9. Quente

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Michael Jackson
Rancho Neverland, Santa Ynez
24 de junho de 2009, 22:07
 

— Não tem problema algum, somos todos adultos aqui não é? — pergunto em um tom calmo para Paola que está vermelha como uma pimenta madura.

— É, claro! — ela respira profundamente — Espero você aqui fora! — sussurra e sai do quarto bem nervosa. Volto ao telefone e então, escuto seus passos — Você sempre fica pelado no quarto? — olho para ela parada na porta.

— Não, para ser sincero, eu sempre me visto no banheiro desde criança! Não sei, é que hoje me deu vontade de fazer algo diferente, é como se fosse meu último dia de vida, entende? — faço uma graça para ela que faz uma careta, mas, parece ter entendido.

— Acho que sei do que você está falando! — ela entra no quarto e com seus passos curtos e elegantes ela se aproxima da minha cama — Você passa tanto tempo com as crianças e trabalhando que não faz as coisas mais simples como, ficar nu no próprio quarto! — é exatamente isso. Aceno positivamente e freneticamente com a cabeça para ela.

— Eu nunca fui de pensar em mim, mas, hoje eu só quero fazer isso, entende? — sua carinha é confusa, mas, ela assente com um aceno — Hoje eu quero jantar, tomar um vinho e dormir! Ou pelo menos tentar dormir!

— Michael, toda essa energia que você tem não é algo estranho? Sabe, não é normal que alguém fique quase quatro dias acordado assim sem ficar esgotado! — o tom dela mudou, está falando como médica.

— Eu sempre fui assim, pra dormir preciso tomar remédio, isso acontece quando percebo que já se passou muitos dias e minha cabeça começa a pedir para meu corpo descansar! — ela se senta na cama e me encara com uma feição engraçada.

— O que te receitaram para dormir? O que você toma? Seu médico já viu isso, não é? — olho para cima e finjo estar tentando me lembrar. Faço uma careta e aí volto a olhar para ela. 

— Não sei bem o nome e ficou em casa! — faço cara de desanimado e digo em tom de quem não tem certeza do que está falando. 

— Então vamos encontrar uma forma de te fazer capotar! — capotar? Estreito os olhos para ela — É que a prima de um amigo meu é comediante e ela usa essas palavras com frequência! — ela ri descontraidamente, nem liga mais para a minha nudez — Capotar vulgarmente falando é cair no sono e nada conseguir te acordar fácil!

— Interessante — capotar, palavra legal para se usar, eu gostei do jeito que soa na minha cabeça — Ca p o t a r — testo como soa falando pausadamente cada sigla. Olho para Paola, ela está me encarando daquele jeito de novo. Hoje mais cedo ela ficou me encarando por um tempo. A cara dela era de quem estava tentando descobrir algo. Estou me sentindo um pouco invadido com seu olhar — Ah garota para de me olhar desse jeito! Vira pra lá eu vou vestir roupinha! — falo em um tom engraçado pra ela que ri. Ando em direção ao closet e entro. Vou até à gaveta de cuecas e pego uma. Visto.

— Acho que posso te ajudar a gastar energia! Aqui tem muita coisa pra fazer! — essa mulher sabe que eu passava duas horas em cima do palco? E isso não me esgotava, ao contrário.

— Eu ensaiava quase o dia todo, fazia duas horas e trinta de show e quando eu voltava do show ainda ensaiava mais algum passo que para mim não estava perfeito! Não existe nada que possa me esgotar! — nada mesmo.

— E sexo? — ela realmente está propondo ou apenas falando como profissional? — Já fez até se esgotar? Cientificamente falando é um esgotador natural! — ninguém aguentaria minha querida, por isso estou solteiro.

— A maioria pede pra parar! — distraído, eu olho para os cabides. Cada jaqueta. Cada camisa tem uma história. Há anos não uso nada disso. Essa camisa, CTE vermelha é uma das mais bonitas, é ela que usarei. A pego e escolho uma calça preta, sapatos mocassim e uma meia azul e outra vermelha — A maioria não aguenta nem duas horas! — escuto ela suspirar alto — Você se candidata? — falo comicamente enquanto me visto.

— Eu não aguentaria tudo isso entrando e saindo de mim por duas horas! — ela ri — Sabe quando você olha para um carro de luxo e pensa "é demais pra mim, terei que deixar minha alma aqui para entrar?" foi isso que senti quando vi! — ela comparou meu pênis com um carro de luxo? Interessante.

— Você pode se surpreender com o quanto posso ser bom com preliminares! — abotoo os botões da camisa e enfio a barra por dentro das calças — Juro que faço bem gostoso, você nem vai ver as horas passar! — vou até o espelho. Faz tempo que não me olho assim de corpo inteiro. Estou bem. Acho. Ou não... — Você me acha bonito? — Paola, que estava falando algo, para. Um silêncio se instaura. Me encaro fixamente através do reflexo.

— Você é muito bonito Michael — sinto uma pontada leve de felicidade — É elegante, naturalmente, cheiroso e bem bonito — ela fala mais baixinho. Passo as mãos para ajeitar meu cabelo que está solto e saio do closet. Paola ainda está sentada na minha cama — Muito bonito — sussurra me encarando.

— Vamos? — seguro um sorriso para ela que se levanta e respira bem fundo — Pensei em tomarmos uma sopa e aí vamos para a adega!

— Sopa? Você dançou, pulou e até foi brincar com os animais! — ela franze o cenho — Já que a nossa amizade pulou tantas etapas em apenas algumas horas, assim que essa sua turnê acabar vou te levar para o Brasil! Lá tenho aquela prima do meu amigo e ela vai te fazer comer! Marjorie é a melhor cozinheira que conheço!

— Boa sorte pra ela — digo entre risos — Eu não consigo comer muito desde os anos 80, então, não é fácil e ela precisará de muita sorte ou cozinhar muito bem!

— Ah, ela vai fazer a parte dela, tenho certeza! — Paola segura um sorriso — Vou cozinhar pra você, quero ver você não comer! — fala decidida e firme como se estivesse falando com o filho dela e se levanta. Esse é o equilíbrio perfeito; flerte e em seguida ser tratado como criança.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora