27 - Um Pedido, A Viagem

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E chegou a hora da colação de grau; mas aquilo era um evento simbólico. A verdadeira colação, para mim, aconteceu na tarde do dia anterior. Para outros, aconteceria bem depois, no ano seguinte.

Minha turma elegeu um casal de oradores e eu fui indicada. Quando cheguei no púlpito não carregava um discurso preparado, mas falei com o coração. Ao final, lembrei minha avó e a todos os brasileiros vítimas da violência urbana, e isso desencadeou palmas que pareciam incessantes. Muitos ficaram de pé. Na homenagem à família, entreguei uma flor a seu Neneco e outra a dona Maria e ambos ficaram comovidos. A placa com meu retrato dei para Regina e ela chorou.

Ao final da cerimônia fomos para a festa no Jóquei Clube. Seu Neneco e dona Maria ficaram sentados papeando e comendo, mas seus filhos, as Feiticeiras, Kristin, Regina e eu nos acabamos de tanto dançar. Quase no final da festa, chamei minha morena para um cantinho destacado e criava coragem para tomar um passo importantíssimo na vida.

      - O que é, amor? – ela sorria.

Estava linda com um vestido preto longo, tomara que caia. Eu usava um azul, de alcinhas, e bem decotado nas costas.

      - Eu queria te dizer uma coisa. Mas, por favor, espera eu acabar de falar porque tô treinando isso há não sei quanto tempo.

      - Uhum! – mordeu o lábio inferior

      - Ontem você falou das minhas conquistas e do valor que elas têm. Mas pra mim, a maior e mais importante delas está aqui, diante de mim. -  peguei uma caixinha preta – Eu não sei como deveria fazer isso, mas meu coração está emocionado demais e eu mal posso me controlar, então… – abri a caixa – acredite quando digo que te amo demais e não vejo mais sentido na vida se não for com você e do seu lado, pro que der e vier. Eu sei que não posso te dar muitas coisas, mas dou minha vida se for preciso. Faço tudo o que você quiser, e não menti quando disse que estou em suas mãos, como agora também aos seus pés.  – ajoelhei-me. - Casa comigo, minha Rainha! Viva ao meu lado e passe o resto da vida comigo, porque eu preciso, e prometo que vou fazer o meu melhor pra você ser feliz e nunca se arrepender de ter me escolhido! – meus olhos estavam marejados de lágrimas. Ela pôs a mão sobre os lábios e chorou balançando a cabeça.

      - Eu… eu nunca ouvi nada tão lindo a vida inteira! Levanta desse chão, sua maluca! – segurou-me pelas mãos. Eu me levantei.

    - E isso quer dizer o que? - perguntei mais nervosa.

    - Claro que eu quero, meu amor! Você sempre foi tudo o que queria! Sim, sim, sim!!!

E nos abraçamos e ficamos assim por longos instantes.

    - Posso pôr a aliança em você?

    - Claro, Emmy! - falou emocionada.

Coloquei a aliança em seu anelar direito e o beijei em seguida. Ela pegou a outra aliança e me pôs no dedo. Beijou-me a mão duas vezes.

    - Eu arrumei uma quitinete em Copacabana, na verdade ela é de uma amiga da Kris. É pequena, tem uma sala, um quarto, um banheirinho e uma cozinha modesta. Pra mim é boa até demais só que você tem costume de coisa melhor! – abaixei a cabeça e depois tornei a encará-la – A dona acabou de reformar porque o inquilino anterior saiu, e eu pedi pra ficar lá, mas é claro que eu quero que você veja pra dizer se gosta ou não. Ela disse que no dia que a gente quiser ver é só telefonar uns minutos antes e ela nos mostra. Só pediu que fosse depois do ano novo. Aluga mobiliada e tudo!

    - E eu não vejo a hora! – mostrou-me um sorriso largo.

    - Vai ter coragem de ir morar comigo em um lugar mais simples?

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