Capítulo 12

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Agatha

Esfreguei o meu nariz mais uma vez. Quase um mês havia se passado desde que busquei os meus pais e tive que encarar a dura realidade de que eu estava sozinha no mundo. Agora, a minha família se resumia a mim e a o homem que amei com todas as minhas forças. Lembro-me das infinitas noites que eu ficávamos admirando o céu e fazendo planos para o nosso futuro. Mas em nenhum momento pensamos que tudo acabaria antes do esperado, antes da realização da vida perfeita que achávamos que teríamos.

O dia amanheceu nublado, era o meu aniversario. O dia que eu amava e que eu tinha certeza que estaria com a minha família me acordando com um café da manhã e uma música de parabéns com qualquer presente caro. Por diversas vezes eu acordava de mal humor pedindo para que eles parassem, mas no final eu sempre sorria e dizia que os amava. Eles, meus pais. Aqueles que sempre estiveram comigo.

Já fazem algumas horas que acordei, sigo encarando a porta, representada por uma cortina velha e rasgada, esperando que em algum momento eles passem por ali e diante de mim, me desejem aniversario. Mas isso não aconteceu e não mais acontecerá. Essa realidade dura me consome e ao meu lado eu vejo a fuga dos meus infinitos problemas.

O cachimbo em minha mão, o material que resta é pouco demais para aplacar a dor no meu peito, então eu aspiro o máximo que posso, quero me entregar a escuridão e me entregar de corpo e alma ao que sinto. Mas, de repente ouço um barulho, um grito, preciso me levantar, mas estou fraca demais para isso. O meu corpo não me obedece mais, as minhas pernas fracas parecem que vão quebrar a qualquer momento. Acredito que o meu peso esteja no máximo em 35 kg. Pouco peso para suportar todo o meu corpo.

Tento me segurar na parede, mas antes que eu chegue ate a porta Luan me empurra e corre em direção ao cachimbo que estava o chão, ele pega tudo o que há e caminha para longe de mim. Tentei impedi-lo, mas não consegui alcança-lo.

Gritos e mais gritos começam. Escuto o barulho de coisas se quebrando. Um arrepio invade o meu corpo.

- Seu vagabundo, miserável! - alguém grita e escuto um estrondo.

Consegui me mover, mas não precisei dar mais que dois passos para que um homem se colocasse diante de mim.

- Te achei vagabunda drogada, vem comigo, porque hoje o chefe vai ensinar pra todo mundo o que acontece com quem rouba no movimento. - Ele gritou e saiu me arrastanto pelo braço.

Enquanto ele me puxava, um outro homem também levava Luan. Assim que passamos pela porta da nossa casa, notei que muitas pessoas saiam de suas casas para tentar entender o que estava acontecendo. As pessoas me olhavam com deboche e somente alguns tinham pena do que iria acontecer.

- Leva arrastado esse comedia - Falou um dos homens armados para o outro homem que segurava Luan.

Em segundos eles jogaram Luan no chão e começaram a arrastar ele por um braço. O seu corpo frágil passava pelo chão das ruas da favela.

Naquele momento eu tiver certeza, esse seria sem dúvidas o meu fim.

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VICIADA (1° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora