29 - Intolerância

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Acordei às 7:30h. Sentei na cama devagar para não fazer barulho e saí do quarto lentamente para usar o banheiro do corredor. Quando retornei Regina estava sentada em sua cama à espera para fazer o mesmo. Beijei-a nos lábios rapidamente e fiz sinal indicando que desceria depois de me arrumar. Ela faria o mesmo.

Desci as escadas e ouvi vozes saindo da cozinha. Fiquei na sala e vi pela janela que Herbert e Shrid estavam lá fora perto do celeiro. Fui para a cozinha e Angia e outra indiana mais jovem faziam o café, enquanto Shelley andava por lá e cá.

    - Bom dia – cumprimentei

    - Bom dia. – as indianas disseram em coro

    - Ora, ora, bom dia! – Shelley pôs as mãos na cintura – Para quem fez uma longa e cansativa viagem você acordou cedo.

    - Eu acordo cedo naturalmente. – olhei para a pia – Querem ajuda?

    - Absolutamente não! Você é hóspede e para isso eu tenho empregados. Vá para o salão que levarei seu café.

    - Deixe-me então ao menos preparar a mesa!

    - Nada disso! Não sou chamada de grande anfitriã desmerecidamente. Vá para o salão e não desobedeça! – sorriu divertida.

Levantei os braços em sinal de rendição e fui para o salão. Regina acabava de chegar.

    - Que milagre é esse que você desceu tão rápido?

    - Engraçadinha! – fez careta – Eu sei ser uma mulher rápida e eficiente quando quero.

    - Eu sei. – puxei uma cadeira – Sente-se, querida!

    - Obrigada, meu bem. Assim é que eu gosto. – disse provocativa. 
     
     - Regina?! – Shelley aparece com as indianas trazendo toalhas de mesa com motivos natalinos – Você anda mudada mesmo! Acordada a esta hora depois de viagem e tudo.

    - Hábitos que eu estou adquirindo por influências. - disse, dirigindo o olhar para mim.

    - Percebo. – sorriu

Regina e eu tomamos café com Shelley e Samuel. Todos os outros ainda dormiam, e os indianos desapareciam como por encanto. Os ingleses gostam de muita carne e gordura, inclusive no café da manhã, então me detive no chá com leite, torradas, cereais e maçã. Regina seguiu a mesma linha e eles estranharam isso da parte dela. Brazilian influence, disseram.

Saímos para andar pela fazenda e ela me mostrou cada parte de lá. Conheci o celeiro, o local onde nascem os girassóis, o pomar e a pequena estufa. Corremos por um pequeno campo de trigo e caminhamos na beira do lago. Chegamos ao estábulo e Regina pediu a um rapaz que preparasse dois cavalos.

    - Regina, você tá brincando! Eu não vou montar não!

Ela riu divertida.

    - Como pode alguém tão destemida como você ter medo de andar a cavalo? – segurou minha mão – Eu estarei do seu lado, amor. Não confia em mim?

    - Em você eu confio! Agora, em um bicho que tem mais pernas do que eu, corre mais do que eu e que pode me matar só com uma leve pisadinha no crânio eu não confio de jeito nenhum!

Riu novamente.

    - Deixe de ser boba! Cavalos não vivem dando pisadinhas no crânio das pessoas, Emmy. – puxou-me pela mão – Vamos!

O rapaz me ajudou a montar e Regina montou sozinha, com maestria. Segurava as rédeas dos dois animais, que caminhavam tranquilamente e solidários. Eram duas éguas negras, bem tratadas e muito bonitas.

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