12 - Condescendência

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Compreensão 

Dias depois, chegava da faculdade e minha avó não estava com uma cara muito boa me esperando na porta.

- Emma, nós temos que conversar.

"Ai meu Deus, lá vem" - O que foi vó?

- Hoje cedo chegou um armário novo, uma geladeira e um fogão. Os homens deixaram as caixas no quintal porque não deixei que isso entrasse aqui em casa. Nem sei como você conseguiu que eles aceitassem subir essas escadas carregando esse peso!

- Eu não sei do que a senhora está falando.

- Emma, com que dinheiro comprou todas essas coisas???

- Mas eu não comprei! E se for engano?

- Eles vieram procurando por você! Que diabo de engano é esse?

- Deixaram nota da loja, alguma coisa?

- Tem a nota de recebimento que me pediram pra assinar. Disseram que, se eu não assinasse, eles teriam problemas com a loja e, por pena deles, assinei, mas me arrependi.

- E cadê essa nota?

- Em cima das caixas.

Peguei a nota e decidi telefonar para a loja.

- Vou no orelhão agora mesmo e ligo pra loja pra esclarecer isso. Espera um pouco.

Falando com um funcionário da loja descobri que tudo havia sido comprado por Regina dois dias antes e fiquei chocada. Meu coração acelerou sem controle e senti lágrimas escorrerem em meu rosto.

"Meu Deus, por que ela fez isso? Então já está de volta ao Brasil. E como vou explicar isso pra minha vó??0?"

- E então? O que eles disseram?

- Lembra da Regina? Aquela minha amiga que veio aqui? Foi ela quem comprou tudo.

- Como é que é?! Mas ela é só uma menina, como pode ter dinheiro pra alguma coisa? E por que fez isso??? - gaguejava surpresa.

- Acho que se comoveu com nossa situação. E, quanto ao dinheiro, ela tem o dela. Os pais nem se metem nisso. 

-Mas... O que a gente vai fazer agora com essas coisas? Você precisa falar com ela! A gente não pode simplesmente aceitar e colocar pra dentro de casa.

- Eu vou ligar pra ela agora. Dá só um mais uns minutos.

"Falar com Regina depois de tudo, depois desse tempo todo sem nos vermos... Meu Deus!" Disquei o número, minhas mãos tremiam, então aguardei. Dolores atendeu e esperei por Regina. Ao ouvir sua voz, congelei.

- Alô? Emma? Ainda está aí?

"Como é bom ouvir sua voz, Regina!"

- É... eu... tô! Tudo bem?

- Sim e você?

- Melhor agora que ouvi sua voz. "Pare de se derreter, imbecil!"

- Quer conversar comigo?

- Eu... Na verdade eu liguei principalmente por causa de uma coisa. Recebi um verdadeiro Caminhão do Faustão hoje em casa e minha avó ficou sem entender... Por que tá fazendo isso, garota?

- Porque você merece. - Mereço? Ela só pode estar brincando comigo!

- Como vai explicar isso para seus pais?

- Eu já disse que tenho minha conta no banco e a administro desde os 13 anos. Meus pais não procuram saber sobre isso. Minha avó deposita esse dinheiro pra mim.

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