosso bebê que é tão quietinho finalmente se mexeu — Deus, muito obrigado. Lola se deita e me chama com um sorriso malicioso. Ela está usando apenas calcinha e sutiã da mesma cor que seu robe.

 — Michael! — Daniel chama e logo após bate levemente na porta. Vou até a porta, abro e a cara dele não está nada boa — Boa noite, Michael tivemos uma perda na família e seria bom que você contasse a Paola — confirmo com um aceno — Ellie Pritchett faleceu! — Deus, mais uma bomba no colo da minha pequena.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora