50 - Mais Um Ano

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- Ui! – Nara se abanou.

- Eu lembro que teve uma época que você foi sozinha pra São Paulo. Até me ligou pedindo umas dicas da cidade. – Paulinha disse.

- Foi. E aí aconteceu o lance do Ronaldinho... – olhou para mim de rabo de olho

- Humpf! – fiz cara feia.

- Quem era esse? – Ruth perguntou.

- Uma criatura que vivia atrás de mim, fazia a maior festa quando eu chegava e estava sempre a meus pés.

- E você aceitou isso numa boa? – Sandra me perguntou desconfiada.

- Ah, aceitei! Peguei uma Ponte Aérea em plena quarta-feira à noite e fui lá ver quem era esse tal Ronaldinho que ela tanto falava.

- Ela chegou linda, usando uma saia azul marinho de linho, uma blusa branca social e coladinha no corpo, óculos escuros nos cabelos e sapatos de salto. Trazia o blazer no braço e uma bolsa do outro lado.

- E quem era esse cara afinal? – Ruth continuava intrigada.

- Um cachorro que não saía da obra! Acredita que ela me fez morrer de ciúmes de um vira lata??

- Ah, mas valeu a pena! Aquela noite foi o máximo... – beijou meu rosto.

- E você por acaso não tem ciúmes dela? – Nara perguntou a Regina – Eu sei que marca em cima bonitinho...

- O que?? Essa morena marcou em cima em Volta Redonda, Ipatinga, Timóteo, BH, Vitória... em todo lugar. – olhei para ela sorrindo – A danada fica de olho mesmo.

- Ah, mas eu me aborreci mesmo em Guaratinguetá! Trabalhávamos perto da Escola de Cadetes e aqueles homens são como cachorros no cio! Qualquer oportunidade que tinham de sair estavam lá enchendo. E eles ficaram loucos por ela!

- Regina, nem vem, você tinha um punhado de admiradores no meio deles...

- E você tinha quase a Escola inteira... Acredita que eles tiveram a ousadia de pendurar uma faixa para ela em frente ao canteiro? Escreveram assim: "Emma Swan, rainha da construção civil e musa de Guará. Nós, os fiéis súditos, a saudamos de pé!"
Vejam só! – pôs as mãos na cintura – Ainda com frases de duplo sentido!

- A faixa não teve nem 2 horas de vida depois de ter sido vista por ela. Senti um cheiro de queimado e quando vi Regina havia incendiado a pobre completamente. – ri – Criou um princípio de incêndio, mas ela soube debelá-lo. – ri novamente

- Eu, hein? Gente sem noção...

- É... Mas a barra pesada foi mesmo agora há poucos dias, lá em Pinda. Um bêbado morreu na obra, lá pelas tantas da madrugada, e como eu era a responsável técnica tive que ir depor na delegacia. Sandra foi comigo!

- Eu queria ter ido também, mas ela não deixou… - minha morena retrucou.

- Não era preciso, amor. Além do mais, você não tá habituada com esse ambiente de delegacia. É chato!

- Eu sei que nós chegamos lá poderosíssimas – Sandra fez um gestual – E os caras não sabiam nem o que fazer com a gente. A delegacia parou!!!

- Ah, exibida... – Nara reclamou enciumada.

- Pior que foi. A gente chegou e tudo parou mesmo. Prestei meu depoimento e depois de um pouco tempo tudo se resolveu e a gente saiu.

- Ah, mas não por menos! Ivete Sangalo e Xena loira chegando assim de sopetão numa delegacia? É pra chocar mesmo... – Sandra dizia orgulhosa – Sem contar a minha competência técnica...

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