XXXVI

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– Uau, posso saber para quem são essas flores? Espero que sejam para mim porque senão vou ficar com ciúmes de quem for recebê-las. – eu brinquei com ele com um sorriso travesso nos lábios.

– Hum você se lembra que disse que só aceitaria minhas flores se elas fossem cinco vezes maiores do que aquelas que tentei lhe dar daquela vez? Não tenho certeza se essas aqui são precisamente cinco vezes maiores, mas era o maior buquê que eles tinham, se eu quisesse maior teria que esperar cerca de uma hora para eles montarem... – Guilherme se explicou com divertimento, encolhendo os ombros mas respondendo ao meu sorriso.

– Oh essas estão ótimas, pelo que eu me lembre elas são na verdade maiores em 5,1 vezes! – eu respondi, apanhando o buquê que ele me entregava para em seguida deixar um beijo em seus lábios. – Muito obrigada, elas são lindas. Vou colocá-las na água e nós já podemos ir.

– Bom dia, vocês dois! – Guilherme deu um sorriso largo para os meus amigos sentados no sofá, que eu sabia que fingiam estar mexendo em seus celulares como disfarce para nos "espionar".

– Olá, Doutor! – eles responderam quase juntos, fazendo o homem à minha frente dar uma risada de divertimento com a reação. – Arrasou demais nas flores! Estou torcendo para que dessa vez ela fique com elas! – Marcos prosseguiu, transformando o rosto de Guilherme em algo levemente vermelho.

Eu sequer me lembrava de que Marcos estava comigo quando Guilherme havia tentado me entregar o buquê naquele dia. Uns dias após nossa briga e um dia antes de Zack ter cruzado meu caminho na boate. Tudo aquilo parecia ter acontecido em uma outra vida.

– Nós temos vaso para que eu possa colocá-las na água? – eu perguntei.

– Infelizmente não, amor, você foi a primeira entre nós a ser mimada como merece... – Marcos respondeu em um tom de pêsames encenado.

– Realmente, eu ganhei um bebê e uma demissão! E Marcos ganhou um jantar romântico essa semana... – Vanda apontou em um tom um tanto melancólico, que fez Guilherme me lançar um olhar confuso, mas que eu logo tratei de balançar a cabeça em sinal de que explicaria sua fala em um outro momento.

– Mas falando nisso, Vanda e eu podemos comprar um na Target hoje mesmo, assim posso aproveitar e comprar mais algumas coisas que estão faltando na nossa cozinha também. O que acha, Vandinha? – Marcos logo sugeriu e eu sabia que essa tinha sido a única maneira que ele havia encontrado de possivelmente conseguir tirar Vanda um pouco de dentro de casa, uma vez que nossa amiga não recusaria por nada um passeio naquela loja de departamento.

– Hum, essa é uma boa ideia, faz tempo que não vamos lá... – ela respondeu, mas não com o entusiasmo de sempre.

– Ótimo! Fique tranquila que nós colocamos duas flores na água, pode ir com o seu Doutor! – meu amigo adicionou, me dando uma piscadela cúmplice que me fazia entender que não era exatamente sobre as flores que ele falava.

Nós dois nos despedimos das minhas duas pessoas favoritas e assim que a porta foi fechada, Guilherme não demorou meio segundo para apanhar a minha bolsa estilo tote bag que eu havia arrumado para o final de semana e me empurrar contra a parede mais próxima do corredor. Suas mãos seguraram meu rosto para si e ele tinha um sorriso travesso que o fazia parecer mais como um adolescente aprontando do que propriamente o adulto que era. Meu corpo havia virado uma gelatina contra o dele e meu coração batia acelerado, totalmente em sintonia com a agitação que havia se apossado da boca de meu estômago... me mostrando que ele não era o único que parecia ter algo em torno de quinze anos quando estávamos juntos.

Seus lábios encontraram os meus em meio ao sorriso cúmplice que trocávamos, me dando um beijo demorado que me roubou o fôlego pela forma intensa com que sua língua se apossou da minha.

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