22. Adeus

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Paola Kendrick
Rancho Neverland, Los Olivos
30 de junho de 2009, 11:16

 Michael está fazendo caras e bocas enquanto lê o jornal. Parece que o resto da matéria é tão ruim quanto os destaques. Conrad ficou chateado pela demissão e agora, decide vender informações sobre Michael para jornais?

— E então, o que vamos fazer sobre isso? — pergunto baixinho para Michael, que está lendo o jornal em um puro silêncio — Vamos fazer algo sobre isso? — ele suspira profundamente.

 O celular que Michael deixou em cima da mesa começa a tocar. Sem dúvida deve ser alguém de sua equipe.

— Pode atender para mim? — Michael pergunta no automático sem tirar os olhos do jornal.

 Estico minha mão e pego seu celular. O nome na tela de seu iPhone é "Friend", atendo e o trago até minha orelha. Antes de eu falar algo, já escuto um "Oi amor".

— Você está bem? Li o jornal, que horrível, todos se virando contra você! — pois é amiga, pois é — Quer que eu vá ver você? Estou morrendo de saudade das suas mãos — sua voz é manhosa — Você não sente falta da sua loirinha aqui? — ah, então ela é uma ficante dele? E é loira. Interessante — Fala comigo amor, você está frio assim porque está com aquela mulher que apareceu com você na revista? — fecho meus olhos e respiro profundamente — Te ligo depois — ela cochicha entre risadinhas. A voz dela é jovem, por volta de uns 20 a 30.

 O telefone toca mais uma vez "Flower", desligo e então, toca mais uma vez "Sweet"... Elas combinam a hora de ligar para ele? Fecho os olhos e tento acalmar a minha respiração. Calma Paola, é o passado dele, o presente e futuro é com você. E vocês ainda não tiveram tempo de oficializar nada publicamente e pouco menos estão oficialmente juntos. Ele ainda é um homem solteiro. E tudo isso, essas mulheres, foi antes de te conhecer.

 Vocês vão para Londres, vão namorar e morar juntos. Não tem o porquê de estar tão insegura quanto ao passado dele... Eu acho.

 O telefone toca mais uma vez e dessa vez atendo. É uma mulher, voz fina e melosa, querendo saber quando ele vai a encontrar e se ele quer uma companhia em Londres. Ela está se disponibilizando para ficar com ele em Londres. Então, ele não é tão solitário quanto pensei. Desligo e encaro o celular por alguns segundos. O deixo em cima da mesa e encaro Michael, que está com seus óculos de leitura e está ainda lendo o jornal.

— Quem era? — pergunta ainda olhando para o jornal. Paola, ele é homem. Homens não são perfeitos. Homens tem ficantes. O ruim de eu saber disso é que na minha cabeça ele era um príncipe encantado e agora ele desceu completamente no meu conceito. Por algum motivo pensei que ele não tivesse ninguém, que estivesse sozinho. Mas, não posso culpar ele, não tivemos tempo para conversar sobre isso nem nada íntimo.

 Agora estou cheia de paranoias em minha cabeça. Entreguei-me a ele porque pensei que ele fosse o homem que ele mostra para o mundo. Um homem que escolhe bem com quem vai para cama, eu estava até me sentindo privilegiada, até agora. Agora estou me sentindo só mais uma.

 Eu nunca gosto de saber do passado da pessoa com quem estou, não gosto porque a fama de pegador me apavora. Não existe nada mais doloroso do que a desilusão de algo tão impossível e improvável quanto acreditar ser a única para um homem como Michael.

 Com as experiências traumáticas e humilhantes com Thommy eu já devia ter desconfiado que nada é tão perfeito quanto parece. Talvez, eu não mereça ser amada. Talvez eu não mereça ser privilegiada de ser a única para alguém. Eu nunca tive a sensação de ter alguém completamente só para mim.

 Sempre tive que dividir o homem com quem estou com outras mulheres melhores do que eu de alguma forma. Deus, por que eu não tenho sorte no amor? Será que é essa minha mania de pular de cabeça em tudo?

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora