12 | Convites

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Harry

Será que ela vai desmaiar? O que eu faço? Eu estava em pânico.

Seus olhos estavam fechados, a pele tinha ficado branca como a de um cadáver.

— Cathy? — Não houve nenhuma mudança em seu rosto quando chamei por ela. Meu corpo inteiro ficou frio — Cathy. Pode me ouvir?

— Não — balbuciou ela. Senti um alívio tão extraordinário que me fez rir. Atônita, abriu os olhos de uma vez só — O que você está fazendo aqui em Nova York? E exatamente naquela rua? — perguntou com uma voz fraca, novamente constrangida, ao menos foi o que supus por sua expressão.

— Você está horrível — falei, incapaz de conter um sorriso malicioso, pois não havia nenhum problema com ela. Catherine estava linda como sempre.

— Me responda Harry — disse ela.

— Então você tem ataques de pânico com multidões? — Esquivei mais uma vez da pergunta, não podia dizer que estava seguindo ela. Catherine fechou os olhos e comprimiu os lábios. — E nem precisam estar te xingando — acrescentei, ampliando meu sorriso.

Uma perversa ironia do destino. Tentei disfarçar o riso com uma tosse. Meu gesto fez Cathy focar a atenção em mim.

— Qual é a graça? —Olhei-a diretamente nos olhos e menti com a maior convicção.

— Seu namoradinho irritado comigo — Outra mudança no rumo da conversa, isto era divertido.

— Não sei de quem está falando — disse ela com frieza. — Mas tenho certeza de que está enganado.

Gostei muito que ela o tivesse rejeitado com uma só frase que demonstrava tanta indiferença.

— Então deve avisar isso a ele, porque Christian parecia pensar em mil maneiras de acabar comigo enquanto te tirava de lá.

— Você tinha razão — balbuciou Catherine, fechando os olhos.

— Em geral tenho — concordei — Mas sobre o que especificamente desta vez?

— Eu deveria mesmo te xingar de todos os nomes ruins em que conseguir pensar, em todas as línguas que eu conhecer — disse ela, suspirando.

Então ela ficou em silêncio. Só continuou respirando lentamente. Seus lábios começavam a ficar rosados. A boca estava ligeiramente desnivelada, o lábio superior só um pouco inchado para se igualar ao inferior. Encarar a boca de Catherine fez com que eu quisesse me aproximar mais dela.

— Coitado do Christian — disse ela, suspirando. — Aposto que ele ficou irritado. Deixei ele para trás outra vez, e por você...de novo.

A fúria começou a pulsar dentro de mim, mas logo a contive. Sem dúvida ela só estava preocupada por compaixão. Era bondosa. Só isso.

— Ele realmente me odeia — contei para ela, animado com a ideia.

— Você não tem como saber.

— Eu vi a cara dele... Sei que me odeia.

— Obrigada — disse, sorrindo para mim. — Quase esqueci de agradecer pelo resgate.

— Disponha — respondi

Ela parecia mais relaxada, observando a cidade assim como eu, sem prestar muita atenção.

— O que acha de ir para minha casa? Acho que seria mais seguro, por enquanto — sugeri.

Na verdade, não fazia diferença alguma, eu só não estava pronto para deixa-la. Precisava de mais tempo com Catherine.

Ever since Veneza | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora