59. Insigne

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Michael Jackson
Grand Hôtel, Estocolmo
12 de dezembro de 2009, 10:57

 Ficar muito tempo sem sexo não é nada nocivo à saúde. Claro que transar é bom. Libera endorfina, te deixa animado, disposto e pronto para tudo, porém, isso de "homens não podem ficar muito tempo sem sexo ou eles procuram fora de casa" não existe. Isso não é uma grande necessidade do homem e nunca será. Inventaram isso para que as mulheres lutem por seus casamentos fracassados enquanto seus maridos inúteis passam como coitadinhos que não conseguem se conter.

 Ninguém é uma máquina de foda. Pelo amor de Deus. Esse pensamento ridículo coloca um peso sobre ambos em um relacionamento e está enraizado na maioria das pessoas. Acho um absurdo que o fato de eu não falar sobre sexo em entrevistas faça com que eu seja taxado como menos homem. Ainda existem milhares de pessoas que pensam que sou gay. Eu seria menos gay e mais homem se eu falasse aos quatro cantos que prefiro comer uma buceta ao ler livros?

 Não entendo as pessoas, realmente não entendo. Como a minha fala de "prefiro ler livros ou subir em árvores a sexo" é levado como algo tão grave e outras pessoas na mídia abrindo suas vidas sexuais é tão bem aceito?

 E agora estou pensando, será que Paola realmente quer fazer amor comigo ou quer transar para que eu não procure fora de casa? Vai demorar muito para ela perceber que não sou um Thommy?

— Querida, coma por favor! — digo enquanto fecho o jornal e o coloco em cima da cama. Lola está me olhando fixamente há muito tempo. Está com sua bandeja de café da manhã em sua frente e ainda não tocou em nada. Ela ainda não consegue entender porque eu não quis a tocar ontem a noite, mesmo que isso seja bem óbvio — Fale logo!

— Por que não quer transar comigo? Tem algo de errado comigo? — Deus.

— Você é a mulher mais linda e deliciosa com quem já dormi — falo em um tom calmo — Eu adoraria fazer amor com você, porém, só faremos amor quando eu tiver a segurança de que aquilo não vai mais voltar a acontecer!

— Tem certeza que é apenas pelo que aconteceu? — suspira dolorosamente.

— Sim Lola, é apenas pelo que aconteceu. Não se preocupe, se ficar mais quatro meses sem dar pra mim, continuarei fiel! — abro meu jornal e volto minha atenção para o jornal.

— DEUS! — ela fala escandalosamente e logo após gargalha — Essa sua versão! — ela ri enquanto gesticula com as duas mãos — Pensei que nunca veria! — fecho meu jornal novamente e olho para ela que está ao meu lado esquerdo. Coloco meu jornal em meu colo e a encaro — Você está tão ranzinza nos últimos dias!

— Sempre fui assim! — suspiro profundamente para ela. Para ser sincero não notei nenhuma mudança no meu humor, é coisa da cabeça dela.

— Não, enquanto estávamos fazendo amor com certa regularidade, você estava tranquilo, sorridente e muito animado! — continuo assim — E agora fica bravinho com qualquer coisa, sem contar as palavras que vem usando — ela ri — Algumas vezes você parece estar fora de órbita e fala coisas bem baixas! Adoro ouvir você falando palavras baixas, mas, estou começando a ficar preocupada!

— Está preocupada? Isso é bobagem, não precisamos de sexo! Isso não tem nada a ver com sexo, é apenas eu sendo eu! — arqueio uma das sobrancelhas para ela.

— É claro que precisamos querido, não desesperadamente, mas, precisamos! — ela engatinha até a minha frente e se senta em posição de ioga — É a melhor maneira para ter uma conexão mais profunda. Claro que podemos ficar anos sem sexo que para mim não tem diferença, mas, já se passaram meses. Sei que foi por minha culpa, mas, eu quero fazer com que o sexo seja parte do nosso relacionamento novamente. Não quero que acabe se tornando apenas meu amiguinho nessa jornada!

