"Eu falei de cores, eu falei de amores. Baby sem você, tudo é tão sem sal..."
Agatha
Cheguei em casa praticamente correndo, em minhas mãos, dois saquinhos brancos que seriam essenciais para o homem a quem jurei amar.
- Oii, meu amor, tô aqui, eu trouxe o que você precisava. -falei enquanto me sentava no chão e com cuidado colocava a cabeça dele no meu colo.
Ele estava com um pequeno corte na cabeça, causado pelo copo. O estrago era simples, comparado ao estrago que o dono do morro faria comigo. Já que aquela era mais uma das incansáveis vezes que eu comprava drogas para pagar depois.
Enquanto patrão aspirava aquele pó com tanta pressa, me perguntei como pude estar vivendo tudo isso, a dor me atingiu em cheio, o pensamento do que as pessoas pensariam de mim, a dor de imaginar o que os meus pais pensariam de mim se me vissem.
Não pensei duas vezes em aproximar o meu rosto em direção aquele que era o meu ponto de fuga. Não demorou muito, para que eu sentisse o alívio na minha mente, mas o efeito de felicidade passou rápido demais e quando comecei a ver o meu pai na minha frente, os meus olhos transbordaram as lágrimas grandes e fortes.
Eu não consegui parar e me entreguei a esse sentimento mais um vez.
Após inalar todo o branquinho, peguei o cachimbo, as outras coisas eram fracas demais para aplacar os sentimentos que eu sentia. Eu estava em um lugar do qual eu não conseguia sair, era como um ciclo, quanto mais eu tentava sair, mas me afundava. O homem no meu colo estava tão fraco que eu mesma tive que colocar o cachimbo próximo ao seu rosto, para que ele pudesse sentir o mesmo alivio que eu.
As diversas sensações me faziam ter diferentes sentimentos e logo conseguir ver coisas distintas, luzes, animais, bichos estranhos e engraçados, mas dessa vez pude ver os meus pais, eles me olhavam com tanta pena, com desgosto e tristeza. Comecei a gritar, pedindo para que se afastassem de mim, mas não tive sucesso, a minha voz simplesmente não conseguia sair, de repente a minha mãe começou a parecer com uma flor e uma gargalhada saiu da minha garganta. Luan tinha assas e sorria de tanta felicidade, eu sentia que estava pisando em nuvens.
E aquela sensação era boa demais.
Acordei e tentei abrir os meus olhos, mas a claridade era forte demais e fechei os olhos mais uma vez com força. Aos poucos fui me acostumando com a claridade e abri os olhos mais uma vez, dessa vez, com sucesso. Tentei me levantar e uma tontura me atingiu. Mas, aos poucos, consegui ficar de pé.
Olhei em voltar por alguns segundos e notei que estava na minha casa. Caminhei ate o banheiro e me banhei com o restante de agua que havia em um balde. Aqui, não tínhamos mais água encanada, pois não havíamos realizados os últimos pagamentos, nada de energia também.
Escovei os meus dentes com um resto de creme dental, que provavelmente duraria só mais uma semana. Eu estava em uma situação bastante complicada, não havia mais como conseguir dinheiro, mas eu tinha que resolver isso. Caso contrário eu teria muitos problemas. Tentei organizar o máximo que pude a minha aparência, mas não tenho certeza de como fiquei, pois o único espelho que havia aqui foi trocado por algumas pedrinhas.
Fiz o melhor que pude com a minha aparência e antes de sair, caminhei em direção ao homem da minha vida, ele estava tão frágil, mesmo assim dei um beijo em seu rosto, mas ele não se moveu, ainda dormia profundamente. Caminhei para fora da casa e comecei a descer o morro, em direção as pessoas que tanto amo, em busca de uma ajuda, de uma ajuda.
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VICIADA (1° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)
RomanceRomance Dark. Contém temas sensíveis e possíveis gatilhos. Eu o conheci em um baile, eu tinha família e dinheiro, mas troquei tudo por você, pelo nosso amor. No início, flores. As festas continuavam, agora na nossa casa. Álcool já não era o sufic...