Ano de 2017
Harry
Esse era o momento em que eu queria ser capaz de ser qualquer outra pessoa. Ter qualquer outra vida.
Se havia alguma maneira de reparar qualquer pecado que eu pudesse ter cometido, sem dúvida essa experiência devia ajudar. Era difícil se acostumar ao cansaço mantendo a aparência que que você está completamente – totalmente – feliz ali.
Não me entenda mal, Alexa era minha amiga e vir a sua exposição de fotografia era o mínimo que eu podia fazer por ela. Mas para mim cada dia parecia mais insuportavelmente cansativo do que o anterior.
Olhei a distância para os retratos depostos na galeria, imaginando as histórias que se passavam ali. Foi a forma que encontrei de abafar o fluxo de vozes me bajulando com algum interesse por trás. Fiz uma careta sutil, apenas um leve movimento no canto da boca. Nada que os outros fossem notar. Eu podia muito bem estar reagindo a conversa deles.
Nesse momento, uma garota se posicionou em frente ao retrato que eu fingia desvendar. Ela mexeu no cabelo comprido e escuro, passando os dedos por entre as mechas, se virou para mim, os olhos escuros brilhando por um segundo, então se virou para o quadro.
Do outro lado Alexa arrastava Camille, ao que parecia em minha direção. Me arrastei para longe de onde estava, parei do lado da garota que havia tampado a minha visão minutos atrás.
Foi um grande alívio quando elas desistiram de vir até mim. Eu não entendia porque Alexa ansiava tanto para me juntar com Camille. Tentei bloquear a lembrança de minhas recentes conversas com ela antes que aquilo me deixasse de mau humor.
Resolvi ouvir o que a garota conversava. Um tom avermelhado invadiu suas bochechas enquanto ela ria. Enquanto seus lábios se mexiam meu olhar ficou preso em seu rosto. Um dos rostos mais interessantes que já vi — as maçãs do rosto bem arredondadas, a boca um tanto arrebitada, e, combinados com uma pele levemente bronzeada, olhos escuros vívidos e algumas pintinhas em seu rosto eram visíveis de longe. O visual é quase exótico.
— Você já se depilou, no total, deixou como veio ao mundo? Aquilo dói para cacete — Ela falava apaixonadamente sobre suas recentes experiências na depilação. Sua voz saia meio enrolada por conta da bebida e consegui reconhecer um possível sotaque, mas ainda era muito cedo para descobrir de onde vinha.
Virei o rosto para esconder meu sorriso. Mas sem conseguir me conter volto a olha-la. Ela morde o lábio, e me pergunto se tem ideia de como é fácil ler suas emoções. Seus olhos revelam tudo, e isso é fascinante.
Era como se ela tivesse sido estrategicamente colocada neste lugar por alguém ou algo para me entreter.
Ela se vira para mim e me pega no flagra, prestando atenção na sua conversa. E para minha surpresa ouço uma risada baixinha. O tipo de risada inocente e não intencional que aparentemente desapareceu do mundo hoje em dia. Ela cobre a boca assim que ri, mas eu ouço. Ouço como se o som tivesse sido emitido diretamente no meu ouvido, reverberado profundamente em mim.
Eu me pego rindo, rindo de verdade, e ela ri junto. Sua risada é suave como algodão. Ela fica corada do pescoço ao peito, remexendo as mãos, e eu tenho a sensação de que ela está tentando decidir se deve me xingar por escutar sua conversa ou sair correndo daqui.
— Catherine! Vamos agora — Uma voz seca a faz dar um pulinho de susto. Ela se vira tão rápido que o movimento faz esvoaçar os cabelos que emolduravam seu rosto.
Ela, Catherine, deu as costas para mim e seguiu desesperada atrás da mulher dona da voz seca.
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Ever since Veneza | H.S
RomanceQuando o caminho de Catherine se esbarra com o do queridinho da música, Harry Styles, ela se vê totalmente envolvida e imersa em um mundo de shows e encontros românticos com a realeza da música. Mas em mundo obcecado por aparências e fama, estariam...