Capítulo 14

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Alemão

A coroa tinha deixado um dinheiro guardado pra mim, tentei sobreviver com ele o máximo que pude, mas em meses depois eu tive que trabalhar ou conseguir alguns trocados.

Era pouca grana, afinal, tudo o que ela tinha foi gasto com o tratamento que ela fazia.

Pedi um emprego na boca, mas eu era só uma criança, achava que já conhecia a maldade do mundo, mas me fodi bonito. O dono do morro me deu a função de fogueteiro, era simples. Ficava em cima de árvores e em caso de invasão deveria soltar os folgos avisando toda a a comunidade que era dia de guerra.

Passei dois anos nessa função, até que outro moleque também preciso de um trampo e eu já era útil para outro cargo.

Virei aviãozinho. Levando droga de um ponto pra outro da favela. Sempre com uma mochila nas costas e cara fechada. Sempre fui na minha, não gosto de intimidade.

Com 13 anos eu já me sustentava, mas você sabe como é né, a adolescência chegando, você sozinho, não deu em outra, me envolvi com uma mina, ela era bem mais velha que eu, já era quase de maior, mas o pai aqui fez e fez bem feito. Nove meses depois eu vi o resultado, um moleque meu, sangue do meu sangue.

A  Novinha não aguentou o parto, teve aqueles bagulhos lá na pressão alta e morreu, mas como a gravidez sempre foi de risco ela me fez prometer que cuidaria do nosso filho e porra, eu podia ser uma criança também, mas eu era um homem. Se fui pra fazer, também seria pra criar.

E assim aconteceu, com 14 anos, fui promovido e me tornei traficante, junto com uma nova responsabilidade veio também um moleque. Meu primeiro herdeiro, pelo o qual eu daria minha vida.

Foi foda, trabalhei feito um condenado. Tudo era pra o meu moleque. Mas pra trabalhar, eu precisava de alguém que ficasse com ele, então conheci a Juliana. Menina de família, batalhadora pra porra, precisava de dinheiro e eu de uma babá.

Ela me ajudava demais, nunca vi maldade nela, mas em um certo dia ela disse que gostava de mim e eu tentei sentir algo por ela, começamos começamos namorar, sei lá, tudo parecia certo.

Ju era foda. Amava o meu filho que já tava com quase dois anos. Eu era novinho, tava com quase dezessete e ela tinha quinze. Era errado, eu era imaturo demais, mas fazer o que quando se cresce no erro?

Pouco tempo depois veio a bomba, Ju tava grávida. Mas foi um bagulho totalmente diferente da primeira vez, ela teve um gravidez saudável e mais um moleque viria ao mundo, mas um herdeiro e a realização de um sonho, eu teria uma família.

Mas como a vida sempre foi injusta comigo, minha felicidade não durou muito tempo. Juliana era saudável, jovem e linda. Mas a saúde emocional dela era fodida.

Eu nunca entendi e ela nunca quis me contar, mas eu sempre respeitei o tempo dela. Até que no dia do parto do nosso moleque ela me disse que havia sido estuprada novinha por um cara, enquanto ela voltava da escola.

Foi foda, fiquei sem reação, não sabia o que dizer, tá ligado?

Ela me disse que nunca tinha contado a ninguém, mas que agora que ela teria um filho, não queria que ele se tornasse o tipo de homem que fez isso com ela. E eu prometi que nosso filho jamais faria isso, que nós o criariamos para ser um homem.

Com 18 anos, eu era um traficante de patente alta, com fuzil nas costas, mas um bandido procurado pela justiça. Mas apesar disso, estava com dois filhos para criar, tava feliz tinha a minha família, e tudo seria deferente.

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Algumas ideia do que vem a seguir ?

VICIADA (1° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora