69 - Motivos

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Preparem o coração!
O cap tem música e ela já está logo no início do capítulo. Dêem o play! ;)

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Ruelle - I Get to love you

Cheguei em casa e surpreendi Regina arrumando uma pequena mala.

- Que é isso? – perguntei espantada.

- Eu é quem pergunto: o que é isso? – olhou para o relógio – Isso são horas, Emma?

- Pra onde vai? – aproximei-me dela e olhei para dentro da mala.

- São Paulo. Um arquiteto norte americano especializado em projetos com estruturas metálicas e vidro estará na cidade palestrando amanhã. Quero conversar com ele e viajo amanhã cedo. – aproximou-se de mim e cheirou minha roupa – Andou bebendo? – olhou para mim desconfiada.

- Sabe que não bebo. É que derrubaram chopp na minha blusa.

- E quem derrubaram? – cruzou os braços.

- Você me faz essas perguntas todas, mas não me disse porque também chegou mais tarde em casa. E não me disse com antecedência que ia pra São Paulo. – respondi chateada.

- Eu esqueci. – hesitou e voltou a arrumar a mala.

- Ah, esqueceu? Uma mulher que antes me pedia permissão pra fazer quase qualquer coisa? – coloquei as mãos na cintura.

- E você mesmo me dizia que isso não era preciso. – olhou para mim chateada.

- E não era. Mas também não me falar nada é sacanagem, não acha? Afinal, eu pensei que a gente era casada.

- E somos. – cruzou os braços – Mas para você não conta se não houver sexo.

- Eu nem toquei nesse assunto, Regina

- Mas pensou.

- Então sabe o que eu penso? – sorri sem humor – Vou te dizer o que eu penso. Alguma coisa estranha tá acontecendo e você mudou comigo, e mudou muito, e eu queria ao menos saber o que é. Depois de tanto tempo juntas acho que merecia mais consideração, não acha? – olhei bem em seus olhos – Nós nunca brigamos, e agora tá sendo assim. Qualquer conversa vira uma discussão como a que estamos tendo agora. 

Ela caminhou até a janela e permaneceu de costas olhando para fora.

- Façamos o seguinte. Volto para casa depois de amanhã e então conversaremos.

- Depois de amanhã eu vou pra Campina Grande me reunir com os caras dos vergalhões. Você não sabe porque não se interessa mais pelo que faço. – pausei - Mas volto na sexta à noite, e se quiser podemos conversar no sábado.

Virou-se de frente para mim.

- Acho que precisamos mesmo de uma boa conversa. – seu olhar era triste.

Passei a mão nos cabelos e tirei a blusa e as sandálias indo para o banheiro.

- Ainda me quer fora do quarto? – estava de costas para ela.

- Aquilo foi horrível. – pausou e ouvi um soluço sofrido saindo de sua boca - Perdoe-me!

Olhei para ela e perguntei em voz baixa:

- Não me quer longe?

- Não. – mordeu o lábio inferior – Perdoe-me, por favor.

Caminhei até ela e parei bem próxima, mas sem tocá-la.

- Não quero que me trate mal daquele jeito nunca mais. Sabe que já tenho uma dificuldade natural pra me sentir completamente aceita, então não faça me sentir ainda mais rejeitada.

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