08 | Diga seu preço

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Harry

Fiquei com o rosto pouco centímetros do dela, observando-a por alguns minutos. Uma mecha de cabelo lhe caiu sobre a bochecha e os lábios. Sua respiração suave fazia com que os fios vibrassem. Com muito cuidado, de forma lenta e suave, tirei a mecha do seu rosto e a coloquei atrás da orelha; sua pele me pareceu seda entre os dedos.

Seu rosto exposto me hipnotizava.

Minha respiração acelerou de expectativa e meus lábios se separaram levemente. Ela era linda, incrivelmente bela. Apesar de parecer cansada e exibir olheiras leves, estava deslumbrante. Esfreguei minha bochecha contra a dela, e rocei meus lábios pelo seu rosto.

Meus olhos ficaram mais focados, para absorvê-la por inteiro. Impossível dispersar a imagem dela. Está impregnada em minha mente. O sangue circulou mais depressa pelo meu corpo, acelerando meu coração.

Aquela boca. Eu beijaria aquela boca de novo. Ela beija como se pudesse matar alguém com aqueles lábios, e sou suficientemente suicida para querer aquela porra de beijo novamente.

— Acho melhor você ir Harry — ela sussurra.

— Eu realmente estraguei tudo dizendo que gosto de você? Qual é Cathy eu não disse que te amo — Passo os dedos entre seus cabelos.

— Eu só não quero me acostumar com isso. Com você. Porque se você ficar me fazendo carinhos, vou me acostumar com isso e, antes que me dê conta, você vai me deixar... — diz ela, com o coração apertado. Então era isso, ela tinha sido machucada por alguém — Você é... Você não é um cara normal, nem... nem essa situação é normal. Eu sou apenas a mulher que você está no momento. Depois vai achar outra para idolatrar e vai dizer exatamente as mesmas coisas.

Catherine havia se inclinado e estava com o braço ao redor da minha cintura, sua orelha encostada no meu peito e minha mão espalhada ao longo das suas costas. O anel que uso no polegar está em contato com sua pele, traçando pequenos círculos em volta das vértebras da sua coluna.

— Gosto de ficar assim com você. Vai ter que se acostumar com isso — murmuro para ela — Mas para não te assustar demais que tal eu passar a noite aqui, canto uma canção de ninar enquanto faço carinho em seus cabelos, até você pegar no sono. Amanhã te levo no aeroporto e tudo isso fica só entre a gente. E se for da sua vontade nos encontramos de novo.

— Canção de ninar? Carinho no cabelo até dormir?

Ela se aninhou em mim, mais próxima do que antes, então parou de se mexer e suspirou. Imaginei se cairia no sono assim, nos meus braços.

— Então não quer que eu cante para você dormir? O que quer fazer? — quis saber — Quer que eu vá embora? — sugeri, embora eu realmente odiasse a ideia.

— Não — Então me aproximei ainda mais dela — Quero saber de você. Me conte qualquer coisa que me faça sentir que sei mais de você que o resto do mundo. Todo mundo conhece seu rosto. Todo mundo conhece sua voz. Mas nem todo mundo sabe quem você realmente é.

Hmmm, pensei comigo mesmo. Se era isso que ela queria, era isso que ela iria ter.

— Minha mãe costumava cantar canções de ninar para fazer Gemma e eu dormirmos. Ela acariciava meu cabelo e ficava comigo até eu pegar no sono. Quando eu não conseguia dormir, ela dizia para eu me imaginar em uma bolha voando sobre o mar. Eu fechava os olhos e flutuava, ouvindo as ondas. E olhava para a água lá embaixo. Quando a bolha estourava, eu ouvia a voz dela, me envolvendo numa nova bolha.

— Gemma é sua irmã, certo?

— Sim. Quer que eu conte mais? — Catherine apenas concordou com a cabeça e ficou esperando minha próxima história.

Ever since Veneza | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora