38 | Manchester - A caminho do fim

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Harry

Estava nervoso. Não, nervoso não era bem a palavra. Talvez, ansioso? Perdido? Era mais perto disso...E essa sensação me matava lentamente.

Desde que Mor deixou minha casa eu não conseguia parar de pensar no que ela ia fazer. Eu tinha tanto a perder com essa história.

Jeffrey fez suas ligações para que ninguém aceitasse publicar as fotos ou qualquer notícia que viesse, todos disseram que tudo bem mas como ele e eu sabíamos, eles não eram confiáveis. Por um momento gostava de pensar que Morgana tivesse desistido da ideia mas isso também era pouco provável.

Eu fitava meu celular esperando por quaisquer sinais. Sinais que tudo ficaria bem ou se explodisse de vez.

Todo o meu corpo tremia, a minha alma estava se afogando dentro de mim mesmo, eu tinha que dar um jeito, tinha que ter algum poder de mudar as coisas.

Cathy parecia muito cansada, tão perdida quanto eu, a diferença era que eu recusava a demonstrar.

Atirando as roupas e o sapatos em um canto qualquer, deitou-se na cama de lingerie, sem se preocupar com o banho. Deus, como eu amava aquela mulher. Eu não suportava ideia de alguém a machucando, e foi por isso que perdi o controle com o paparazzi.

Mas isso pouco me preocupava agora. As fotos que foram tiradas, o que poderia ser a quebra do contrato, a traição de Mor...e como isso afetaria a mim, as pessoas que trabalhavam comigo e principalmente a Catherine. Como isso afetaria nossa relação?

Imagino que seja essa a sensação de ser cortada por uma lâmina sem corte e coberta de ferrugem. Não é afiada o suficiente para cortar rapidamente, e há cem por cento de chance de a ferida infeccionar.

— Está tudo bem? — ela perguntou. Admirei a forma como a luz atingia a pele ali, acentuando uma área e escurecendo outras, os cabelos escuros caindo como cascatas de em suas costas. Sorri e como um bom mentiroso, respondi:

— Sim, tenho você comigo, acho que ficarei bem. — Ela sorriu, e se sentou desanimada. Era minha vez de perguntar a ela — Você está bem?

— Vou ficar. Quem sabe um banho ajude — Catherine então caminhou para o chuveiro.

Como contaria a ela que toda essa incerteza estava acabando comigo? Não poderia deixar que ela enfrentasse isso. Que se culpasse. Eu era plenamente capaz de resolver isso sozinho.

Pensava em Mor e Camille e a ligação direta que Mor tinha com tudo isso: ela era a responsável por me vigiar durante a turnê. Uma pessoa em quem eu confiei era uma traidora.

Meu estômago embrulhou brutalmente, pois era algo tão sujo que me enojava. Eu estava tão desequilibrado quanto um edifício com as estruturas abaladas.

Senti como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros quando ouvi Catherine cantando no chuveiro, uma de minhas músicas.

Quando ela saiu do banheiro após o seu obscenamente longo banho, meus olhos caíram nos seus. Mas os perdi para o meu celular, onde uma mensagem de Jeffrey brilhava na tela.

Todo o sangue foi drenado do meu rosto e desceu para o estômago, onde ferveu e se agitou.

— Porra — Inalando uma respiração profunda, Catherine olhou para mim em silêncio por longos momentos. A tensão no quarto triplicou a cada segundo que passava. O ar frio tomou conta de minha pele, me refrigerando, e cada gota de água que caía do cabelo de Catherine em sua pele parecia uma perfuração de gelo em seu corpo. Ela começou a tremer. Vendo o seu medo, dei um passo em sua direção — Vazaram tudo — Ela balançou a cabeça, incapaz de falar ainda. Engoli o caroço na minha garganta, e consegui falar — Amor...

Ever since Veneza | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora