Capítulo 70

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Agatha

Acordei no meio da noite, tava sem sono e acabei levantando pra tomar água. Aproveitei e passei no quarto das crianças (que já nem eram tão crianças) e assim que notei que tava tudo bem eu voltei pra o quarto.

Alemão tava com o lençol da cintura pra baixo, tinha tirado a camisa e como ele tava bem perto da ponta da cama eu acabei indo me deitar do outro lado.

Antes que eu pudesse me deitar notei que haviam várias marcas de arranhões e roxos pelas costas e também pelo pescoço dele.

Paralisei e me xinguei mentalmente mais uma vez. Eu era tão idiota, claro que eu tinha notado que a maioria dos dias ele ficava bastante tempo fora e tinha dias que ele mal falava comigo, eu tinha dúvidas se ele estava encontrado alguém, mas a imagem diante de mim confirmou tudo o que eu imaginei.

Aquelas marcas nas costas dele eram demais em mim. Claro que ele nunca me prometeu nada, nunca me disse que ficaria só comigo nem nunca me perguntou quem eu queria ser pra ele.

Os meus olhos marejaram na hora, a minha mente insistia pra que eu não me importasse, enquanto o meu coração gritava de desespero ao se sentir traído.

Traído por um alguém que nunca me pertenceu e esse era o argumento perfeito que a minha mente usava para tentar me convencer que eu não podia me importar.

Passei as mãos nos meus olhos limpando as poucas lágrimas que caíram e encarei o fato que eu deveria fazer uma escolha, ou eu iria embora desse quarto ou eu ficaria e fingiria que nada havia acontecido.

Respirei fundo mais uma vez. Eu precisava me controlar. Ele se mexeu na cama e abriu os olhos.

Alemão: Qual foi preta, aconteceu alguma parada? - falo e eu só balancei a cabeça negando.

Alemão: Vem cá vem, eu sei que você teve um pesadelo- falou e me puxou pela mão.

Eu me deixei levar e acabei me deitando naquela cama. Ele ficou meio sentado e me puxou pra perto dele. Deitei a cabeça em seu peito enquanto as lágrimas caiam, o meu peito doía.

Enquanto fazia carinho no meu cabelo ele me dizia:

Alemão: Não pensa besteira, não vai acontecer nada contigo, os meninos estão bem. - falou com a voz rouca.

Ouvir ele e tê-lo tão próximo era tão bom, era a primeira vez que ele fazia isso e essa situação era sem dúvida um dos momentos mais carinhosos que já tivemos.

Alemão: Fica calma, quer que eu pegue água pra você? - falou enquanto avisava o meu cabelo e eu apenas neguei com a cabeça.

Levantei os meus olhos em sua direção e perguntei:

Agatha: Promete que sempre vai cuidar deles? - falei me referindo aos meninos.

Alemão: Não só deles, de você também. Vou sempre cuidar da nossa família. - falou enquanto eu olhava nos seus olhos.

Naquele momento eu percebi que tinha me apaixonado por ele. Eu sabia que isso não me faria bem, mas me deixei levar pelo pensamento de que ele pudesse me amar em algum momento, ou até mesmo que o meu amor fosse suficiente pra nós dois, pra a nossa família.

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Escrevi esse capítulo com o coração pequenininho, tô tão triste com as migalhas que a Agatha se acostumou a receber.

Mas eu preciso que ela aceite isso pra que ela consiga entrar de fato na vida do Alemão.

Quero que ele perceba a vida em uma outra perspectiva. Que ele aprenda a conviver e amar, quero que ele aprenda a ser carinhoso e talvez, só talvez ele não estrague tudo outra vez.

Último capítulo do dia!

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VICIADA (1° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora