10. Lagrimas

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Michael Jackson
Rancho Neverland, Los Olivos
24 de junho de 2009, 22:51

— Fiz uma salada de frango com espinafre, demorou, mas, ficou pronto! — Paola fala bem empolgada e coloca um pranto em minha frente. É bem colorido, tem de tudo mesmo — É bem saudável e você não sairá da sua dieta! — ela se senta na cadeira logo à minha frente e começa a comer. Ela é perfeita! — Vai, come, está ótimo! — levo um pouco de comida até a minha boca. O tempero é suave. A carne do frango está bem cozida, ela usou o peito sem dúvida. Está tudo na medida certa. Realmente está muito bom.

— Peito de frango — balbucio enquanto ainda saboreio — Está muito gostoso, você fez um ótimo trabalho! — olho para ela. Seu olhar doce está fixado em meus olhos. Um sorriso se desenha pouco a pouco.

— Sim! — respira profundamente — É exatamente isso — ela estende sua mão em direção a sua taça com suco de maçã e toma um generoso gole. Ouvi muitas coisas sobre o casamento dela com Thomy, mas, parece ter sido tudo muito pior. Todas às vezes que eu a elogio ela fica assim, como se não fosse familiarizada com elogios e pelo jeito ela realmente não é. Ela merecia mais de Thomy.

— Você não sabe lidar com elogios não é? — Paola acena negativamente com a cabeça — Você sabe que é fabulosa, não é? — normalmente não sabemos lidar com elogios porque a nossa autoestima reside no subsolo do planeta!

— Sim, eu tenho noção de que sou uma mulher bonita e do quão poderosa sou — fala calmamente enquanto ainda esbanja um sorriso — Porém, não sei lidar com ninguém me elogiando, não sei explicar o porquê! — eu sei o porquê. Isso é falta de carinho e cuidado.

— Já pensou em abrir sua vida para outra pessoa? Quando nos conhecemos, você falou sobre pessoas quererem competir com os filhos! — Paola revira os olhos e acena positivamente.

— Já tentei inúmeras vezes, mas, nunca vai pra frente, sabe? As pessoas só querem saber de transar e vazar! — ela ri — Não sou assim, eu não consigo ver isso como algo normal para mim. As outras pessoas podem fazer o que quiserem da vida, agora, eu, Paola Kendrick Pritchett não acho legal isso de transar com um hoje e amanhã ficar com outro. Sou boba, não consigo beijar qualquer pessoa porque pra mim beijo é valioso, se o beijo é valioso imagina sexo?

— Entendo — Deus ela é perfeita, amo mulheres românticas. Embora as que são bem soltinhas me chamem muita atenção — Sou assim de certa forma, depende muito da pessoa. Quando Brooke Shields, que era inalcançável na época, se aproximou, logo viramos amigos. E assim que ela me beijou após um tempo, deixei rolar, nunca chegamos a nada além, mas, "namorávamos" muito! Tudo depende de quem se aproxima, assim é o mundo!

— Nada de compromisso, só, amassos? — arqueia uma das sobrancelhas. Aceno positivamente — Comigo não funciona. Preciso realmente conhecer! — Paola toma mais um gole de seu suco.

— E se hipoteticamente eu te beijasse agora? Você me beijaria de volta ou apenas iria embora? — trago mais comida para a minha boca. Paola parece realmente estar pensando nisso. Ela está fazendo uma cara de quem está muito concentrada.

— Retribuiria, eu não sou boba! — ela faz graça — Agora falando sério, eu realmente retribuiria. Você foi a pessoa mais incrível que conheci. Não tentou nada comigo em nenhum momento e esta sendo muito doce.

— Se eu queria tentar algo, bem, não vou mais, você me vê quase como papai noel! — brinco com ela e pego minha taça. Tomo um gole e respiro profundamente. Esse está sendo um dos momentos mais calmos que tive em anos. Esse lugar me traz tantas recordações. É tão bom estar aqui apesar de tudo.

— Michael, qual é mesmo o nome do seu médico? — pergunta — Você tem outros médicos ou é apenas aquele que vi no hotel em Nova York?

— Conrad Murray, o conheci em 2006, ele ganhou a minha confiança ao tratar meus filhos tão bem. Eles passaram por uma intoxicação alimentar que me deixou apavorado e ele me ajudou muito! Tenho apenas ele porque é da minha confiança e porque tenho uma baita dívida e não posso contratar outros! — nada na feição de Paola muda.

— Acho que Murray deve ficar em casa com as crianças lá que ele é tão de confiança e você devia me levar com você para a turnê! — ela fala repentinamente.

— O quê? — arqueio uma das sobrancelhas para ela — Pelo o que você disse, não pratica medicina desde a morte do seu marido! — falo em um tom irônico para suavizar as coisas por aqui.

— Tenho alguns hospitais e isso me obriga a estudar para sempre. Se um dia for preciso eu voltarei! — ela se levanta e vem até mim. Se senta na mesa — Você confia em mim. De certa forma, confia ou eu nem estaria aqui agora! — ela segura minha mão direita e leva até seu queixo — Me deixa cuidar de você — sussurra — Se não confia em mim, sem dúvida me trouxe aqui com outras intenções — ela fala em um tom engraçado.

— Não sei porque, mas, eu confio. Confio muito! — é algo em meu peito. Sinto que ela é alguém que posso contar para o que for. Sei que se acontecer algo comigo a nossa amizade vai ser útil, meus filhos estariam em boas mãos. Eu não quero ter que entregar meus filhos a minha família se eu morrer, não quero eles perto do meu pai. Não quero meus irmãos tentando arrancar dinheiro deles.

— Então, me deixa cuidar de você, Michael! — olho para o meu prato que já está na metade. Tem coisa aí. Ela viu algo. Quando ela entrou no meu quarto, ela viu os remédios em cima da mala?

— O que você viu? — pergunto entre sussurros. Paola desce da mesa. Puxa uma cadeira e se senta ao meu lado sem soltar a minha mão.

— Vi as marcas atrás do seu joelho — respira profundamente — Sei que você não se sente confortável em falar sobre isso, porque deve ser algum vício!

— Não, eu, só — apavorado olho para cima. Se controla Michael. É só uma conversa. Ela não está te impondo nada. É só uma conversa. Ela só está curiosa. É de confiança. É de confiança. Não chora. Não chora! — Amm... — mordo o lábio inferior fortemente e olho para o meu prato — É que — minhas mãos tremem — Eu só quero dormir — digo baixinho — Não consigo dormir — meus olhos se enchem — Tão cansado — me entrego ao choro — Eu não conseguirei se eu não dormir, parei com Demerol, mas, eu não consigo parar com o outro... Conrad é o único que consegue ele pra mim. Só Conrad consegue Propofol pra mim e eu preciso para fazer os shows, eu tenho 400 milhões em dívidas, eu preciso dormir para fazer os shows — falo repetidamente e desesperadamente entre lágrimas. Paola aperta minha mão e traz sua outra mão até meu rosto. Com delicadeza ela me faz olhar para ela.

— Estou aqui! — fala firmemente — Eu sei que tudo isso tem um propósito! Sei que por alguma razão você foi para Nova York, sei que por alguma razão algo está nos atraindo um para o outro! Eu sei que tem motivo para eu estar aqui agora! Não sairei do seu lado e resolveremos tudo isso juntos! Se você achar que realmente não vai conseguir fazer os benditos shows, eu pago as suas dívidas! Talvez esse seja o motivo para eu entrar na sua vida e você na minha assim, tão de repente! — ela me encara com um sorriso calmo em seu rosto.

— Estávamos voltando para o hotel após uma reunião, olhei pela janela e vi Stephan pensei "um garoto negro sozinho a essa hora na rua?" nosso mundo é uma merda, Paola, eu fiquei preocupado! Mandei parar o carro e desci. Assim que desci, eu vi você falando com ele e meu coração se abrandou e então, notei quem você era... — puxo o ar pelo nariz e solto pela boca — Uma vez você me emprestou um lencinho em um evento em 87, foi tão gentil comigo. Viu que eu estava desconfortável com a mão entre o nariz e a boca, e me ajudou. Te admirei de longe por anos e no início desse ano eu havia decidido que deixaria essa história pra lá e então, te vi no parque e era um sinal — Paola passa a ponta dos dedos por baixo dos meus olhos, limpando as lágrimas.

— É realmente um sinal Michael — ela fala entre sussurros enquanto me encara com compaixão — SINAL PRA VOCÊ MUDAR DE MÉDICO! FALEI PRA VOCÊ QUE EU NÃO TINHA IDO COM A CARA DELE! ESSE CARA AINDA VAI TE MATAR EIN! ELE APLICA PROPOFOL! FICA ATENTO, EU TENHO CERTEZA QUE ESSE SEU AMIGO USA DROGAS! QUE MÉDICO FAZ ISSO! E PRA INSÔNIA? — faço uma careta e em seguida começo a rir do exagero dela. A voz que ela está fazendo é engraçada e exagerada, ela sabe como fazer alguém abrir o coração, se derreter e logo após trazer a serenidade de volta. É, essa mulher pode salvar a minha vida.

Best Of Joy | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora