24 | Adeus Vogue, olá Live on tour

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Catherine

— Cathy? — Lana me ofereceu um sorriso e abriu caminho para dentro de sua sala — O que aconteceu para você aparecer no sombrio Brooklin em pleno domingo e... — acrescentou com um abraço apertado — no horário da sua soneca.

— Tinha que ter acontecido alguma coisa? Só quis vir visitar minha amiga — resmungo. Na verdade havia acontecido muita coisa. Harry apareceu e agora eu estava saindo da Vogue. Tinha acontecido grandes coisas.

Avanço até o sofá e me jogo. Estendo um braço ao longo do encosto do sofá e a chamo com o outro.

— Domingo de margaritas e aquela série francesa horrível? Solange? — Franzo o nariz ao lembrar do último episódio que assisti com ela — O que aconteceu desde a última vez que assisti?

— Tá vendo aquele cara ali de bigode? Aquele é o Antoine. Está seguindo a Solange — Inspiro o ar de forma exagerada — Mas, no último episódio, descobrimos por que ele tá fazendo isso, e não é para uma transa.

— Então por que ele tá dando uma de psicopata?

— Porque a mãe dela tá pagando para ele fazer isso.

Nos últimos quarenta minutos assistindo a seria, Solange e Antoine se pegaram. E o episódio terminou com uma Solange enlouquecida, ameaçando Antoine com um abridor de cartas junto do pescoço dele.

— Deus, essa série é ridícula — exclamo, enquanto Lana se debruça sobre a mesa de centro para completar nossas margaritas.

— Sei que não veio aqui para participar do meu domingo Solange e margaritas...quer falar comigo, e é importante. Se não fosse, me mandaria suas mensagens de voz extensas.

Em resposta, envolvo meus lábios em torno do canudo e bebo minha margarita, tanto quanto a minha boca permite. Lana olha para mim de forma totalmente indiferente e impaciente. Acho que preciso de uma boca maior. Caberia mais álcool nela.

Quando continuo chupando o canudo, ela estende a mão e arranca o plástico dos meus lábios.

— Ei, espaço pessoal — murmuro, baixando o copo. Quanto mais rápido eu tiver o canudo na boca novamente, mais cedo poderei evitar essa conversa um pouco mais.

— Não desvie do assunto. Você é péssima nisso — Nossos olhos se encontram, um segundo se passa, antes de soltar a tempestade de novidades.

— Pelo visto, eu também sou péssima em tomar decisões.

— Que decisão, Catherine?

— Eu me demiti da Vogue.

— O QUE? Você só pode estar brincando...Você trabalhou duro lá, desde que te conheço, e estava quase conseguindo o cargo de editora chefe.

— Isso se Anna não puxar meu tapete e colocar alguém da Vogue francesa  — bebi mais um longo gole antes de voltar a falar — Que se dane Lana. Que se dane Paris Fashion week, Milão Fashion week e os "estou tão gorda". Que se dane todas as pessoas que acreditam que o comportamento de Anna se justifica porque ela ser quem é — Que se dane por chegar a pensar que eu me parecia com ela. E mais do que tudo, que se dane por estar certa. Para que diabos eu estava ali, trabalhando mais de 18 horas por dia, sendo diminuída, sentindo uma pressão filha da puta? Para que talvez, apenas talvez, eu também pudesse estar nessa posição de chefia dali a cinco anos, acompanhada de uma assistente que me abominaria, cercada de hordas de pessoas que fingiriam gostar de mim porque precisavam disso.

— E o que você vai fazer? Você ao menos sabe que jogou sua carreira na Vogue no lixo né? Anna nunca mais vai sequer olhar para você.

Eu dou de ombros, desviando do assunto de novo. Lana não está exatamente errada, ao menos sobre Anna. Ela levanta as sobrancelhas em expectativa.

Ever since Veneza | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora