Prólogo

1.3K 29 9
                                    

Quantos sonhos será que cabem no coração de uma menina de dezoito anos? Planos de uma vida inteira, pensados com a certeza de que nem mesmo o céu seria o seu limite. Uma vida planejada pensando no futuro. Boas notas, bons conceitos, boas conexões.

Se tornar uma bailarina famosa, médica, professora, arquiteta. Esperar um tempo para entrar na faculdade e viajar pelo país. Casar com o amor de sua vida, construir uma família e ter uma casa com piscina. Nessa idade tudo parece tão fácil, tão simples que nada de ruim poderia acontecer e atrapalhar a perspectiva de futuro garantido. Afinal, o que poderia dar errado na vida de uma garota que havia acabado de completar dezoito anos e que tinha um futuro brilhante pela frente?

E eu respondo: tudo pode dar errado.

Os meus planos, bem, os meus planos ficaram em algum lugar do passado, na casa em que havia crescido ou então enterrados no cemitério junto às duas pessoas mais importantes da minha vida. Juntos da ilusão de que nada ruim aconteceria comigo.

"Sinto muito, Flávia, mas seus pais não sobreviveram..."

"Desculpe Senhorita, mas isso é uma ordem de despejo"

As palavras do médico misturavam-se à notícia dada pelo advogado de meus pais, estilhaçando o vidro da minha redoma e transformando todos aqueles planos e felicidade em algo ilusório, em um verdadeiro pesadelo. Eu estava órfã e no olho da rua. Longe de tudo que um dia havia sonhado pra mim. Há setenta e duas horas, uma realidade, até então desconhecida, havia batido em minha porta me mostrando um lado da vida que nunca pensei que fosse conhecer.

– E então, Flávia, o que me diz? O que acha de ir conhecer minha boate e durante o caminho eu posso lhe explicar como as coisas funcionam por lá? O bordel fica no SoHo então teremos bastante tempo para conversar... – a mulher insistiu.

Mesmo com a leve iluminação dos focos de luz da praça, eu conseguia ver quase perfeitamente a dona da voz suave, que persuadia com uma proposta indecente. De longos cabelos castanhos ondulados, que emolduravam perfeitamente seu rosto fino e jovial, ela exalava uma sensualidade apenas vista em atrizes famosas de cinema e fazia-me perguntar se de fato tudo aquilo era verdade.


Margareth era o seu nome e ela me encarava com aqueles olhos castanhos, destacados por uma maquiagem preta, cheios de expectativas como se não esperasse um "não" como resposta. Eu prostituta? Minha boca abria e fechava sem que conseguisse encontrar minha voz para respondê-la.

Eu esperava que tudo aquilo fosse uma brincadeira de mal gosto ou uma enorme mentira, já que simplesmente não conseguia assimilar que Margareth era, nada mais e nada menos do que uma cafetina, que estava me chamando para conhecer seu bordel. Entre todos os meus planos e sonhos de uma vida inteira, entrar para o mundo da prostituição nunca fora uma opção, mas naquele momento, todo o futuro que um dia havia sonhado para mim, tinha ficado em algum lugar extremamente distante.

– Me leve até lá... – e essas foram minhas últimas palavras antes de Margareth sorrir presunçosamente e me levar até seu carro preto, estacionado logo na esquina.


****
Olá olá meus amores, tudo bom com vcs?
Depois de muita conversa e muito pensar, graças a soueunathy eu decidi trazer o meu xodó para vocês. Infelizmente (ou felizmente) vai ser uma história 100% flagui porque não vou adaptar ela para a realidade brasileira e, se trouxesse o universo qmvm para NYC, ia ficar bem estranho. Essa história é uma história original e tirando Flagui, os personagens são todos meus. Espero que não se importem com o abrasileiramento em nyc, ele vai ser explicado ao longo da história para não sair tanto de contexto.
Não deixem de votar e comentar ❤️

Soho Dolls - flaguiOnde histórias criam vida. Descubra agora