45 - Noite das Garotas

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E a vida seguiu normalmente. Vovó Granny passou a depositar dinheiro em nossa conta conjunta e Regina e eu combinamos que não iríamos mexer naquele dinheiro. Seria nossa poupança para comprar uma casa própria, nossa de verdade. Eu passei a juntar a esse montante um pouquinho todo mês, e continuava sustentando a casa e a nós duas. 

A temporada no Rio fez mesmo muito bem a vovó, que passava bem de saúde na Inglaterra e havia começado com aulas de dança de salão. Acho que foi a inspiração do samba.

Conforme o previsto nosso trabalho em Nova Holanda acabou em agosto. Passei quase um mês trabalhando no escritório e nesse período Simone era toda olhares sexies e cruzadas de pernas. Mas não dei abertura para ela, embora confesse que a achasse gostosa, mas nada que fosse incontrolável. Em setembro o mesmo grupo iniciou as atividades no Complexo do Alemão, entre os bairros de Bonsucesso e Olaria, e ficamos lá até novembro. Nesses dois meses sobrevivemos a uns dez tiroteios, no mínimo, e eu já estava craque em fugas e saltos fantásticos para salvar a própria pele. Regina ficava desesperada e me pedia para deixar esse trabalho, mas ela sabia que isso não aconteceria. Em dezembro os trabalhos começaram no morro da Serrinha, no bairro de Madureira.

Regina estava no oitavo período e cada vez mais envolvida com a arquitetura. Pensava em fazer um projeto de final de curso bem multidisciplinar, envolvendo engenharia civil e arquitetura, no que eu dava força, pois ela tinha um talento notável. Seus pais continuavam distantes, e por algumas vezes vimos Cora em badalações comentadas nos jornais.

Tinker estava muito bem à frente de sua loja de autopeças na Suburbana. Ela fazia bom uso dos conhecimentos que aprendia na engenharia de produção e era uma senhora mulher de negócios. Estava inclusive entendendo de mercado financeiro. Os preparativos para o casamento e sua formatura estavam com tudo. Nós conhecemos seu noivo, Murilinho, na festa de Lily e pareceu ser um bom rapaz e muito legal com ela.

Lily estava namorando um câmera man da emissora que era apaixonado por fórmula 1, e na sua característica de absorver a personalidade dos namorados já tinha até comprado uma jaqueta da Ferrari e ido com o cara para o GP de Interlagos. Em seu quarto havia um pôster de Ayrton Senna. 

Ruby foi mesmo ejubilada e houve brigas homéricas em sua casa. Seus pais arrumaram um curso de relações diplomáticas para ela fazer em São Paulo, acreditando que longe das amizades daqui e das praias a garota fosse tomar jeito. Só que ela engabelou os dois e conseguiu adiar o reinício dos estudos para o ano seguinte. Enquanto isso, sua vida se resumia a praia, muitas festas, e muitos homens.

Paulinha havia se tornado a melhor amiga de Regina, e costumávamos sair com ela e Ruth. Sandra e Nara não se separaram e estavam vivendo um "polígono" amoroso: Sandra se dividia entre Nara e "a separada", e Nara se enroscava com Sandra e "a cocota", uma cliente pirua de sua clínica veterinária. Regina e eu vivíamos bem, tínhamos o nosso lazer, namorávamos e a vida sexual continuava intensa. Ela estava cada vez mais gostosa por conta da academia e eu continuava no meu esquema de vôlei e capoeira na medida do possível.

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No último sábado de novembro foi o chá de panela de Tinker. Ele aconteceu na casa de uma tia dela, na Tijuca. Fomos para lá e havia muitas pessoas: a mãe dela, duas tias, a irmã, umas dez primas, as outras Feiticeiras, moças da igreja, parentes de Murilinho e garotas das lojas da família dela. Uma maluquice completa! Fizeram mil brincadeiras, pintaram ela, mandaram que cantasse... Regina e eu rimos demais. Mas tudo isso dentro de uma classe e decoro habitual para Rose.

Ela ganhou vários presentes e ficou feito doida com tanta coisa. As pessoas foram se
despedindo no final da tarde e as Feiticeiras combinaram que depois que tudo acabasse a noiva seria nossa. Por volta das oito da noite, ela  foi conosco de carro para nossa casa e Lily e Ruby nos seguiram no carro desta última. 

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