Capítulo 13

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Alemão

A vida nunca foi fácil para um preto favelado, se hoje, o bagulho tá assim, imagina a quase quarenta anos atrás?

Ficar sentado em casa e dizer que sabe que tem gente que precisa de ajuda é bem diferente de ser aquela pessoa que precisa de ajuda.

A minha mãe foi foda. Ela era uma dos milhares de brasileiros que passava fome, mas não pensou duas vezes em abrir as pernas e trazer mais gente para sofrer. O bagulho é esse irmão, não é por que foi minha mãe que tenho que dizer que prestou.

Ela abriu as pernas para o senhor meu pai que era um "homem" desses que só faz comer e some no mundo. Minha mãe se iludiu e como o mundo é um puto filha da puta, eu nasci. Mas nos 9 meses que fiquei na barriga daquela miserável, não só me alimentei do seu sangue, como também das drogas que ela usava.

Nasci antes dos 9 meses, talvez por fraqueza, por ódio ou pelo desespero de não aguentar a quantidade de drogas que ela usava.

Eu era inocente, mas a maldade me encontrou antes mesmo que eu chegasse ao mundo e pudesse respirar sozinho. O bagulho foi louco, irmão.

Assim que nasci vieram os primeiros sintomas, tremores, convulsões, falta de sono e não ganhava peso. Tudo isso resultado de meses e meses em que minha mãe se drogou.

Passei 8 meses recebendo vários bagulhos e quando nasci, de cara tive logo uma crise de abstinência. É foda, mas é um fato.

A vizinha da minha mãe com pena me levou pra um hospital, e meses depois tive alta. Uma enfermeira, com quase 50 anos teve pena de me entregar na mão daquela craduda de merda e me levou com ela.

A mulher que me trouxe pra esse mundo usou tanta droga que morreu quando eu tinha uns 6 anos de idade, mas tá ligado que pra mim, a morte dela não foi nada né? E a sorte foi que ela não teve outros filhos, pq no dia do meu nascimento houveram complicações e tiveram que operar ela. Pelo menos um ponto positivo em meio a isso tudo.

Maria, minha mãe, aquela que realmente fez algo por mim, me criou até meus 10 anos. Me ajudou e me ensinou a ser um homem, coisa que eu nunca saberia o que era, se tivesse crescido com aquela viciada de merda.

Mas tá ligado que a vida não foi justa comigo né? Então, com dez anos um câncer levou a minha coroa. Aquela que me ensinou o que era amor.

Foi o fim pra mim, foda demais a única pessoa que você tem no mundo te deixar dessa forma. Eu ainda criança e de quebra, tinha uma pré disposição ao vício. Sendo essa a única herança deixada pela minha mãe biológica.

A minha mãe Maria me fez prometer que jamais me drogaria, ela sabia que eu poderia me afundar, pois eu já tinha no meu sangue o desejo pelas drogas.

Mas quando ela se foi desse mundo, eu me afundei em mim mesmo e foi só questão de tempo. É como diz aquele ditado o a sociedade excluí e o crime abraça.

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Autora:

Gente, o que acharam dele, o nosso Alemão?

Cometem o que vocês acham que vai acontecer, preciso de ajuda para continuar a história.

VICIADA (1° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora