– Marcos, eu juro que odeio amar você. – eu reclamei ofegante, reduzindo aos poucos a velocidade da esteira antes de desligá-la por completo.Depois de ter passado dois dias longe dos exercícios de Marcos, enquanto um deles foi passado em uma poltrona de hospital, ter retornado com tudo me causava uma sensação de quase morte.
Vanda havia ficado de observação por 24h no hospital, mas com o retorno da sua médica para chegá-la e assinar sua alta, elas constataram mais um pouquinho de sangue que, apesar de ser em menor quantidade, ainda fazia Dra. Collins franzir o cenho em preocupação. Com isso, minha amiga precisou ficar mais 12h em observação e eu simplesmente não podia deixá-la sozinha, mesmo precisando urgentemente da minha cama e um banho quente.
– Não odeia não. Não foi tão ruim assim, foram apenas trinta e cinco minutos de esteira e uma sequência de musculação leve.
– Não foi tão ruim assim? Minhas coxas estão ardendo!
– Então quer dizer que funcionou, vamos, está livre. – meu amigo sorriu, me entregando uma garrafa com água gelada e uma toalha de rosto.
– Sorte a sua que não tenho mais forças para nada porque minha vontade é de socá-lo! – eu reclamei mais uma vez, aceitando de bom grado as coisas que ele me alcançava. – Preciso checar como está Vanda, você vem comigo?
Desde a sua alta, Vanda estava pensativa e suspirando fundo e eu sabia que a conta exorbitante do hospital era a responsável pela preocupação da minha amiga.
– Claro, tenho uma hora até o treino de Cora e Megg. Confesso que prefiro as suas ameaças ao ter que lidar com Cora. – foi a sua vez de reclamar, revirando os olhos entediado.
– Eu aposto que sim e ficaria extremamente ofendida se fosse o contrário. Eu sou ciumenta, você sabe! – eu sorri, mandando uma piscadela a ele enquanto secava metade da garrafa de água antes de sairmos da academia improvisada.
– Nina, hey! – Candy, a nossa garota ruiva e misteriosa anunciou sua entrada antes que saíssemos. – Tem um rapaz na sala procurando por Mia. Não sabia se poderia chamá-la, então preferi perguntar o que fazer para você primeiro.
– Imagino sobre quem se trata... – eu respondi em uma troca de olhares cúmplice com meu amigo. – Fez bem, Candy. Vamos conversar com ele.
A moça deu um sorriso reconfortante e então permitiu que seguíssemos até a sala, vindo atrás de nós em seguida. Candy era uma boa pessoa, apesar de todo o mistério que ela trazia, eu gostava dela mesmo que Megg, Cora e as demais meninas não gostassem de seu jeito reservado. E naquele momento, eu havia decidido que tinha um apreço ainda maior pela moça.
Exatamente conforme esperávamos, vestindo um Armani Slim azul marinho e com as mãos dentro dos bolsos da calça social, estava o homem causador dos alvoroços na vida da minha melhor amiga. Com seus bons 1,90 de altura e um corpo esguio, cabelos castanhos claros e uma barba bem cuidada, Aaron aguardava Vanda vir ao seu encontro com toda a sua elegância e inquietação.
Era até estranho vê-lo ali, no meio da sala de estar, entre três sofás cinzas – que um dia foram pretos – e sobre um tapete vermelho ridículo. Era gritante o quanto ele destoava daquele cenário decadente e que tinha uma indecência implícita no ar. E o mais estranho ainda era que ele não estava nem um pouco deslocado, inclusive quem não entendesse o que acontecia por ali, poderia jurar que ele estava na casa de um amigo de infância.
– Aaron, por favor, qual parte de dar um tempo a ela você não entendeu? – eu falei em um tom cansado, atraindo sua atenção. Ele suspirou fundo e então virou-se para mim.
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Soho Dolls - flagui
FanfictionUma noite. Um acidente. Uma proposta. E a vida de Flávia nunca mais seria a mesma. Aos dezoito anos, ela é mais uma vítima das peças que o destino prega, a obrigando a tomar a decisão mais difícil de sua vida e que arruinaria todos os planos que um...