XXXVII

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Nós dançamos e bebemos durante boa parte da noite... ou melhor, eu dancei para ele e nós bebemos juntos boa parte da noite, onde ele tentava acompanhar meus movimentos e eu me divertia às suas custas. O camarote onde estávamos não estava tão cheio quanto os outros e quanto a pista comum de dança, o que nos dava uma espécie estranha de privacidade e exclusividade. E não seria preciso dizer que era este o perigo.

A Chefe havia saído da entrada para atender ao bar de nosso camarote, nos dando assim alguns drinks por conta da casa e conversando com Guilherme nos momentos em que ele se sentava para descansar e enquanto eu socializava com as outras pessoas dali. Era incrível ver o quanto ele estava genuinamente se divertindo e inserido em um cenário que passava longe de ser algo que ele estava acostumado. Mesmo que tivesse me dito que fazia muitos anos desde a última vez em que havia estado em uma balada, ele não parecia que sequer estivesse precisando se esforçar para se encaixar porque ele realmente queria estar ali.

Dançando com nossos corpos colados em um ambiente escuro e quente com nós dois levemente embriagados. Com todos os tipos de mãos bobas e provocações sussurradas que a falta de iluminação podia nos favorecer, somada às pessoas ao nosso redor muito concentradas em curtir suas noites para repararem em nossas provocações na pista de dança.

– Eu estava quase me esquecendo de que tem pole dances espalhados por todo esse lugar... – eu falei contra o seu ouvido para que ele pudesse escutar mesmo com a música alta. – Vem...

– Você sabe que não precisamos mais disso, certo? – ele respondeu hesitante, mordiscando seu lábio inferior como se tivesse mais alguma coisa que quisesse dizer, mas que estava se contendo para não falar.

– Está brincando? Eu amo o pole dance, Doutor, e amo dançar para você. Isso não tem nada a ver com aquele lugar! – eu respondi, o fazendo sorrir em uma espécie de alívio por me ouvir dizer aquilo.

Eu o puxei pelas mãos em direção ao pole dance parcialmente escondido ao fim do camarote, que se iluminou com uma luz vermelha ao nos aproximarmos. Era algo simples e em um canto um tanto apertado, que servia apenas para o fim que daríamos a ele e não para uma apresentação propriamente dita, como costumava a fazer. Porém, naquele momento seria de bom tamanho.

Eu comecei dando dois giros completos nele mantendo nosso contato visual, mas me limitando com os movimentos devido ao espaço e toda limitação resultante do álcool. Em contrapartida, eu o coloquei encostado ao pole dance, dançando contra o seu corpo como faria se ele não estivesse ali. Rebolando e descendo colada contra ele, sentindo suas mãos me percorrendo por onde conseguia e tentando me prender contra si a cada roçar e rebolar de meus quadris.

Meu corpo tinha memória, memória dos movimentos e de como eu gostava de quando deixava a música fluir por ele.

De como eu realmente gostava de me sentir bem e sedutora enquanto dançava. Em especial para ele.

A música tocava alta, mas minha mente levemente embriagada e totalmente excitada fazia com que eu não conseguisse identificar com exatidão qual era. Eu sentia minha pele suada por não ter parado ainda de dançar naquele lugar abafado, mas eram as mãos grandes de meu Doutor percorrendo meu corpo e sua boca espalhando beijos pelo meu pescoço despido, enquanto mexia em meus cabelos presos num rabo de cavalo, que faziam meu corpo ferver.

E foi quando eu me prendi ao pole dance, envolvendo sua cintura com as pernas enquanto me segurava ao cano sobre sua cabeça, que ele me segurou com as mãos pela minha bunda, procurando faminto pelos meus lábios. Mas antes mesmo que ele pudesse alcançar minha boca, eu me afastei com um sorriso provocativo. Estávamos fora de si e por mais que a música seguisse tocando alta, o restante da pista de dança havia sido esquecida no fundo de nossas mentes.

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