Capítulo Bônus: Desculpa

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Voltando ao frio e vento cortantes de Westopolis, o ouriço prateado estava sentado numa poltrona de um apartamento rústico, com decorações clássicas de madeira escura, cujos carpete e lâmpadas davam um ar de aconchego, parecia ter voltado no tempo. O aroma de chá dominou a sala de estar quando a matriarca chega com uma bandeja de prata carregando várias xicaras e um bule de porcelana.

Silver nota que, ao lado da poltrona da mãe da gata roxa, há uma fotografia do pai e da mãe grávida, próxima a outra foto que tinha Blaze quando pequena, mas somente com a mãe.

– Então. – A mais velha se ajeitou na cadeira, voltando a atenção do jovem para ela. – Silver? – Ele fez que sim com a cabeça. – Blaze falou bastante de você, quer chá?

Antes que ele pudesse recusar ela já havia preenchido metade da xícara. As porcelanas eram pintadas de um azul bebê com folhas e galhos percorrendo toda a peça, com todo cuidado Silver pegou o chá e apoiou no pequeno pratinho.

Silver odiava chá, estava nervoso de fazer cara feia quando tiver que inevitavelmente tomar um gole. Olhou para a namorada que sabia do desgosto pela bebida do rapaz e só deu uma feição de "desculpa".

– Eu vou esperar esfriar. – Falou tímido.

– Chá é melhor tomado quente, é quando os sabores estão mais aflorados. – Respondeu com um sorriso sereno.

O rapaz, com muito esforço, tomou um gole e forçou muito para não fazer careta.

– Uma delícia, a senhora que fez?

– Sim. – Aquela senhora era tão comunicativa e sorridente, Blaze era totalmente o contrário, sempre calada e neutra o rapaz se perguntou como. – Então Silver, Blaze minha filha. A quanto tempo vocês estão namorando?

– Dez meses? – O prateado perguntou.

– Nove. – A outra corrigiu.

– Bom quais são os meus modos? Querido meu nome é Hana.

– Muito prazer, senhora Hana.

– Então, quais são seus objetivos em namorar minha filha? – Silver engoliu seco.

– Bom, eu amo sua filha e queria ter talvez uma vida junto se tudo der certo.

– "Queria", "talvez" e "se tudo der certo". – Hana falou na maior calma do mundo, transformando aquilo tudo num pesadelo pra Silver. – Interessante.

Blaze viu o olhar de desespero do namorado, e o pior de tudo é que ela mal sabia o que fazer. Entretanto, sabia que sua mãe faria perguntas de gaveta, feitas para Silver não saber responder direito, e ela teria que intervir.

– E o que exatamente seria essa "vida juntos"? – Dito e feito, conhecia sua mãe suficiente.

– Nós não estávamos pensando muito no futuro ultimamente, mãe.

– Então por que ele falou sobre viver juntos?

– Porque é o que queremos para o futuro.

– Então qual o problema de dizer sobre o futuro?

– Porque vivemos no presente, mamãe.

Não se tinha tempo para respirar, era um ping pong de perguntas e respostas, em um tom calmo e sereno. Parecia uma guerra fria naquela sala quentinha e confortável.

– É verdade, sua mãe as vezes pensa demais. É a idade. – Blaze por um segundo pensou que Hana havia parado, mas só tinha dado tempo de respirar. – Por que não deixa o rapaz falar por ele?

– Ele é um pouco lerdo, é o charme dele. – Abraçou o braço de Silver.

– E eu pensando que o azul fazia seu tipo. – Riu a mãe, se referindo a Sonic.

Hard to Say "I Love You"Onde histórias criam vida. Descubra agora