15 - Oceano

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Oceano

Logo nos primeiros dias do ano tirei a bolsinha e levei uns pontos na barriga. Mais uma cicatriz! Acertei meu cabelo e o comprimento ficou um tanto acima dos ombros. Regina sugeriu um corte em camadas curtas e ficou bem bonito.

Regina cuidava de mim com muito carinho e estávamos sempre namorando, pois não havia quem nos incomodasse.

Enviei meus relatórios para o professor e ele estava satisfeito. Na segunda semana do ano, ele telefonou e propôs de me inscrever no concurso que uma siderúrgica estava promovendo: emprego do aço na construção civil. Os melhores projetos seriam premiados. Eu era da área de estruturas e esse desafio estava muito bem alinhado ao trabalho que já fazia. Aceitei e propus que este projeto para o concurso fosse também o meu projeto de conclusão de curso.

Ainda estava proibida de um monte de coisas e Regina marcava em cima para que eu sossegasse. Henry telefonou dizendo que passaria mais um mês na Europa, depois iria para uma reunião no Japão e outra na China, para, por fim, ir para os Estados Unidos. Cora ligou várias vezes tentando convencer minha morena a viajar e, em virtude de suas negativas, disse que voltaria da Inglaterra no final de fevereiro.

- Regina, você fala muito da vó Granny, mãe de seu pai, e dos parentes dele. E os parentes de sua mãe?

- Eles também moram em Londres, mas uma parte mora na Escócia, em Aberdeen. São os da parte de minha avó materna. São muito metidos e não me sinto à vontade com eles. Os parentes brasileiros de meu avô não sei onde andam. Nem os conheço!

- Seus avós maternos já faleceram?

- Sim. Vovó eu nem conheci e meu avô se foi quando eu tinha 10 anos. Ele era brasileiro. Foi ele quem me incentivou a aprender o português. Sabia que mamãe nasceu aqui e viveu no Brasil até os 15 anos?

Regina fazia um "prato gelado", invenção dela, usando sorvete. Dolores havia saído mais cedo por razões particulares. Pus a mão sobre um pote de sorvete e depois em suas costas.

- Ai, quer parar? – falou se encolhendo e rindo.

- Que é isso aí? – abracei-a por trás.

- Um lanche que faremos mais tarde. Pronto! Deixa eu colocar na geladeira.

Encostei na mesa e cruzei os braços. Ela estava de saia e blusa, deliciosa. Meu olhar percorreu seu corpo todo com malícia e mil pensamentos safados me vieram à cabeça. Quando se virou e me olhou, ruborizou-se.

- Você está de repouso, lembre-se!

Puxei-a para junto de mim e a encaixei entre minhas pernas. Abracei-a pela cintura e a beijei com desejo. Minhas mãos percorreram suas costas e uma delas repousou sobre sua bunda. Ela não tirou. Prossegui e acariciei seus seios macios. Beijei seu pescoço mordendo-o bem de leve.

- Behave yourself honey... (Comporte-se, querida …) - afastou-se de mim ofegante.

- Vem aqui, linda! – aproximei-me novamente.

- No! - Arremessou-me um pano de pratos – You need some rest! (Você precisa descansar!) - correu.

"Rest? (Descansar?) Eu sei bem do que eu tô precisando faz tempo...".

*****

Já estávamos no dia 28 de fevereiro e nada da mãe de Regina ou o pai voltar de viagem. Claro que não estou reclamando, até gosto. Mas daqui há umas horas a filha de ambos completará mais um ano de vida e não estarão aqui. Ligaram pedindo desculpas pela ausência e explicando que teriam que estender a viagem. Eu estava ao computador trabalhando. Não me dei conta de que estava assim há horas. Regina havia saído com o motorista para resolver alguns assuntos a pedido de um telefonema de sua mãe. Ela tinha muito bom gosto e Cora confiava em sua opinião para muitas decisões em seu trabalho no mundo da moda.

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