Capítulo 22

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Agatha

Eu passava a mão na minha barriga e sentia a minha bebê chutar mais uma vez, eu já estava com quase 28 semanas, ou seja, próximo de completar 7 meses. A minha barriga não era tão grande, mas eu fazia de tudo para me alimentar, tomar todos os meus remédios e ainda tentava fazer alguns exercícios dentro do quarto.

Fui interrompida dos meus pensamentos quando a porta do quarto se abriu. Alemão passou por elas e eu me levantei e me sentei rapidamente.

Alemão: - Trouxe uma parada pra você comer. - falou me entregando uma quentinha.

Eu a peguei e coloquei próxima a mim, mas tive que falar com ele, afinal, Mariane não podia me trazer nada sem que Alemão permitisse, e já fazia alguns dias que eu estava com uma vontade absurda de comer doce de leite.

Agatha: Alemão, me desculpa, mas eu gostaria de saber se você consegue pra mim um pouco de doce de leite. Eu sei que é pedir demais, mas se você puder conseguir vou ficar muito agradecida. - falei com vergonha.

Alemão: - Você já tem que ser agradecida por que tá viva. Hum, vai se foder rapá. - falou e saiu da sala batendo a porta.

Os meus olhos marejaram. Eu perdi a fome completamente, mas não podia me dar ao luxo de não comer, afinal, a minha menina precisava se alimentar bem. Então, comi o máximo que pude e coloquei o restante dentro da sacola, próximo da porta, porque geralmente alguém sempre retirava para jogar fora.

Caminhei em direção ao chuveiro e tomei um banho demorado. Eu amava ficar olhando pra a minha barriga e acariciando, pois eu sabia que futuramente eu não teria a minha filha nos meus braços, então eu queria eternizar ao máximo na minha memória a sensação de tê-la junto comigo.

Quando sai do banheiro, ainda enrolada na toalha, tive um susto. Alemão estava sentado na cama com uma sacola nas mãos.

Alemão: - eu só trouxe essa porcaria porque sei que essa criança não tem culpa das merdas que você faz com a sua vida. Não vejo a hora de tirar ela de você pra ela nunca mais ter que carregar uma culpa que não é dela.

Agatha: por favor, para de falar isso. - supliquei.

Alemão: você sabia que ela pode nem sobreviver? Você sabia que quando ela nascer ela pode sentir tudo o que você sentiu? Lembra do seu corpo formigando, as alucinações, os tremores, o desespero? -gritou andando em minha direção.

Alemão: ela pode sentir tudo isso! Tudo! Porque o mundo é injusto demais e também porque você tem culpa de ter se tornado uma viciada, que usava uma pá de droga pesada e não se importou com as consequências - gritou e saiu batendo a porta.

Eu respirei fundo, contei até 20. Respirei novamente, repetindo a mim mesma que estava tudo bem, que tudo iria passar. Comecei a pensar em coisas boas, pensei que eu estava em uma praça brincando com a minha filha...

Eu tinha aprendido esse mantra com Mariana, pois em cada noite que eu perdia o sono ou nos momentos de desespero ela foi me ensinando a controlar isso. Eu não queria causar ainda mais danos a minha filha, eu precisava me controlar para que ela também ficasse tranquila.

Passei a mão na minha barriga mais uma vez e comecei a contar uma historinha para a minha bebê enquanto comia satisfeita o todo o conteúdo do pote de doce de leite. Mas não demorou muito para que eu tivesse que correr em direção ao banheiro para vomitar tudo.

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Boa noite!!!

Último capítulo do dia 💕

Me contem o que vocês acham que vai acontecer, quero palpites.

Tenho mais capítulos pontinhos para amanhã.

VICIADA (1° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora