50 | Depois do sim

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Catherine

Abri minha porta antes mesmo de raciocinar direito. Atravessei o mais rápido que pude o corredor do hotel, segurando a barra do vestido e rezando para não cair. Empurrei uma mulher para fora do caminho me desculpando, ela precisava entender. Corri prestando pouca atenção a qualquer coisa que não fosse ver ele. Em tempo recorde estava fora do hotel.

Agora eu podia vê-lo. E ele não podia me ver. Era ele mesmo. Harry estava de pé, a apenas alguns metros da entrada do hotel. Sua expressão estava muito tranquila, como se estivesse tendo sonhos agradáveis. Mesmo enquanto eu corria, ofegante, pude perceber, que eu jamais desejaria nada a não ser ele, não importa o quanto vivesse.

Eu me choquei contra Harry com tanta intensidade que a força teria nos atirado no chão se os braços dele não tivessem me agarrado e segurado. Perdi o fôlego e minha cabeça pendeu para trás. Seus olhos verdes brilhavam para mim. Ele me ergueu no ar e seus lábios encontraram os meus. Tive de lembrar a mim mesma para respirar. Seus lábios não eram ansiosos, mas entusiasmados, ele parecia tão emocionado quanto eu.

O Beijo falou por si. Implorava. Foi lento e profundo, entre gemidos abafados vindo de nos dois. Nossas línguas se entrelaçavam urgentes, quentes. A doçura da boca de Harry era um deleite de sensações.

Ele intensificou o beijo, mudando de ângulo, contornando meus lábios em uma sútil provocação. Minhas mãos emolduravam seu rosto, nos unindo ainda mais.

O beijo foi interrompido quando nos dois precisávamos de ar. Enquanto recuperava o oxigênio, Harry depositou vários beijinhos no canto de minha boca, nariz, testa...

Com um riso baixo, ele me afastou, segurando-me à uma curta distância.

— Senti tanto sua falta — ele diz com dificuldades para respirar.

— Também senti a sua — murmurei quase incoerentemente.

— Sou seu. — Ele sorriu, sustentando meu olhar. Passei os braços em seu pescoço e selei nossos lábios. — Quero você só para mim.

— Você quer? — sussurrei com a voz tomada de dúvida.

— É claro que quero, se não a quisesse, porque pediria para casar comigo? — Ele deu uma risada. — Vim ate Paris para isso.

Seus braços me envolveram e ele inspirou no meu pescoço e começou a me beijar ali de uma forma que devia ser crime.

— Acho que você quer sua aliança de noivado agora, não é? — Ele remexeu em seu bolso e em sua mão havia uma caixinha preta.

Pegar a caixinha inofensiva foi mais difícil do que devia, tentei evitar que minha mão tremesse. A superfície era de cetim preto e macio. Passei os dedos nela, hesitando.

— Você não gastou muito dinheiro, não foi? Minta para mim, se gastou.

— Não gastei nada — garantiu-me ele — Esta foi a aliança que meu pai deu à minha mãe.

Ergui, hesitante, a tampa. Aninhada no cetim preto, a aliança de Anna cintilou na luz fraca. A face era um oval longo, com filas oblíquas de pedras redondas e cintilantes. O aro era de ouro branco, delicado e estreito. O ouro tecia uma trama frágil em torno dos diamantes. Eu nunca tinha visto nada assim. Sem pensar, afaguei as gemas reluzentes.

— E tão linda! — murmurei para mim mesma, surpresa.

— Você gostou?

— É linda. Como não gostaria? Eu gostaria ate se você me desse um anel de papel.

Estendi a mão para a aliança, mas os dedos longos dele foram mais rápidos. Ele pegou minha mão esquerda e passou a aliança no lugar. Estendeu minha mão e nós dois examinamos o oval cintilante em minha pele.

Ever since Veneza | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora