Space is just a word made up by someone who's afraid to get close...
I want you close and close ain't close enough– Guilherme, hey! Não queria atrapalhar vocês, mas Emily esqueceu o carregador do notebook e eu acabei deixando para trás o meu iPad... – o rapaz explicou um tanto sem jeito, com as mãos nos bolsos da frente do jeans. – Preparei algumas ideias para a vinícola e preciso mostrá-las para a mamãe.
Oh merda!
Oh merda, mil vezes merda!
De repente tudo passou a girar, o ar parecia não querer chegar aos meus pulmões e eu podia jurar que minhas pernas ameaçavam fraquejar.
– Está tudo bem, estávamos apenas tomando café da manhã... – Guilherme explicou, dando de ombros e então virou-se para mim. – Flávia, este é meu irmão Marcelo!
Eu tentei fazer com que o ar voltasse para mim, tentei voltar a respirar e sentir que as coisas haviam parado de girar, porém, eu tinha plena convicção de que poderia desmaiar a qualquer instante. Porra, isso não podia estar acontecendo.
Não podia.
O choque estampado em minhas feições provavelmente era um reflexo da reação que estava no rosto do homem que havia acabado de chegar. Assim como a confusão, o desconforto e o leve constrangimento presentes naqueles olhos esverdeados. Era claro que eles eram irmãos, era óbvio que a vida iria fazer isso comigo.
Porra, como eu não havia reparado antes a leve semelhança entre eles?!
Marcelo me encarava incrédulo, surpreso, confuso. Era possível ouvir de longe as engrenagens de sua mente trabalhando, tentando converter e compreender aquela situação, porém, eu sabia que quem deveria pelo menos tentar contornar aquele cenário era eu.
Porra eu deveria estar acostumada, deveria conseguir atuar e encarar a personagem que havia criado para momentos parecidos. Eu deveria conseguir falar alguma coisa, mas não era como se existisse um protocolo a ser seguido quando se descobre que acidentalmente fez um programa para o irmão do carinha que mexia com cada molécula do seu corpo.
– Marcelo, hey! Como vai? – eu falei com um sorriso forçado, sem conseguir esboçar uma reação melhor.
– Oh bom dia! É bom finalmente poder conhecer você, Flávia! – ele respondeu após longos segundos sem reação, enfatizando meu nome, embolando-se nas palavras e desviando o olhar nervosamente. Se a minha reação havia sido péssima, a de Marcelo havia conseguido me superar. Porém, ainda assim parecíamos dois robôs desconfigurados, evitando ao máximo qualquer contato visual. – Bem, vou deixá-los tomar café da manhã. Vim apenas para pegar algumas coisas, desculpem pelo incômodo.
Rapidamente ele tratou de sair, seguindo em direção as escadas e subindo os degraus de dois em dois, de forma apressada e sem olhar para trás. Deixando em mim uma vontade imensa de que aquilo não tivesse acontecido. De que Guilherme e eu nunca tivéssemos saído do quarto. De que Marcelo nunca tivesse cruzado meu caminho.
Ou melhor, o caminho de Nina.
Um silêncio desconfortável se formou em nosso café da manhã e simplesmente me faltava a coragem necessária para encarar o homem ao meu lado. Era óbvio que ele havia notado a estranheza entre seu irmão e eu, Guilherme não era idiota e até mesmo uma criança teria percebido que algo não estava certo.
– O que foi que aconteceu ali? – Guilherme perguntou desconfiado, me fazendo apoiar os cotovelos sobre a mesa e esconder o rosto em minhas mãos, massageando minhas têmporas e então esfregando o rosto naquele gesto tipicamente de nervosismo. – Me diga que não é o que eu estou pensando.
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Soho Dolls - flagui
FanfictionUma noite. Um acidente. Uma proposta. E a vida de Flávia nunca mais seria a mesma. Aos dezoito anos, ela é mais uma vítima das peças que o destino prega, a obrigando a tomar a decisão mais difícil de sua vida e que arruinaria todos os planos que um...