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Just put your skin, baby, on my skin.

Eu ainda esperava que sua definição de "vamos sair daqui" fosse um canto afastado no parque ou o seu carro estacionado em um lugar escuro. Esperava que ele tivesse um fetiche exibicionista ou gostasse de uma adrenalina na hora do sexo e nos levasse para, sei lá, um beco, de volta para a boate, um quarto de hotel ou qualquer lugar que já estava acostumada a ser levada. Contudo, no momento em que Guilherme deu a volta no parque, cruzou a Quinta Avenida e então entrou dois quarteirões depois, logo na Park Avenue em direção aos prédios luxuosos de toldos verdes e choferes com cap na calçada, eu precisei encará-lo duas vezes para me certificar do que estava desconfiando.

Com sua postura relaxada atrás do volante e uma mão boba acariciando o interior de minha coxa durante o caminho, era difícil acreditar que ele estava tão apressado que não pudesse nos levar até o hotel mais próximo.

E foi então que ele parou em frente a um prédio de tijolos à vista, com uma entrada discreta de vidros fumê e molduras douradas sob o típico toldo verde, logo em frente ao típico chofer. Puxou o freio de mão, me deu uma piscadela com aquele típico sorriso mela calcinha e então desatou o cinto de segurança. Me fazendo logo perceber que aquela não era uma parada típica para pegarmos alguns preservativos ou brinquedinhos para a noite.

Bem, mas onde eu estava com a cabeça? Nada que vinha dele era típico, a não ser pelo prédio onde possivelmente morava... Nem mesmo seu maldito sorriso poderia ser considerado algo típico.

– Vamos?! – Guilherme gesticulou com a cabeça em sinal para que eu o seguisse para fora do carro. Definitivamente não haveria nada de breve naquela parada.

– Vai me deixar estacioná-lo hoje, Senhor?! – o rapaz parado na calçada sob o toldo, de no máximo uns vinte e cinco anos, vestido com um uniforme branco e cap de chofer, nos recebeu com um sorriso brincalhão e animado.

– Cuide bem do meu bichinho, Carry! – Guilherme sorriu com o mesmo estado de espírito que ele, mas em um tom falsamente repressor, o entregando a chave do carro.

– Pode deixar, Senhor Bragança! – Carry garantiu com um sorriso deslumbrado dessa vez, batendo dois dedos no cap em uma espécie de continência antes de dar meia volta e entrar no carro de onde saímos.

– Tome cuidado com a...

– Pilastra, pode deixar! – o rapaz inteirou antes de entrar no carro.

– Ah, não me diga que é possessivo com o carro! – foi a minha vez de provocar, utilizando de meu costumeiro tom de voz macio para falar com ele.

Guilherme deu um sorriso de divertimento, levando a mão direita até a base da minha coluna, repousando gentilmente sobre a pele nua de minhas costas

– Sou cuidadoso apenas. Mas Carry me parecia tão entediado parado aqui na frente... – ele se explicou, passeando com a ponta dos dedos pela curvatura das minhas costas, fazendo-me arrepiar dos pés à cabeça com o calor de sua mão.

– Muitíssimo entediado... ele deve ter ganhado a noite por estar estacionando seu carro nesse exato momento! – eu respondi, entrando em sua brincadeira.

O divertimento passou rapidamente para algo galanteador assim que ele nos guiou para dentro do prédio, em um hall de entrada espelhado demais, luxuoso demais e com um piso de mármore branco demais. Assim como a porta de entrada sugeria, a parte de dentro possuía ornamentos igualmente dourados, desde as molduras dos espelhos até aos detalhes dos vasos de plantas e aos adornos do lustre de cristal no centro do teto. Todos os detalhes puxados para um estilo imperial, mas extremamente moderno ao mesmo tempo.

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