Say it for me and say it to me and I'll leave this life behind me. Say it if it's worth savin me.
O escuro veio, trazendo consigo o alívio de não precisar sentir mais nada. Nem dor ou raiva, ou desespero. Nada. Tudo estava em silêncio, quieto, tranquilo. E assim permaneceu.
Eu sentia que precisava me mover, mas meu corpo havia se tornado algo distante e pesado, como se alguém tivesse me desmontado e deixado as partes amontoadas de qualquer jeito sobre a cama. Na verdade, eu tinha a plena convicção de que era exatamente dessa forma que eu estava. Aos pedaços. E não apenas fisicamente.
Aos poucos a inconsciência se aproximava, deixando meus pensamentos mais turvos e desconexos, apagando o abalo emocional que estava sentindo.
Então assim que era morrer?
– Ela está aqui, eu a encontrei! – uma voz firme invadiu a aura pacífica que havia se formado ao meu redor, me prendendo de volta naquela linha tênue entre a consciência e inconsciência.
Um tempo considerável havia passado entre o alívio de não estar mais sentindo nada e o momento em que a voz me trouxera de volta. Porém, não havia sido tempo bastante... eu não queria mais voltar.
– Alguém chama ajuda, por favor! – gritou a voz mãos uma vez.
Os passos firmes e desesperados condiziam com o tom de voz da pessoa em questão e eu podia ouvir ao longe eles adentrando pelo quarto, aproximando-se de mim.
– Oh menina, o que foi que fizeram com você... – a voz soou preocupada, mas eu não conseguia emitir nenhuma reação. – Eu vou cobri-la para tirá-la daqui, ok? Vai ficar tudo bem! Só me dê alguma reação para eu saber que você está bem...
Duas mãos grandes e quentes envolveram meu rosto, me sacudindo levemente.
– Porra ela está gelada, por favor alguém chama um médico! – o tom mais firme me fizera reconhecer rapidamente quem era o homem preocupado que havia me encontrado. Mitchell. E cuidadosamente, pude senti-lo me cobrir com algo, aquecendo instantaneamente meu corpo. – Nina, você está me ouvindo? Nina?!
Eu tentei esboçar alguma reação, qualquer que fosse, mas me faltavam forças para que conseguisse abrir meus olhos ou emitir algum som.
– Não acredito que essa vadia estava dormindo esse tempo todo enquanto procurávamos por ela! – uma segunda voz masculina apareceu no quarto, que era impossível de não reconhecer.
– Cala a boca seu imbecil, não está vendo que ela está desacordada e ferida? Esse filho da puta só pode ter drogado ela!
– Como pode ter certeza? Você sabe como essas garotas são, cheiram e injetam até perderem os sentidos!
– Chame agora uma ambulância, um médico ou qualquer coisa. Ela precisa de atendimento médico! Sabe-se lá o que infernos deram e fizeram com ela!
– Ambulância aqui? Você só pode estar louco! Além de gastar uma nota só para ter uma ambulância, de quebra vai todo mundo em cana. Inclusive você! – Roni retrucou. – Ela é uma garota de programa, Mitchell, uma prostituta. Fizeram com ela o que qualquer homem que entra por aquela porta faria!
– Eu vou levá-la para dentro e juro por tudo que é mais sagrado que, se essa garota morrer, eu o caço até no inferno, mas juro que mato você! Estou farto das suas merdas, Roni, farto!
– Não me diga que ela lhe deu um belo de um chá de buceta e que você caiu na dela, Mitchell.
– Vai para o inferno, Roni, e lave sua boca para falar dela! Nem todas as mulheres são um buraco quente que só serve para foder. Ela é um ser humano e eu gosto dessa garota como se fosse minha filha!
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Soho Dolls - flagui
FanfictionUma noite. Um acidente. Uma proposta. E a vida de Flávia nunca mais seria a mesma. Aos dezoito anos, ela é mais uma vítima das peças que o destino prega, a obrigando a tomar a decisão mais difícil de sua vida e que arruinaria todos os planos que um...