— Entendo — sussurro — Sinto sua falta, quero fazer amor, mas, preciso que repouse!

— Fiz diversos exames, está tudo bem! Minha ginecologista me assegurou que está tudo bem — suspira — Estou completamente bem, meu amor! — faz um biquinho.

— Certeza? — arqueio a sobrancelha direita. Lola acena positivamente — Ótimo, então pode esperar mais uns dois dias!

— Michael, tem algo acontecendo? Não quer me contar nada não? — diz firmemente e cruza os braços. Ela é tão bonitinha brava.

— Tudo bem! — dobro o jornal e o coloco perto da bandeja. Me endireito trazendo mais ainda minhas pernas para perto — Você vai acabar descobrindo de toda forma! — suspiro e olho bem no fundo dos seus olhos. Vejo seus olhos se encherem — Tenho um caso! — ela faz um biquinho e a impressão que tenho é que ela vai chorar a qualquer momento — O nome dela é Dane! — ela faz uma carinha triste e logo após arregala os olhos para mim. Demorou bastante para ela se lembrar que temos "uma" Dane em comum.

— Ai que idiota — ela choraminga e dá um tapinha no meu ombro. Morrendo de rir a puxo para mim. A abraço fortemente e a encho de beijinhos.

13 de dezembro de 2009, 16:31

— Deus, muito obrigada mesmo Meline, não sei nem como agradecer! Significa muito para mim! — fala entre suspiros — Até mais querida! — ela desliga e coloca o celular no chão ao nosso lado. Ainda estamos resolvendo coisas sobre o casamento. Vamos passar mais tempo nesse quarto de hotel resolvendo tudo do nosso casamento do que conhecendo mais de Estocolmo.

 Mas, fico tão feliz em estar aqui com ela planejando tudo isso. É tão mágico montar tudo para o nosso casamento. Ocasionalmente as crianças aparecem por aqui para nos ajudar. Sempre que eles aparecem mostramos tudo para eles e pedimos suas opiniões porque é importante que eles se sintam parte de tudo isso. É fofo ver o quanto eles também estão tão empolgados quanto nós. Eles sempre trazem uma ideia diferente para a cerimônia e a festa.

— O que era? — pergunto baixinho. Lola suspira pesadamente.

— Era Meline, após salvar a vida dela, perguntou o que ela poderia fazer por mim e que fazia questão de me agradecer de alguma forma! — Lola engatinhando se afasta e se senta em minha frente — Claro que eu não iria aceitar, mas, ela insistiu! — faz uma cara fofa — Ela conseguiu para mim todos os seus bens que estavam penhorados, os computadores e coisas apreendidas pela polícia em 1993 e 2003! — posiciono minha mão direita em cima do peito e tento não chorar. Não que eu me importe com coisas materiais, mas, cada coisinha dessa é um pedaço da minha história. Um pouco de tudo que conquistei.

— Muito obrigado Lola — tento me manter firme — Isso é muito doce da sua parte, de verdade muito obrigado!

— Querido — se inclina para mim e segura minhas duas mãos — Vê? Tudo voltou a ser seu, agora vamos voltar a correr atrás da sua saúde. Eu gostaria muito que fizéssemos todos aqueles exames novamente, quero saber como está tudo!

— Quando você quiser — minha voz embarga. Ninguém nunca cuidou assim de mim, ninguém. Já tentaram mandar em mim ou me aprisionar com a desculpa de que estava cuidando de mim, mas, assim como Lola tem feito, não. Ela realmente está cuidando de mim.

 Puxo delicadamente as mãos de Lola para perto do meu rosto. Fecho meus olhos e suspiro pesadamente. Entre sussurros começo a orar em agradecimento a tudo que tem acontecido em minha vida. Vivi em um inferno que começou em 1993, inferno que acabou quando Lola entrou em minha vida. Até o medo enorme que eu estava de ser assassinado acabou quando ela tomou o controle de tudo. Essa mulher veio e transformou tudo. Tenho a plena certeza que é graças a ela que estou vivo hoje.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora